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Cresce o Terço dos Homens no Brasil

tercodoshomens 1Tenho grande satisfação de comemorar, mais uma vez, o crescimento contínuo do Terço dos Homens em todo Brasil. Na 10ª Romaria do Terço dos Homens ao Santuário de Aparecida, nos dias 16 e 17 de fevereiro passado, com participação de mais de 70.000 pessoas, pela primeira vez, contamos com a presença de grupos de, praticamente, todos os Estados da Nação brasileira, do “Oiapoque ao Chuí”, do “Pantanal ao Rio de Janeiro”. Também pela primeira vez, houve necessidade de celebrar a Missa no pátio externo, na chamada Tribuna Bento XVI, pois a multidão já não cabe no interior do Santuário.

É algo que chama a atenção ver esta multidão de homens, adultos, jovens, idosos e até crianças, unidos na celebração, cantando e rezando com devoção. É emocionante ver meninos com as mãos dadas a seus pais, alguns nos ombros, outros nos braços, todos com o Terço nas mãos. Encontramos muitas esposas que agradecem pela conversão de seus esposos e filhos.

Impressionam-me também as iniciativas que muitos grupos, espontaneamente, vêm descobrindo para a ação de solidariedade com os mais pobres. Alguns assumiram direção de asilos de idosos, entidades em crises financeiras, outros fazem visitas regulares a enfermarias, atendem aos pobres da rua e se organizam em outras atividades sóciocaritativas. Neste aspecto, pode se crescer ainda com a orientação da Igreja local.

Outra característica destes grupos é a forma de praticar esta oração, de maneira comunitária, às vezes com centenas, em alguns casos além de mil homens, uma vez por semana, com cantos apropriados, com referências bíblicas entre as dezenas, o que os ajuda na contemplação dos passos da vida de Cristo e de Maria. Isso se realiza como uma verdadeira catequese cristológica. Desta forma, se concretizam as inspirações de São João Paulo II, na Exortação Apostólica “Rosarium Virginis Mariae” (16.10.2002), no sentido de rezar o Terço como verdadeira oração contemplativa do rosto de Cristo, aos olhos de Maria.

Muitos grupos vão assumindo o costume, em ocasiões especiais, de reunir as famílias para a oração comunitária do Terço, sobretudo nas semanas do dia das mães, em maio, e dia dos pais, em agosto. Há também experiências de rezar o terço com inspiração missionária no mês de outubro.

Dia 21 de abril, estive em Campo Grande-MS para uma concentração do Terço dos Homens daquela Arquidiocese. Em novembro passado, fui a Manaus, quando aconteceu um grande encontro. Ano passado estive também na Diocese de Óbidos-PA, Igreja-Irmã da Arquidiocese de Juiz de Fora, onde temos padres e leigo em missão, tendo nossa Arquidiocese assumido ali uma paróquia. Lá estando, tive oportunidade de acolher uma festiva concentração do Terço dos Homens, com mais de uma centena de participantes num evento paroquial. Causou-me admiração verificar que muitas daquelas pessoas viajaram longas horas de barco ou de motocicleta para participar deste momento oracional e formativo à noite, retornando logo em seguida para suas comunidades de origem, madrugada adentro. Que exemplo!

O Rosário mariano é uma oração da Igreja que, há mais de 800 anos, vem atravessando os séculos como prática do clero, dos monges, dos religiosos e de todo o povo, como genuína piedade cristológica e mariológica.

Atualmente a extraordinária acolhida desta prática oracional entre os homens vem nos surpreendendo a cada dia, constituindo grande oportunidade e campo para a ação evangelizadora e santificadora da Igreja.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
Bispo referencial da CNBB para o Terço dos Homens

Páscoa, vitória da Cruz

AdobeStock 136364712-890x680O cristão é chamado a iluminar a sua experiência humana com a luz do mistério pascal. Sua vida ganha sentido quando compreende que o desafio de todos os dias é deixar a morte e a ressurreição de Cristo iluminarem sua própria vida. Isto comporta um estilo de fé pascal que penetra todas as dimensões da existência humana.

Pessoalmente, cada um há de se perguntar sobre a própria disposição para morrer e ressuscitar nas relações familiares, em meio à labuta do trabalho, no contexto dos projetos pessoais. Tantas vezes temos muita dificuldade em perder, em aceitar mudanças, em acolher as surpresas. Diante das dificuldades julgamo-nos, às vezes, abandonados por Deus.

Dom Hélder Câmara aconselhava: “Aceita as surpresas que transtornam teus planos, derrubam teus sonhos, dão rumo totalmente diverso ao teu dia e, quem sabe, à tua vida. Não há acaso. Dá liberdade ao Pai, para que Ele mesmo conduza a trama de teus dias...”. Edith Stein, afirmava: “Não sei para onde estou indo, mas sei que Deus está me conduzindo”.

O autoesvaziamento cotidiano é o sinal pascal de nossas vidas. Se Aquele que foi crucificado não está mais na cruz, no entanto não deixou de ter em suas mãos e em seus pés as marcas dos cravos. O Ressuscitado é o Crucificado. A cruz como símbolo dos cristãos está a indicar que o mistério da paixão, morte e ressurreição nos acompanha dia e noite. Viver de modo pascal significa abraçar todos os dias o mistério da cruz com os olhos fixos n’Aquele que a venceu. Cristo ressuscitou e venceu a morte!

Não apenas ontem, mas hoje e para sempre. Assinalados pela cruz de Cristo já no batismo, haveremos de viver toda nossa história como o Senhor nos indicou: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mc 8, 34). A autenticidade da vida cristã se mede pelo ato de abraçar a cruz e de vencê-la com Cristo.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Os Efeitos da Ressurreição de Cristo

Cristo ressuscitou


Diante de Anás de Caifás, Pedro faz uma profissão de fé. Depois de ter curado o paralítico na Porta Formosa do templo de Jerusalém, dizendo "ouro e prata eu não tenho, mas o que tenho te dou: em nome de Jesus Cristo, o nazareno, levanta-te e anda" (cf At 3,1-10), passou a ser vítima de perseguição das autoridades judaicas. Mas, com coragem, diz: "este homem está curado diante de vós, é por meio do nome de Jesus Cristo, o Nazareno, que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos" (At 4, 10).

A cura feita, sabiam, era obra de Cristo, não de Pedro, pois somente Deus tem o poder de realizar milagres, podendo fazê-lo pela intermediação dos santos.

Vê-se uma série de efeitos. A coragem inesperada de Pedro e dos demais apóstolos, antes medrosos, acanhados, agora sem medo algum e sem nenhuma preocupação sobre o que lhes poderia acontecer, nasce da convicção plena da vitória de Cristo sobre a morte. Agora os discípulos, sem receios, anunciam e denunciam, falam abertamente sobre os fatos, ao ponto das autoridades judaicas contrárias à atuação deles, chegarem à admiração, como afirma o texto sagrado: "os interrogadores ficaram admirados ao verem a coragem de Pedro e João, sendo eles pessoas simples e sem instrução” (cf At 4, 1- 37). Arrastavam multidões, ao ponto de as próprias autoridades dizerem: "Eles realizam milagres notórios" (At 4, 16).

As palavras de Pedro diante da autoridade eram uma verdadeira profissão de fé em dois sentidos: a certeza de que Cristo havia ressuscitado e a convicção plena de que Cristo continuava agindo como antes, entre eles. Agora com um corpo, ao mesmo tempo natural e sobrenatural, prossegue fazendo milagres como anteriormente.

A comunidade cristã sempre acreditou, ensinou e propagou estas duas verdades. Portanto, é efeito da ressurreição a celebração da Eucaristia que os que creem em Cristo celebram cotidianamente, desde aquele 'primeiro dia da semana', quando o Senhor apareceu vivo aos apóstolos por diversas vezes. Cada Missa é renovação daquilo que, por místico e divino, não está preso nem ao espaço e nem ao tempo: a vida, a morte e a ressurreição de Cristo.

É efeito da ressurreição o ato da instituição do sacramento da reconciliação, quando Jesus, naquele mesmo dia, visita os Apóstolos fechados no Cenáculo por medo dos judeus, e lhes diz: "A paz esteja convosco... Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados, àqueles a quem os retiverdes, eles serão retidos" (Jo 20, 22-23). Tal gesto marca a liturgia do segundo domingo da Páscoa, quando se lê este trecho do evangelho, distinguindo a data com o título de Domingo da Misericórdia.

É também efeito da ressurreição o aumento da fé, visualizada na experiência de São Tomé que não acreditou no testemunho dos discípulos sobre a ressurreição de Cristo. O Senhor, paciente e bondosamente, comparece, oito dias depois, no mesmo lugar, para dar ao Apóstolo incrédulo a certeza da sua revitalização, pedindo–lhe que tocasse com sua mão as suas chagas. "Não sejas incrédulo, Tomé, mas tenha fé... Creste porque me viste? Bem-aventurados os que creem sem terem visto" (cf Jo 20, 24-29).

Os efeitos da ressurreição agem também nos discípulos que passaram a ter consciência de partilha e de desapego das coisas materiais, ao ponto de repartirem todos os seus bens com os demais membros da comunidade, não havendo mais pobres entre eles, como está escrito: "A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava suas as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum" (At 4, 32).

Por fim, o efeito maior da ressurreição é a certeza de que a vida não termina com a morte, e nem se definha com a sepultura, pois fomos criados não para morrer, mas para viver eternamente na casa do Pai, onde reinam a felicidade plena e a paz perpétua.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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