chamada blog

Nota do Arcebispo Metropolitano sobre evento supostamente ligado a arquidiocese

Nota-do-arcebispoAviso que está havendo uma divulgação de um encontro de “Fé e Política”, a ser realizado amanhã, dia 26, no Sindicato dos bancários.

Quero avisar que esta promoção não é da Arquidiocese, que tem sua Comissão Arquidiocesana de Fé e Política que não é a promotora de tal evento. A propaganda feita de forma enganosa, sem nenhum conhecimento do Arcebispo, é um ato antieclesial.

Peço a tais grupos paralelos que não perturbem nosso ideal de ter uma Igreja que pretende caminhar em espírito sinodal, em sintonia com o Papa Francisco, e com a CNBB. O paralelismo eclesial e a forma enganosa de divulgar eventos não tratados com a Igreja Local, sob a autoridade legítima de seu Pastor, não contribui com a paz, nem com a justiça e nem com a comunhão da Igreja Particular.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Peregrinando nos caminhos do Senhor

Foto-do-grupo-na-Entrada-do-Santo-Sepulcro-Jerusalém-e-Basílica-750x430Entre os dias 13 e 27 de setembro, a Arquidiocese de Juiz de Fora esteve em peregrinação à Terra Santa e a alguns santuários italianos. Contando com 55 pessoas, sendo nove de outras (arqui)dioceses, a nossa Igreja Particular promoveu e realizou verdadeiro Exercício Espiritual, nos lugares santos por onde Jesus andou, pregou, morreu, deu a sua vida por nós e ressuscitou.

Na condição de Diretor Espiritual, conduzi as orações, meditações, reflexões bíblicas, e pude ainda dar algumas informações históricas para o grupo, ajudado por quatro sacerdotes: os padres Johnson Ferreira Mury; Sebastião Alves (Arautos do Evangelho); Dione César de Oliveira Goulart, Pároco de São José, de Bicas (MG); e João Luiz Moreira, que é meu irmão de sangue, Pároco de São Bento de Itapecerica (MG).

Fomos direto a Nazaré, onde encontramos a casa descoberta pelas escavações arqueológicas, na qual Maria recebeu o anúncio do Anjo Gabriel. Causa emoção ler na artística pedra de mármore sob o altar: “Hic Verbum caro factum est” (Aqui o Verbo se encarnou). Neste lugar sagrado, nos inclinamos para venerar o momento que mudou toda a história da humanidade: a intervenção direta de Deus para a nossa salvação.

Ali, celebramos solenemente a Oração do Angelus, ao qual eu pude presidir a convite de Frei Bruno Varriano, grande sacerdote Franciscano ítalo-brasileiro que reside, há anos, em Nazaré como Guardião de várias cidades da Galileia. Ele se tornou nosso verdadeiro anjo tutelar na Terra Santa.

Tivemos ainda a oportunidade de celebrar a missa e visitar a casa de São José, onde os arqueólogos encontraram sinais de carpintaria. Depois, visitamos Cafarnaum e as cidades que estão ao redor do Lago de Tiberíades, local em que Jesus viveu durante praticamente três anos.

Vários relatos bíblicos foram lidos ao redor do lago de Genesaré. Para mim, pessoalmente, é um local significativo, porquanto abriga o espaço em que Pedro fez seu último colóquio com Jesus, sobre seu amor para com Ele.

Cristo pergunta, por três vezes, a Pedro: ‘Tu me amas?’; e ele responde: ‘Tu sabes tudo, sabes que eu Te amo’, e Jesus manda-o apascentar as Suas ovelhas. Foi deste diálogo que eu quis tirar o lema do meu episcopado: “Sabes que Te amo”. No mesmo local onde São Pedro fez a profissão de fé que compartilho, eu quis rezar em ação de graças pelos meus 20 anos de bispo, que completo no dia 16 de outubro, antecipadamente.

Nessa romaria arquidiocesana, nós rezamos por muitas outras intenções: pela nossa Arquidiocese, que está preparando o seu II Sínodo; pelo Sínodo da Amazônia, que o Papa vai presidir em outubro, em Roma; rezamos por todas as pessoas que fazem aniversário no meses de setembro e outubro; pelas (arqui)dioceses ali presentes; pela Igreja.

Visitamos muitos outros lugares, mas um lugar significativo foi Jerusalém, onde terminamos a nossa visita. No Santo Sepulcro, túmulo da Ressurreição, tivemos a oportunidade de entrar solenemente e celebrar a missa em latim, com pede o ritual do local. Não há nada lá, a não ser um altar. O corpo de Cristo não está ali; ressuscitou, está no céu. Mas Ele está agora misticamente em cada missa que ali se celebra. Foi um momento emocionante, muito agradável, que nos encheu o coração de amor e fé a Deus, nosso Senhor.

Também visitamos o Cenáculo, a casa da dormição de Maria, o local em que Jesus ensinou o Pai Nosso, o Monte Ain Karin – onde Maria encontrou-se com Santa Isabel -, e muitos outros lugares. Ainda em Jerusalém, terminamos nossa visita com uma Via-Sacra feita no caminho em que Cristo teria passado há dois mil anos, carregando a Sua cruz. E celebramos vitoriosos a Sua ressurreição, porque Ele não permaneceu na cruz, mas ressuscitou e está vivo para sempre.

Da Terra Santa, fomos para a Itália visitar alguns santuários, recordando a expansão do Cristianismo sobretudo através de Pedro e de Paulo, que foram para Roma e, daí, propagaram a fé para muitos outros lugares. Primeiramente, fomos ao Santuário de São Francisco de Assis e Santa Clara, na cidade de Assis. Visitamos a Porciúncula, palavra que significa “pequena porção de terra”, onde há uma igrejinha que São Francisco reconstruiu a pedido de Nosso Senhor, e onde ele esteve com seus primeiros frades. Fomos ainda à Cássia visitar o Santuário de Santa Rita, e a Lanciano, onde se guarda a relíquia do Milagre Eucarístico. Depois, percorremos vários lugares de Roma, sobretudo as suas quatro basílicas: São Pedro, São Paulo Fora dos Muros, Santa Maria Maior e São João de Latrão, na qual celebramos a última missa da viagem.

A peregrinação arquidiocesana de Juiz de Fora à Terra Santa e a alguns santuários italianos representou muito para o nosso grupo. A avaliação foi positiva e o que nós queremos é que nosso Senhor, pela força de Seu sangue derramado, a Sua morte e ressurreição, abençoe a Igreja Particular de Juiz de Fora, para que sejamos cada vez mais capazes de entender a Sua Palavra e entusiastas na sua divulgação.

Que a nossa Arquidiocese seja abençoada sempre! Que brilhe sobre nós a luz da ressurreição, vencendo as trevas do erro e do pecado, dos obstáculos e das dificuldades que se possam colocar neste mundo de hoje contra a palavra de Cristo. Voltamos muito mais fortes, por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém!


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

As Igrejas que compõem a unidade Católica

cupula-sao-pedro-1Quando Cristo rezou prevendo sua morte, pediu ao Pai, por três vezes, a unidade de seus seguidores. Tal oração encontra-se no evangelho de São João, onde se pode ler: “Pai, que todos sejam um, como eu e Tu, para que o mundo creia” (cf Jo. 17, 21). Na força desta oração, tem origem o termo Católico, cuja raiz está na língua grega (Katolikòs) que significa universal, totalidade, unidade de um povo.

Quando nos referimos ao termo Católico, normalmente pensamos na Igreja latina, sem nos recordarmos que, além do rito romano, há muitas outros que compõem a catolicidade da Igreja. Na verdade, existem hoje 24 igrejas sui iuris, ou seja, com organização própria tanto no seu ordenamento jurídico como na liturgia, mas todas unidas na comunhão romana, com a mesma doutrina, e reconhecendo o Papa como legítimo Sucessor de Pedro, prestando-lhe obediência.

De fato, a Igreja do rito latino, ou romano, é a maior em número, abrangendo todo o Ocidente e algumas áreas orientais. Muitas outras, porém, existem com certa autonomia em suas expressões e em sua organização interna. As mais conhecidas, no Brasil, são as dos ritos melquita, ucraniano, ortodoxo católico, além da Igreja Maronita, a Igreja Armênica.

O Concilio E. Vaticano II publicou o Decreto Orientalium Ecclesiarum com normativas para as Igrejas Orientais e diz em sua introdução: “A Igreja Católica aprecia as instituições, os ritos litúrgicos, as tradições eclesiásticas e a disciplina cristã das Igrejas Orientais. Com efeito, ilustres em razão da sua veneranda antiguidade, nelas brilha aquela tradição que vem dos Apóstolos através dos Padres e que constitui parte do patrimônio divinamente revelado e indiviso da Igreja universal”.

Porém, o termo Sui Iuris não foi usado pelo Concílio, que se refere às Igrejas Orientais como Ritos e teve certo cuidado ao usar o termo Igrejas Particulares referindo-se a elas, reconhecendo nelas algo específico em relação às dioceses do rito latino. As Igrejas sui iuris, agindo em comunhão plena com o Bispo de Roma, reconhecem nele não só símbolo, mas garantidor e responsável pela unidade entre os cristãos, pela autoridade que lhe cabe tanto nas áreas administrativas quanto teológicas.

No Codex Iuris Canonici Ecclesiae Orientalis, promulgado a 8 de outubro de 1990, pelo Papa João Paulo II, o termo aparece para designar tais grupos de cristãos organizados no Oriente de fortíssima tradição histórica, cujas bases se encontram na primitiva organização eclesial dos cinco patriarcados – Roma, Constantinopla (ou Bizâncio), Jerusalém, Antioquia e Alexandria – que já reconheciam o primado da Igreja de Roma.

Unidos como autênticos irmãos de várias tradições, vivendo em paz e harmonia com o Sucessor de Pedro, os cristãos reunidos numa única Igreja Católica, prosseguem seu caminho rumo à Igreja celeste, onde prevalece a mais perfeita unidade, na comunhão perpétua dos santos, regida pela Trindade Santíssima.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Arquivos

Tags

  1. Facebook
  2. Twitter
  3. Instagram
  4. Video