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Diáconos: servos do altar e dos pobres

São-LourençoO modelo do diácono na Igreja é Cristo, o eterno Diácono do Pai. Todo Ministério Ordenado é como a atualização do ministério do Filho de Deus, nosso Salvador. Quanto ao termo, diácono significa servidor, tendo origem etimológica no idioma grego.

O ministério diaconal foi instituído pelos Apóstolos, quando, tendo aumentado muito o número dos adeptos da fé em Cristo, se viram super atarefados com o serviço aos pobres, não lhes sobrando tempo para rezar e para a pregação da Palavra (cf. Atos 6). Escolheram sete homens de comprovada virtude, cheios do Espírito Santo, entre os quais, Estêvão, que foi depois o primeiro mártir do cristianismo (cf. Atos 7). Entre estes, havia também um que não era judeu de nascimento, cujo nome era Nicolau, o que demonstra a abertura da fé cristã para todos os povos. Nestes primeiros sete, os diáconos se espelham para viverem seu ministério.

Muitos diáconos se santificaram na história. No dia 6 de agosto do ano de 258, o Papa Sisto II foi martirizado com quatro diáconos da Diocese de Roma, pela perseguição do Imperador Valeriano. Quatro dias depois, ou seja, no dia 10, foi também sentenciado, com pena de morte, o Diácono Lourenço, que era ecônomo da comunidade. O Imperador não o executou junto aos demais, porque ambicionava usurpar o dinheiro da Igreja; porém Lourenço já havia repartido todo o patrimônio com os pobres. Ao ser intimado pelos juízes do Imperador a entregar os bens eclesiásticos, apresentou os pobres dizendo: “Eis a riqueza da Igreja”. Foi esta a palavra decisiva para que o Imperador, cheio de ódio, o mandasse sacrificar em uma grelha incandescente, colocada sobre um braseiro. Conta-se que Lourenço suportou com tanta fé, amor a Deus e união a Cristo, que teria conservado até mesmo o humor, dizendo a certo momento aos algozes: “Pode me virar, pois desse lado já está assado”.

Este sábado, 10 de agosto de 2019, dia litúrgico de São Lourenço, Diácono e Mártir, é um dia especial para a nossa Igreja Particular de Juiz de Fora e para nossa caminhada preparatória rumo ao 2º Sínodo Arquidiocesano, a iniciar-se em outubro próximo. A oferta dos ministérios de Leitor e Acólito que a Igreja faz a vinte e cinco candidatos ao Diaconado Permanente, depois de terem se preparado em um curso filosófico/teológico de quase quatro anos, representa significativo aumento dos servidores do Povo de Deus.

Como Leitores, passarão a assimilar mais a Palavra de Deus para comunicá-la com incontestável autenticidade; como Acólitos, alimentar-se-ão, com crescente santidade, do mistério do altar para repartir o Pão Eucarístico aos fiéis com dignidade e unção. Nestas funções litúrgicas, está intrinsecamente presente o serviço aos pobres e sofredores que caracteriza o ministério diaconal.

Às vésperas da Semana da Família, tenho imensa alegria de conferir a estes vinte e cinco senhores, esposos e pais de comprovada fé, tais Ministérios sagrados. Saúdo com afeto paternal e fraternal os ministrandos, suas dignas esposas, seus queridos filhos e a toda nossa Arquidiocese juiz-forana, uma Igreja sempre em missão, pronta para pregar pelas ruas e sobre os telhados, a santa Palavra de Deus.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Agosto, mês das vocações

Design-sem-nome-1O mês de agosto é dedicado às vocações. A cada domingo, a liturgia nos leva a uma reflexão sobre os principais chamados da vida da Igreja. O primeiro final de semana é voltado aos que fazem parte dos ministérios ordenados: bispos, padres e diáconos. Já no segundo o destaque são as famílias, celebrando o matrimônio. O terceiro domingo é dedicado aos (às) religiosos (as) e consagrados (as) que fazem parte das diferentes congregações e comunidades da Igreja, enquanto o último lembra os catequistas, recordando a importância do leigo.

Por isso, ouvir o chamado de Deus e discernir os nossos dons à luz da fé é fundamental, como explica o Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira. “Vocação é um chamado de Deus, a própria palavra em latim, ‘vocare’, significa chamar. Pela nossa fé, acreditamos que o Pai nos chama. Nós temos aqueles que são chamados para serem sacerdotes consagrados, religiosos e religiosas, leigos (as) para vários ministérios da Igreja e famílias que são chamadas para viverem na fé cristã. Tudo isso é um chamado de Deus”.

Todos são chamados a servir, segundo o pastor. “O chamado significa um favor de Deus à pessoa, mas muito mais um favor ao povo e à Igreja. Todos a servem de alguma forma, mas sempre com esta força da fé, do amor a Deus. Tudo isso nos impulsiona. Descobrir uma vocação é um ato de fé. É olhar para o alto e perguntar: qual é a minha vocação, o que Deus espera da minha vida em favor da Igreja e das pessoas?”, destacou.

Seminário

Todas as vocações recebem uma atenção especial da Igreja. Seja através de encontros, congressos, catequeses ou ensino, pela educação em todos os níveis de escolaridade, ela está atenta às demandas da sociedade e à formação intelectual e espiritual de todos. É o que explica o Reitor do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, Monsenhor Luiz Carlos de Paula. “O nosso seminário forma padres, diáconos permanentes na Escola Ciaconal e também leigos e leigas, para que estejam preparados para a missão evangelizadora”.

Monsenhor Luiz Carlos diz que, entre as propostas de atuação do seminário, está o suporte que as paróquias podem dar aos vocacionados. “A nossa atenção será a de despertar e acompanhar as vocações ao sacerdócio, ou seja, aqueles jovens que sentem o chamado para serem padres. Estamos planejando formar uma equipe para ir às paróquias, ter contato com os párocos para um acompanhamento e falar sobre a importância da vocação e de ouvir o chamado de Deus”.

Congregações religiosas

Atentos ao chamado à vida consagrada, ainda há aqueles que se dedicam às congregações. Para o Frei Carlos Roberto de Oliveira Charles, da Ordem dos Frades Menores Conventuais, o chamado à vida religiosa é um impulso do Espírito Santo na vida da Igreja. “A vida religiosa nasceu na Igreja como uma possibilidade de voltar às fontes, de resgatar o que parecia estar perdido, é sempre um retorno ao Evangelho”.

As congregações possuem diferentes carismas na vida da Igreja. Todos os carismas são inspirados à luz do Evangelho. “Os trabalhos de quem se dedica a vivenciar a vida religiosa são completos e variados. Depende de cada instituto, fundador e fundação. Os trabalhos vão desde a vida pastoral, humanística e ações sociais. Com o tempo, o espírito vai suscitando novas comunidades religiosas que abraçam uma causa ou tarefa, que supram as necessidades do tempo e da Igreja”.

Frei Carlos destaca a importância do discernimento ao chamado. “Primeiro, é importante saber a qual tipo de vocação a pessoa é chamada. A partir disso, é preciso adequar sua vida, seu jeito de ser e pensar a esta espiritualidade encontrada no discernimento. Quando a pessoa se vê vocacionada a ajudar no Reino, ela precisa buscar e encontrar o seu caminho”, finalizou.

*Fonte: site da Arquidiocese JF com colaboração de Elias Arruda

Abraão: exemplo de fé

Abraão-PixabayNa semana que terminou, parte do clero de Juiz de Fora fez um retiro espiritual de grande profundidade. Por ser muito numeroso, os dias de recolhimento devem ser feitos em duas etapas: a primeira delas foi em fevereiro, com a metade dos sacerdotes; e a segunda metade fez agora, de 22 a 26 de julho. O pregador em ambas as oportunidades foi Dom Henrique Soares, bispo de Palmares (PE). O tema que ele escolheu a todos encantou: o caminho de Abraão, a sua fé; a confiança de Abraão em Deus, a confiança de Deus em Abraão.

O esposo de Sara é chamado “o pai da fé”: foi o primeiro que acreditou num Deus uno. No meio de tantos povos politeístas, Abraão descobriu – ou melhor, recebeu a revelação do alto – que há um só Deus verdadeiro, que não há outro. A sua fé se espalhou, se firmou e continua até hoje naqueles que o seguem, naqueles que são cristãos. Na ordem natural, Cristo é filho de Abraão, sendo seu descendente e também de Davi. Quando Deus escolhe o local para enviar o Seu Filho, que deveria se encarnar para libertar o homem da força do pecado, Ele escolhe a família de Abraão, os seus descendentes; a família de Israel, o povo de Davi.

No entanto, a fé de Abraão foi provada por Deus. Primeiro, ele foi provado porque deveria ter uma grande descendência, mas esta nunca vinha; a sua mulher era estéril, eles eram velhos. Certo dia, Deus o chamou para fora da tenda, apresentou o céu estrelado e disse: “A sua descendência será mais numerosa do que as estrelas do céu” (cf. Gn 15,5). Essa descendência veio garantida quando, na velhice, Sara concebeu um filho, que recebeu o nome de Isaac.

Mas, em determinado momento, para surpresa de Abraão, Deus pede que sacrifique o seu filho. E ele não perde a fé. Certamente teve dúvidas, mas, para Abraão, Deus nunca falha, Deus nunca erra. A pessoa humana é que pode falhar e errar. E se o Pai nunca erra, aquilo que Ele estava pedindo não seria algo negativo, não seria a derrota da sua vida.

Sacrifícios, no antigo Testamento, representavam a morte de um animal – um cordeiro, por exemplo – e depois a queima disso, para que o fogo acabasse com o que ficara. E foi assim que Abraão preparou o sacrifício de Isaac, certamente com uma grande dor no coração. Mas, quando Deus viu que ele era capaz de crer desta forma, não permitiu que seu filho morresse. Deu-lhe, no momento, um carneiro para que pudesse ser sacrificado no lugar de Isaac.

Mais tarde, nós vamos ver a encarnação do Verbo e ver que o verdadeiro Isaac é Jesus. Ele é o Filho de Deus. Ele foi sacrificado sobre o madeiro e, aqui, Deus faz mais do que Abraão: oferece o Seu Filho por nós, que morre na cruz. Mas assim como Isaac foi preservado na sua vida, pela bondade de Deus, Cristo ressuscita ao terceiro dia. Neste caso, a vida que é preservada, na verdade, é também a nossa, porque Jesus morreu por nossa causa.

Tantos outros aspectos Dom Henrique nos lembrou neste retiro espiritual, que foi para muitos padres que ali estavam, segundo seus comentários, o melhor que já fizeram na sua vida. O retiro espiritual é um momento importante para as pessoas que creem e, sobretudo para o clero. Estar exclusivamente diante de Deus, por quatro ou cinco dias, apenas para rezar, para beber da Palavra de Deus, é importantíssimo, porque fortalece a fé, anima no trabalho e dá sentido à vida.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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