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Sete situações que a grave realidade nos oferece: Ficar, faxinar, pensar, desligar, fortalecer, rezar e acreditar…

1. Há uns cinco anos, conheci um jovem casal, com uma filha, cujo marido e pai, piloto de avião de uma grande companhia aérea, com muitas viagens de trabalho, me disse: “trocaria, com alegria, minhas milhas para ficar mais em casa com a minha família”. Essa fala me impactou profundamente. Pensei: enquanto tantas pessoas buscam acumular milhas, com viagens e compras, para poder viajar mais, encontrei alguém disposto a trocar milhas para não viajar e poder ficar em casa. Hoje, diante da necessária e legítima insistência para o “isolamento social”, me recordei desse fato. Para aqueles e aquelas que, no momento, podem colocar em prática tal recomendação, penso que esse testemunho pode dar um sentido profundo a essa oportunidade “forçada”, que pode se tornar extremamente prazerosa. Quando conseguimos dar sentido às experiências vividas, tudo se torna mais leve e suportável, principalmente as cruzes inerentes à condição humana. É hora de ficar em casa e lembrar também dos nossos irmãos que não têm moradia!


2. Não nos esqueçamos de que estamos no tempo quaresmal, tempo kairótico (de Graça) e Kenótico (de esvaziamento), de revisão de vida e conversão, que o Bom Deus anualmente, nos oferece. Anselm Grün define a Quaresma como “faxina anual do corpo e da alma”. Trata-se, segundo ele, “de purificação, de uma limpeza geral da nossa casa, pensando em tudo o que podemos doar ou jogar fora”. A faxina remete à nossa vida interior que precisa de revisão anual, mensal, semanal e diária. Na faxina, além de se desfazer de tudo aquilo que nos atrapalha, temos, também, a oportunidade de encontrar ou reencontrar fatos e coisas que fizeram parte de nossa vida, foram e são importantes e que ficaram esquecidas pela poeira do tempo. A quaresma é um exercício que nos introduz nessa corajosa aventura de entrarmos em contato com nós mesmos, avaliando como está a nossa relação com Deus, com o próximo, com as coisas e bens. É um itinerário que permite reconhecer e acolher com sinceridade os próprios limites e pedir a Deus a força para superá-los de modo gradativo e constante. O convite para a faxina geral é uma ocasião para reorganizar a nossa casa interior, transformando-a num ambiente saudável, acolhedor, de contentamento e realização. Trata-se de renascer para uma vida nova, mais leve e simplificada. Ambiente “limpo” é ambiente saudável. Saúde interior, espiritual e moral é também saúde física! Conheço uma esposa, mãe e trabalhadora que diz gostar de faxinar a casa, mas infelizmente tem pouco tempo para isso. E o pouco que tem, quando o tem, valoriza grandemente. Eis o tempo favorável! Nada mais gratificante do que uma boa faxina! “Hoje eu vou me visitar. Tomara que eu esteja em casa!” (Karl Valentin)

3. Pensar é a capacidade de admirar-se diante de tudo, espantar-se, ultrapassar e transcender o que se vê, ir além. Nada é óbvio! Se não pensamos, renunciamos ao que é próprio da natureza humana. Trata-se de buscar a verdade das coisas: o que é bom, belo, verdadeiro e justo. Pensar não é tarefa fácil, sobretudo diante das muitas informações que nos chegam quase em tempo real, muitas delas fake news ou desinformação. Quantas vezes repassamos uma informação sem verificar a autenticidade do fato e a autoria. Renunciamos à arte de pensar. Não temos tempo nem para isso. Conheço uma pessoa que, com frequência, diz agradecer a Deus pela insônia, porque assim ela tem mais tempo para pensar no silêncio da noite. Que belo e profundo! Será que queremos dormir logo para não termos tempo para pensar? Pensar dói ou cura? Pensar também é fazer poesia: a arte de ir além da aparência. Nesse sentido, assim se expressa Adélia Prado: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”. É certo que a vida não é linear e às vezes experimentamos a aridez e não conseguimos ir além da pedra. Faz parte! A vida é assim mesmo. Contudo, até a aridez pode ser fecunda, para os que têm a coragem de pensar e enfrentar os desertos que a vida apresenta. Agora temos tempo para pensar!

4. Circuit Breaker: desligar o disjuntor. Não conhecia esse mecanismo utilizado pelo Mercado financeiro nas Bolsas de Valores. Trinta minutos podem “acalmar o Mercado” e dar maior serenidade para os investidores que estão sob pressão, evitando assim decisões precipitadas. Desde a primeira vez em que tomei conhecimento dessa expressão, na semana passada, fiz uma aplicação para a nossa vida. Lembrei-me de que quando criança, minha mãe desligava a “chave geral do relógio” de energia, para alguns consertos domésticos. Também quando adolescente, fazia o mesmo. Não havia disjuntor. Hoje temos no quadro de energia disjuntores específicos e o geral. Quando a rede sobrecarrega o disjuntor cai por si… é um mecanismo de segurança… Desligar é preciso… reiniciar também… Quantas vezes, diante de pressões e tensões, nos deixamos levar pelas emoções e não desligamos o disjuntor. No caso humano, é melhor desligar do que deixar cair… pode ser fatal. Pensemos nisso! Reaprender a silenciar antes de reagir.

5. Fortaleza: trata-se de uma virtude cardeal e Dom do Espírito Santo. Estamos na Quaresma, enfrentando, nesse tempo favorável, uma grande e concreta provação planetária, que requer esforço e reflexão pessoais. Entramos no Deserto com Jesus. Portanto, “em frente” com serenidade e “enfrente” com fortaleza e fé em Cristo.

6. Rezar com Santo Agostinho:

“Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz”.

Com Santa Teresa D’Avila:

“Nada te perturbe, Nada te espante,
Tudo passa, Deus não muda,
A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem, Nada lhe falta:
Só Deus basta. Eleva o pensamento, Ao céu sobe,
Por nada te angusties, Nada te perturbe.
A Jesus Cristo segue, Com grande entrega,
E, venha o que vier, Nada te espante”.

E com o Papa Francisco, Mensagem ao Clero de Roma (27-02-2020), para vencer a amargura, texto perfeitamente aplicável a todos os fiéis cristãos.

“Nós esperávamos que fosse Ele”, confidenciaram os discípulos de Emaús uns aos outros (cf. Lc 24, 21). Uma esperança desiludida está na raiz da sua amargura. Mas devemos refletir: foi o Senhor que nos decepcionou ou trocamos a esperança pelas nossas expectativas? A esperança cristã não desilude e não falha. Ter esperança não é convencer-se de que as coisas vão melhorar, mas que tudo o que acontece faz sentido à luz da Páscoa. Mas para esperar de maneira cristã, é necessário viver uma vida de oração substanciosa. É assim que se aprende a distinguir entre expectativas e esperanças. Agora, o relacionamento com Deus — mais do que decepções pastorais — pode ser uma causa profunda de amargura. Às vezes, quase parece que Ele não corresponde às expectativas de uma vida plena e abundante que tivemos… Às vezes, uma adolescência inacabada não te ajuda a passar dos sonhos para a spes (esperanças) Talvez… sejamos demasiado “bonzinhos” na nossa relação com Deus e não ousamos protestar na oração, como o salmista faz muitas vezes — não só por nós, mas também pelo nosso povo; porque o pastor também carrega as amarguras do seu povo — mas os salmos também foram “censurados” e quase nunca fazemos nossa uma espiritualidade de protesto. Então caímos no cinismo: infelizes e um pouco frustrados. O verdadeiro protesto — do adulto — não é contra Deus, mas diante dele, porque nasce precisamente da confiança n’Ele: o orante recorda ao Pai quem Ele é e o que é digno do Seu nome. Devemos santificar o seu nome, mas às vezes os discípulos têm de acordar o Senhor e dizer-lhe: “não te importas que pereçamos?” (Mc 4, 35-41). Então, o Senhor quer envolver-nos diretamente no Seu reino. Não como espectadores, mas participando ativamente. Qual é a diferença entre a expectativa e a esperança? A expectativa nasce quando passamos a vida a salvar a nossa vida: andamos atarefados à procura de segurança, recompensas, promoções… Quando recebemos o que queremos, quase sentimos que nunca morreremos, que será sempre assim! Porque o ponto de referência somos nós. Ao contrário, a esperança é algo que nasce no coração, quando decidimos deixar de nos defender. Quando reconheço as minhas limitações, e que nem tudo começa e nem acaba comigo, então reconheço a importância de ter confiança”.

7. Concluo com uma pérola, que encontrei na Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Querida Amazônia”: “Com efeito, onde houver uma necessidade peculiar, Ele (o Espírito Santo) já infundiu carismas que permitam dar-lhe resposta”. Portanto, peçamos ao Espírito Criador, Consolador e Defensor que venha em nosso auxílio, dando-nos discernimento para encontrar, em meio à pandemia do Coronavirus, caminhos de serenidade, contribuição, ajuda, fortaleza e esperança. À luz da fé cristã, sabemos que todo bem, sabedoria e conhecimento vêm de Deus. Portanto, rezemos para que os pesquisadores e cientistas encontrem medicamentos e vacinas capazes de curar e prevenir… rezemos pelos médicos e profissionais de saúde que se colocam a serviço da vida… rezemos pelos governantes e autoridades sanitárias para que inspirados pelo Espirito Santo ofereçam eficientes respostas… rezemos por nós, pelos nossos e por todos e todas, especialmente os mais vulneráveis, pobres e desassistidos. Vem Espírito Santo vem, vem iluminar!

Senhor Jesus, pela vossa Dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!

Unidos nas orações e solidariedade fraterna que nos fazem próximos, apesar da “distância”, pedindo a intercessão de Nossa Senhora da Saúde, de São Camilo e São José, que hoje celebramos, Patrono universal da Igreja e das famílias, suplicamos, com humildade e gratidão, a Bênção do Bom Deus a cada um, a cada uma, e a toda a família humana.

Em frente com serenidade! Enfrente com coragem e fé!

Dom Luiz Antonio Lopes Ricci
bispo auxiliar de Niterói (RJ)

II Sínodo Arquidiocesano em ação

Dom-GilCom muita alegria, com muita gratidão a Deus, demos início às atividades do II Sínodo Arquidiocesano de Juiz de Fora. No último sábado, 8 de fevereiro, celebramos a I Sessão Sinodal, reunindo todo o clero, religiosos (as) e representação dos milhares de leigos e leigas de nossas paroquias, incluindo aqueles organizados em associações, movimentos e comunidades, alguns vivendo a nova realidade de consagrados no mundo. Afinal, estavam representadas todas as forças vivas de nossa Igreja Particular.

Sínodo significa “Caminhar juntos”, andar humilde e alegremente unidos, como verdadeiros irmãos. Só assim, teremos certeza da presença de Cristo em nosso meio, só assim teremos a certeza de estar na estrada certa, só assim valerá à pena trabalhar e viver pela Igreja e na Igreja. Papa Francisco, na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, após o Concilio Vaticano II, aos 17 de outubro de 2015, afirmou: “O caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do Terceiro Milênio”.

É mais que conhecida a expressão do Sucessor de Pedro no sentido de construir a “Igreja em saída”, dando-nos a ideia de movimento, de caminhada para dentro e para fora de si mesma. É o Espírito nos impulsionando para a missão, como temos cantado no Hino Sinodal: “Dizer sinodalidade é dizer fraternidade e comunhão; conhecer as direções que o Espírito nos dá. ”

O que nos impele a viver em sinodalidade é o próprio Cristo, centro de nossa vida comunitária e pessoal. Jesus é tudo para nós! A Igreja existe para propagar esta verdade. Sem união plena, amorosa a Ele, nada terá sentido em nossa vida arquidiocesana e em nenhuma estruturação, por mais perfeita que fosse em suas técnicas e em seus instrumentos. Jesus é o centro, é a luz, é o sentido de nossas vidas, de nossas vocações, de nossos estudos, de nossas organizações. É força em nossas angústias e segurança em nossas carências. É superação de nossas crises e vitória em nossas lutas. Ele é tudo para nós, pois é o nosso Salvador, nosso Mestre, nosso guia, condutor nos caminhos deste mundo. Ele nos ensina que a união é indispensável para que Ele ande conosco. Assim, certa vez, afirmou: “Onde dois ou mais estiverem unidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20).

Contemplando a vida de Jesus Cristo, vemos que não só olhou para os pobres, mas assumiu a vida de simplicidade semelhante à deles. Nasceu numa gruta, encarnou-se na família simples de Nazaré, e chegou a afirmar: “as raposas tem suas tocas e os pássaros tem seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20).

Não há santidade sem oração e sem caridade. “O caminho que leva ao céu passa no coração do irmão” afirmava um santo bispo que conheci na juventude. É por isso que, reunindo-nos na I Sessão Sinodal, nesta rampa de lançamento das atividades em todo o território arquidiocesano, quisemos trazer para os momentos iniciais os nossos irmãos pobres que vivem nas ruas. Eles são assistidos por várias entidades católicas, além de outras, mas sobretudo pela Fundação Maria Mãe, com a Obra dos Pequeninos de Jesus na qual trabalham vários irmãos, entre eles, alguns Diáconos Permanentes. Quisemos trazê-los para que eles abençoem conosco as nossas atividades, vistam a camisa de nosso Sínodo para que sua situação de miséria fique sempre diante de nós, recordando-nos outra vez a palavra de Jesus: “tudo aquilo que fizerdes ao menor dos meus irmãos, é a mim que estareis fazendo” (Mt 25, 35).

Após termos já experiência de viver em espírito sinodal, tendo celebrado o I Sínodo há dez anos, e caminhado neste espírito com nossas revisões forânicas de dois em dois anos, já familiarizados com o método, teremos agora mais facilidade de construir o nosso II Sínodo, certos de que conquistaremos progressos espirituais e pastorais em nossa Igreja Particular juiz-forana. A beleza do restauro das pinturas das paredes e do teto, das abóbadas e da cúpula de nossa Catedral que vai ficando cada vez mais linda, graças a união de todos, seja sinal visível do crescimento de nossa igreja nos sentidos acima mencionados, enchendo de beleza e entusiasmos o coração do povo de Deus em marcha.

Não nos abatamos e nem sejamos submissos aos rigores das discórdias, pois quem separa e divide é o Maligno, pai da mentira, o enganador. Nós cremos em Cristo, e por isso caminharemos em espírito de união, formando, construindo uma igreja em sinodalidade, sempre e ada vez mais missionaria.

Com estas palavras convoco a toda a nossa Arquidiocese a entrarmos de cheio nas atividades sinodais abrindo e abençoando os portões do nosso II Sínodo Arquidiocesano. Deus nos abençoe a todos, pelas Mãos de Maria Santíssima, Nossa Senhora da Igreja em Saída, e de Santo Antônio nosso Padroeiro.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Passos de Nossa Caminhada Sinodal

capa sinodo

Ao dar início ao II Sínodo de nossa Arquidiocese juiz-forana, recordemos alguns acenos da caminhada de nossa Igreja Particular na última década, quando a iniciamos celebrando o I Sínodo Arquidiocesano.

A missão da Igreja, e por consequência de seus Pastores, é levar Cristo a todos e todos a Cristo. O fim de toda pastoral é fazer com que Cristo seja cada vez mais conhecido, amado, ouvido e acolhido. Ser missionário é o resultado da união pessoal e amorosa com Cristo, a plena confiança na sua palavra, atender aos seus acenos para que o mundo nele creia e todos vivam como ele ensinou. Como afirmou São João Paulo II, “toda a pastoral da Igreja é programada tendo em vista a santidade, reforçando mesmo que o papel dos bispos é este: Convidar os cristãos a serem santos, pois a santidade é a plenitude do ser humano”. (cf Novo Millenium Ineunte). Na unidade dos filhos da Igreja, caminho de santidade pastoral, está expressa a força do mandamento do Senhor: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado. Nisto conhecerão que sois meus discípulos” (Jo. 13, 34-35).

Concretamente, tudo se realiza pelo impulso que o Senhor deu aos seus discípulos, ao momento da Ascensão: “Ide fazer discípulos entre todas as nações e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-lhes a observar tudo o que eu vos ordenei. Eis que estarei convosco até o fim dos tempos” (Mt. 28, 19-20). Como é consolador para um Pastor ouvir esta ultimíssima palavra do Senhor: estarei convosco!

Durante estes dez anos que aqui me encontro, tendo recebido esta Igreja Particular juiz-forana no dia 28 de março de 2009, pelo ato de posse canônica, nomeado que fui pelo Papa Bento XVI, aqui tenho procurado, dentro dos meus limites pessoais, envidar esforços para que ela cresça em todos os seus aspectos eclesiais, despertando o senso da unidade entre o clero, entre os leigos, entre as paróquias e entre as demais forças vivas desta grei. Todo Pastor deve mover-se interiormente pela palavra de São João Batista, o Precursor: “É preciso que ele cresça e eu diminua” (Jo 3, 30). Conforma-me também o meu lema episcopal, “Scis quia amo te” (Jo 21, 17).

Nossa primeira proposta ao clero e ao povo, naquele início de nosso ministério, foi celebrar um sínodo arquidiocesano que possibilitasse ampla revisão e nova programação da vida eclesial, com olhares voltados para o passado, para o presente e para o futuro, ouvindo a todas os grupos organizados e até mesmo pessoas individuais. A proposta foi vivamente acolhida pelo Clero e pelo povo e assim demos início ao nosso ministério, unido ao clero e imensa participação dos leigos.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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