Agosto, mês das vocações
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- Segunda, 05 Agosto 2019 09:50
O mês de agosto é dedicado às vocações. A cada domingo, a liturgia nos leva a uma reflexão sobre os principais chamados da vida da Igreja. O primeiro final de semana é voltado aos que fazem parte dos ministérios ordenados: bispos, padres e diáconos. Já no segundo o destaque são as famílias, celebrando o matrimônio. O terceiro domingo é dedicado aos (às) religiosos (as) e consagrados (as) que fazem parte das diferentes congregações e comunidades da Igreja, enquanto o último lembra os catequistas, recordando a importância do leigo.
Por isso, ouvir o chamado de Deus e discernir os nossos dons à luz da fé é fundamental, como explica o Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira. “Vocação é um chamado de Deus, a própria palavra em latim, ‘vocare’, significa chamar. Pela nossa fé, acreditamos que o Pai nos chama. Nós temos aqueles que são chamados para serem sacerdotes consagrados, religiosos e religiosas, leigos (as) para vários ministérios da Igreja e famílias que são chamadas para viverem na fé cristã. Tudo isso é um chamado de Deus”.
Todos são chamados a servir, segundo o pastor. “O chamado significa um favor de Deus à pessoa, mas muito mais um favor ao povo e à Igreja. Todos a servem de alguma forma, mas sempre com esta força da fé, do amor a Deus. Tudo isso nos impulsiona. Descobrir uma vocação é um ato de fé. É olhar para o alto e perguntar: qual é a minha vocação, o que Deus espera da minha vida em favor da Igreja e das pessoas?”, destacou.
Seminário
Todas as vocações recebem uma atenção especial da Igreja. Seja através de encontros, congressos, catequeses ou ensino, pela educação em todos os níveis de escolaridade, ela está atenta às demandas da sociedade e à formação intelectual e espiritual de todos. É o que explica o Reitor do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, Monsenhor Luiz Carlos de Paula. “O nosso seminário forma padres, diáconos permanentes na Escola Ciaconal e também leigos e leigas, para que estejam preparados para a missão evangelizadora”.
Monsenhor Luiz Carlos diz que, entre as propostas de atuação do seminário, está o suporte que as paróquias podem dar aos vocacionados. “A nossa atenção será a de despertar e acompanhar as vocações ao sacerdócio, ou seja, aqueles jovens que sentem o chamado para serem padres. Estamos planejando formar uma equipe para ir às paróquias, ter contato com os párocos para um acompanhamento e falar sobre a importância da vocação e de ouvir o chamado de Deus”.
Congregações religiosas
Atentos ao chamado à vida consagrada, ainda há aqueles que se dedicam às congregações. Para o Frei Carlos Roberto de Oliveira Charles, da Ordem dos Frades Menores Conventuais, o chamado à vida religiosa é um impulso do Espírito Santo na vida da Igreja. “A vida religiosa nasceu na Igreja como uma possibilidade de voltar às fontes, de resgatar o que parecia estar perdido, é sempre um retorno ao Evangelho”.
As congregações possuem diferentes carismas na vida da Igreja. Todos os carismas são inspirados à luz do Evangelho. “Os trabalhos de quem se dedica a vivenciar a vida religiosa são completos e variados. Depende de cada instituto, fundador e fundação. Os trabalhos vão desde a vida pastoral, humanística e ações sociais. Com o tempo, o espírito vai suscitando novas comunidades religiosas que abraçam uma causa ou tarefa, que supram as necessidades do tempo e da Igreja”.
Frei Carlos destaca a importância do discernimento ao chamado. “Primeiro, é importante saber a qual tipo de vocação a pessoa é chamada. A partir disso, é preciso adequar sua vida, seu jeito de ser e pensar a esta espiritualidade encontrada no discernimento. Quando a pessoa se vê vocacionada a ajudar no Reino, ela precisa buscar e encontrar o seu caminho”, finalizou.
*Fonte: site da Arquidiocese JF com colaboração de Elias Arruda
Abraão: exemplo de fé
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- Quarta, 31 Julho 2019 11:41
Na semana que terminou, parte do clero de Juiz de Fora fez um retiro espiritual de grande profundidade. Por ser muito numeroso, os dias de recolhimento devem ser feitos em duas etapas: a primeira delas foi em fevereiro, com a metade dos sacerdotes; e a segunda metade fez agora, de 22 a 26 de julho. O pregador em ambas as oportunidades foi Dom Henrique Soares, bispo de Palmares (PE). O tema que ele escolheu a todos encantou: o caminho de Abraão, a sua fé; a confiança de Abraão em Deus, a confiança de Deus em Abraão.
O esposo de Sara é chamado “o pai da fé”: foi o primeiro que acreditou num Deus uno. No meio de tantos povos politeístas, Abraão descobriu – ou melhor, recebeu a revelação do alto – que há um só Deus verdadeiro, que não há outro. A sua fé se espalhou, se firmou e continua até hoje naqueles que o seguem, naqueles que são cristãos. Na ordem natural, Cristo é filho de Abraão, sendo seu descendente e também de Davi. Quando Deus escolhe o local para enviar o Seu Filho, que deveria se encarnar para libertar o homem da força do pecado, Ele escolhe a família de Abraão, os seus descendentes; a família de Israel, o povo de Davi.
No entanto, a fé de Abraão foi provada por Deus. Primeiro, ele foi provado porque deveria ter uma grande descendência, mas esta nunca vinha; a sua mulher era estéril, eles eram velhos. Certo dia, Deus o chamou para fora da tenda, apresentou o céu estrelado e disse: “A sua descendência será mais numerosa do que as estrelas do céu” (cf. Gn 15,5). Essa descendência veio garantida quando, na velhice, Sara concebeu um filho, que recebeu o nome de Isaac.
Mas, em determinado momento, para surpresa de Abraão, Deus pede que sacrifique o seu filho. E ele não perde a fé. Certamente teve dúvidas, mas, para Abraão, Deus nunca falha, Deus nunca erra. A pessoa humana é que pode falhar e errar. E se o Pai nunca erra, aquilo que Ele estava pedindo não seria algo negativo, não seria a derrota da sua vida.
Sacrifícios, no antigo Testamento, representavam a morte de um animal – um cordeiro, por exemplo – e depois a queima disso, para que o fogo acabasse com o que ficara. E foi assim que Abraão preparou o sacrifício de Isaac, certamente com uma grande dor no coração. Mas, quando Deus viu que ele era capaz de crer desta forma, não permitiu que seu filho morresse. Deu-lhe, no momento, um carneiro para que pudesse ser sacrificado no lugar de Isaac.
Mais tarde, nós vamos ver a encarnação do Verbo e ver que o verdadeiro Isaac é Jesus. Ele é o Filho de Deus. Ele foi sacrificado sobre o madeiro e, aqui, Deus faz mais do que Abraão: oferece o Seu Filho por nós, que morre na cruz. Mas assim como Isaac foi preservado na sua vida, pela bondade de Deus, Cristo ressuscita ao terceiro dia. Neste caso, a vida que é preservada, na verdade, é também a nossa, porque Jesus morreu por nossa causa.
Tantos outros aspectos Dom Henrique nos lembrou neste retiro espiritual, que foi para muitos padres que ali estavam, segundo seus comentários, o melhor que já fizeram na sua vida. O retiro espiritual é um momento importante para as pessoas que creem e, sobretudo para o clero. Estar exclusivamente diante de Deus, por quatro ou cinco dias, apenas para rezar, para beber da Palavra de Deus, é importantíssimo, porque fortalece a fé, anima no trabalho e dá sentido à vida.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
Ataques infundados ao Papa Francisco
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- Segunda, 08 Julho 2019 09:26
No dia 29 de junho, a Igreja Católica celebra a Festa de São Pedro e São Paulo. Nos lugares onde não é mais feriado esse dia, a celebração é sempre realizada no domingo seguinte, como no Brasil. A solenidade, importante no calendário litúrgico da Igreja, é muito antiga. As orações da Missa foram compostas nos primeiros anos do cristianismo, talvez no século III. Basta dizer que, na história da Igreja, o estabelecimento da festa foi até anterior à designação do dia do Natal do Senhor Jesus.
A data nos recorda a grande confiança de Cristo na Igreja e o grande amor d’Ele para com todos os fiéis. Pedro foi escolhido por Cristo para ser o primeiro coordenador dos apóstolos. Mais tarde, este cargo que ele exerceu em Roma, como apóstolo dos apóstolos e símbolo da unidade da Igreja, vai ter o carinhoso nome de Papa, ou seja, “papai”.
O Santo Padre é o símbolo visível do Pai invisível da Igreja. Assim como o pai na família é o símbolo do amor, da unidade entre os filhos e a esposa, também o Papa representa esta unidade na Igreja. Portanto, a função de Pedro é muito importante. É uma decisão do próprio Senhor Jesus. Daí decorre todo o nosso respeito e amor ao seu sucessor, que hoje se chama Francisco.
A festa do dia 29 de junho é também de São Paulo e nós podemos associar a sua missão à de Pedro. Este enfrentou grandes dificuldades para ser apóstolo e o primeiro Papa, mas perseverou até o fim e a sua vida foi selada com martírio igual ao de seu Mestre. Já Paulo foi o grande missionário da primeira hora. Viajou, sofreu, enfrentou problemas com as autoridades, com os intelectuais em Atenas, com muitas comunidades e até internamente.
Olhando as dificuldades de ambos, e também dos demais apóstolos e dos primeiros cristãos – quantos foram incompreendidos e morreram martirizados -, nós podemos compreender os ataques a um Papa. Todos sofrem com críticas, enquanto estão vivos e, às vezes, até depois da morte. No caso atual, nós encontramos o Papa Francisco, que tem sido motivo de polêmica.
Por uma parte, até fora da Igreja e do Cristianismo, é aplaudido imensamente. Mas, ao mesmo tempo, padece de sofrimentos e incompreensões, às vezes internas, outras externas. Não nos assustemos com isso. São partes da cruz de Cristo que permanecem na vida da Igreja. Aliás, Jesus disse: Quem quiser ser meu discípulo, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e me siga (cf. Mt 16,24).
Pois bem, o Papa Francisco tem consciência desse mistério da cruz, que é o misterium santitatis (mistério da santidade). Ele é resultado, inclusive, do misterium iniquitatis (mistério da iniquidade), que desafia todo aquele que quer anunciar, seguir e servir a Cristo.
O Dia de São Pedro e São Paulo é já reconhecido tradicionalmente na Igreja como o dia de oração pelo Papa e nós o fazemos com muito espírito de fé e alegria no coração, demonstrando a nossa fidelidade incondicional àquele a quem Deus chamou para suceder, na Cátedra de Pedro, a coordenação, a chefia, o governo, a unidade da Igreja em todo o mundo.
Seja feliz, Papa Francisco! Conte com a nossa fidelidade, a nossa comunhão, a nossa unidade!
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
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