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Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo

coracao-amorO Mês Missionário neste ano de 2020, com seu lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8), encerrou-se com a mensagem central da pregação de Jesus: a lei suprema do amor.

Procurado pelos fariseus que quiseram pô-Lo à prova, Lhe fizeram uma pergunta: Qual é o maior dos mandamentos? (Mt 22, 36). Para representar o grupo, escolheram um Doutor da Lei, portanto um perito em Sagrada Escritura para propor a questão, pronto para surpreender o jovem Jesus em algum deslize. Mas, quem ficará surpreendido é mesmo o perito e todo o grupo dos intrigantes eternos de Cristo, os fariseus.

Ele responde com estas palavras: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o teu entendimento. Este é maior e o primeiro mandamento. O Segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os profetas dependem destes dois mandamentos (Mt 22, 37-30).

Os judeus tinham muitos mandamentos. Um estudioso da Sagrada Escritura individualizou 613 mandamentos no Antigo Testamento, sendo 365 proibições e 248 preceitos positivos. Neste emaranhado de leis, certamente haveria divergências em interpretar quais seriam os mais importantes. Porém, o amor a Deus em primeiro lugar era indubitável. Ele constitui a Shemá, o versículo que todo judeu repetia, todos os dias, de manhã e de tarde: Escuta Israel: o Senhor é teu Deus… Jesus estava citando Deuteronômio 5, 6, mas ajuntando outro mandamento escrito no livro do Levítico, 19,18: Amarás o teu próximo…, demonstrando que, na realidade, não pode haver um privilégio de um em prejuízo do outro.

É assim o amor que Deus criou. Ele nos criou para amar e ser amados. Criou-nos à Sua semelhança, pois o Pai também existe para amar e ser amado. O ser humano definido na escolástica medieval, baseado na filosofia aristotélica, como apenas um ‘animal racional’, na idade atual, inclusive na antropologia do Concílio Vaticano II, recebe uma definição mais ampla e mais calorosa: ele é um ser eminentemente relacional. Existe para amar e ser amado.

Daí podemos tirar a primeira conclusão: o mundo precisa se organizar sobre as bases da lei do amor. Hoje podemos verificar dois grandes grupos: o verticalismo de alguns e o horizontalismo de outros. Segundo o mandamento de Jesus, é impossível essa dicotomia, causando ela prejuízos antropológicos irreparáveis. Para Cristo, é impossível amar a Deus sem amar ao próximo, e nem é verdadeiro amor a atenção ao próximo sem o amor a Deus. Por isso São João vai dizer: quem diz que ama a Deus e não ama seu irmão é um mentiroso (I Jo 4, 20-21).

Na construção de um mundo novo, os cristãos, sobretudo, defenderão estes dois importantes elementos inseparáveis. Construir uma sociedade justa sem Deus é impossível. Fixar-se no verticalismo, pretendo amá-Lo sem amar concretamente ao próximo, resultará num amor defeituoso, enganoso, uma vez que se distancia do próprio Criador. O caminho mais curto, mais certeiro, mais belo para amar a Deus passa pelo coração do irmão.

Mas o que é o amor ao próximo para Cristo? Há muitas respostas nos santos evangelhos, como a parábola do Bom Samaritano, os milagres em favor dos mais sofredores, o mandamento novo dado nas vésperas da sua morte, e a descrição do juízo final do capítulo 25 de São Mateus: tive fome e me destes de comer…

Eis aí o sentido exato da missão para qualquer missionário: o anúncio de Jesus Cristo, ícone do amor a Deus e ao próximo.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Dar a Deus o que é de Deus

dai-a-Cesar-o-que-e-de-Cesar-e-a-Deus-o-que-e-de-DeusCelebramos, nesse 29º Domingo do Tempo Comum, o Dia Mundial das Missões. Recordemo-nos de que todos somos missionários pelo Batismo e não nos esqueçamos de tantos (as) que escolhem a vocação missionária para irem para longe e lá anunciarem o nome de Cristo. Ao final das Missas desse dia, fizemos uma coleta para auxiliar nas missões, ofertando um pouco do que temos em favor da propagação do santo nome de Jesus, pois ser missionário é levar Jesus para os outros e trazer os outros para Jesus. Se você ainda não fez sua oferta, pode deixá-la na secretaria de sua paróquia.

No contexto de nosso II Sínodo Arquidiocesano, cujo lema missionário é Proclamai o Evangelho pelas ruas e sobre os telhados (cf. Mt 10,27), nesta nossa Arquidiocese de Juiz de Fora, uma Igreja sempre em missão, tivemos ainda a alegria de conferir os Ministérios de Leitor e Acólito aos seminaristas Alex Francisco da Silva e Ronny Moreira de Oliveira e o Ministério de Acólito a Marcus Vinicius Fernandes da Silva, da Diocese Irmã de Óbidos (PA), já tendo recebido o Ministério de Leitor. São missionários pelo Batismo que vão assumindo novas funções em vista da consagração definitiva na Ordem do Diaconado em breve e depois no Presbiterado.

Dois temas bíblicos nos iluminaram nessa celebração missionária. Iniciemos pelo evangelho: Dai a Deus o que é de Deus (Mt 22, 15-21). Esta leitura nos traz o diálogo de Jesus com fariseus e outros líderes do povo de Israel, que querem pô-Lo à prova, armando-Lhe uma cilada para terem motivo de O condenar. Apresentam-Lhe uma moeda do Império Romano, dominador político da região, com a imagem do Imperador Tibério César, na qual aparecia uma frase latina referindo-se a ele como se fosse um Deus. E fizeram a conhecida pergunta capciosa: devemos ou não pagar impostos a César?

Diante de Jesus, estava a realidade social da época, formada por três grupos políticos: os fariseus, que não queriam, por motivos religiosos, pagar o imposto a um rei pagão e idólatra, mas que pagavam forçados por lei; os herodianos e entre eles os saduceus, que embora fossem judeus, eram aliados políticos dos Romanos, gozavam de vantagens por esse motivo e afirmavam que deveriam pagar tais impostos; e ainda os zelotas, que se recusavam, por motivos políticos, a pagar estes impostos, enfrentando até mesmo a legislação.

Qualquer resposta que Jesus desse complicaria sua vida com um desses grupos. Ele, porém, dá uma resposta superinteligente, magistral, perguntando antes: de quem é esta figura esculpida na moeda? Responderam: de César. E Jesus, categoricamente, diz: Pois bem, dai a Cesar o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Jesus, na perícope do evangelho de hoje, ensina de forma clara que o principal é justamente a atitude de reconhecer a Deus como nosso único e verdadeiro imperador e rei, pois os reinos e os outros regimes governamentais passam. Tal verdade está explícita na primeira leitura, no texto do Profeta Isaías, quando Deus declara a Ciro, um rei pagão: Eu sou o Senhor; não existe outro. Fora de mim não há Deus (Is 45,5). Sua resposta central está na afirmação: Dai a Deus o que é de Deus.

E o que é de Deus em nós? Como entender isso para a nossa vida de hoje? Dar a Deus a nós mesmos: somos criados à Sua imagem e semelhança. Pelo Batismo, somos de Deus, pelas nossas opções, devemos a Deus o que é de Deus, ao assumir ministérios, na consagração de vida, na dedicação ao diaconado, ao presbiterado. São Paulo, na primeira carta aos Tessalonicenses, afirma: Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos (I Tes 1, 4).

Dar a Deus o que é de Deus é nunca recusar a oferecer-Lhe o que Ele espera de nós. Nunca reter, egoisticamente, o que se deve oferecer a Ele. Sacrificar a Deus o que deve a Ele ser sacrificado, como está escrito no Salmo 4: Sacrificai o que é justo oferecer (Sl 4, 6). Oferecer de nós mesmos, nosso dízimo, nossas ofertas voluntárias e amorosas, nosso tempo, nossas obras, nossos pensamentos, nossos olhos, ouvidos, coração.

Tudo a Ele pertence. Tudo a Ele deve ser continuamente oferecido: Dai a Deus o que é de Deus. Com esta liberdade de espírito de não reter nada para nós, mas tudo dar a Ele, podemos dizer de coração a frase motivadora do Mês Missionário deste ano e que se tornou também o lema dos Ministérios conferidos aos queridos irmãos Alex, Ronny e Marcus Vinicius: Eis-me aqui; envia-me! (Is 6,8).


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Rogai por nós, Senhora Aparecida!

DSC 0188Celebramos, na última segunda-feira, 12 de outubro, o Dia de nossa excelsa Padroeira, Nossa Senhora Aparecida. Ainda no contexto desta linda festa, à qual celebramos com certas limitações em 2020, rezemos pela nossa querida Pátria Brasileira, por seus governantes e por seu povo. Somos todos irmãos em busca de paz, harmonia, saúde e vitória sobre os problemas sociais e morais.

Rezemos, sobretudo, pelos pobres e lutemos, com as armas da concórdia, para que todos tenham o necessário para viver e conviver. Não falte, na mesa de ninguém, o vinho da fraternidade, como nos recordou Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti. Não falte o bom vinho da fé, da esperança e da caridade.

Que a casa dos brasileiros seja como a casa de nossas mães, onde sempre há festa para os filhos. Não falte nesta festa o vinho material do pão, do teto, do emprego, da saúde, e nem o vinho espiritual da partilha, da solidariedade, da justiça e da confiança em Deus. Sobretudo, não falte Jesus, com seus Apóstolos e sua Mãe Santíssima e intercessora.

Acolhendo novamente o capítulo 12 do Apocalipse, recebamos a luz do Sol, que é Cristo, com o qual Maria se reveste e para nós reflete. Ele vencerá, pelo seu poder divinal, o dragão que nos ameaça com sua calda semipoderosa, mas que será derrotado por Miguel e seus Anjos.

Peçamos à Nossa Senhora a graça que precisarmos e Ela, à semelhança da Rainha Ester, nos salvará de qualquer derrota que esteja nos ameaçando. Outra vez ouçamos com fé a sua profética palavra: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.

Viva Nossa Senhora Aparecida, Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida!


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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