“O Senhor me ungiu, me consagrou, me enviou…”
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- Segunda, 05 Outubro 2020 10:24
Impelidos pela situação da pandemia do novo coronavírus, o último dia 1º de outubro se tornou para nós uma data muito especial. Foi a primeira vez que estivemos reunidos, clero e seu Pastor Arquidiocesano. Transportamos para esse início do mês, dedicado às missões, toda a santidade e unção pascal da Quinta-feira Santa, quando estivemos premidos a não celebrar, na ocasião, a Missa do Santo Crisma.
Quis Deus que, nesse corrente ano, este mês tão especial caísse numa quinta-feira. Outubro se abre com a festa de Santa Teresinha do Menino Jesus, a jovem do Carmelo a quem o Papa Pio XI constituiu Patrona Universal das Missões. Este é também Mês do Rosário, tempo de contemplar as maravilhas de Deus acontecidas na vida de Maria em benefício de toda a humanidade. Na récita do Santo Rosário, contemplamos os principais mistérios da nossa Redenção. Em outubro, celebramos a maior das festas marianas do Brasil, o Dia Nossa Senhora Aparecida, a Excelsa Rainha e Padroeira de nossa querida pátria brasileira.
A celebração realizada na última quinta-feira, em nossa bela Catedral, é chamada de Missa dos Santos Óleos. Nela, acontece a bênção dos Óleos dos Catecúmenos e dos Enfermos e a consagração do Óleo do Crisma. Se o Óleo dos Catecúmenos serve para o Batismo, em preparação do grande dom de se tornar filho de Deus e membro da Igreja; se o Óleo dos Enfermos serve para os enfermos; o Óleo do Crisma serve para vários outros sacramentos, vários outros momentos. É usado também no Batismo, consagrando o peito, o coração e a vida de quem recebeu a regeneração na água batismal; é celebrado no Sacramento da Crisma, geralmente aplicado aos jovens, confirmando o seu Batismo; é derramado nas mãos dos neossacerdotes, aqueles que o Senhor, no seu mistério, escolheu, consagrou e enviou. O Santo Crisma é também utilizado para a consagração dos bispos, representando, de fato, a unção que Jesus Cristo recebeu e que, por misericórdia, passa para aqueles que escolhe e envia.
Assim como Cristo é o ungido do Pai, pela misericórdia Divina, alguns entre os batizados são escolhidos para perpetuar a Sua missão sacerdotal e a Sua missão de pregador, de evangelizador, de anunciador da boa-nova. E somos nós. Não pelos nossos merecimentos. Não somos padres pelas nossas virtudes, mas pela graça de Deus. Não somos ungidos porque merecemos, mas para que nos purifiquemos e sirvamos ao povo de Deus. A nossa missão, queridos padres, é a missão de Cristo. Missão que Ele mesmo confere aos apóstolos e aos sucessores destes.
Sejamos sacerdotes sempre renovados, segundo o coração de Cristo, o ungido do Pai. Somos chamados, consagrados e enviados para realizar o que Cristo realizaria se estivesse em pessoa física entre nós.
Com Santa Teresinha, o padre aprende a ser padre simples, amoroso de Deus e do próximo, cumpridor da vontade de Deus, zeloso pela salvação das almas. Que Deus nos dê a graça de sermos, ao menos um pouco, parecidos com Santa Teresinha em nosso agir. Amém.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
Eleições 2020
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- Terça, 15 Setembro 2020 12:47
Como tudo está mudado por causa da pandemia de corona vírus, as eleições municipais deste ano serão em novembro. Os candidatos já estão por aí batendo em nossas portas. É hora de encarar essa realidade bonita de cidadania com responsabilidade, com critérios humanos e dimensão cristã, porque política é a arte de construir o bem comum para favorecer a vida das pessoas.
O exercício da política precisa motivar as pessoas a assumir uma lógica fundamentada nos valores de Deus, incompatível com as hodiernas ações humanas. A lógica de Deus diz: “Os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mt 20,16). Não é a obsessão pelo poder que valoriza a pessoa, mas a sua capacidade de servir a população refugiado numa prática de humildade.
No dizer do Papa Francisco, “A boa política está a serviço da vida e da paz”, porque ela pode construir dignidade humana e bem comum. A missão não é só dos candidatos e dos eleitos, mas todas as pessoas precisam fazer alguma coisa. Continua Francisco ao afirmar que “um bom católico interfere na política, oferecendo seu melhor para que o governante possa governar”.
No exercício da política as pessoas precisam assimilar a maneira de pensar de Deus, com base nos ensinamentos de sua palavra. O compromisso democrático não significa apenas apertar os botões da urna eletrônica, mas acompanhar a ação realizada pelos eleitos cobrando deles atenção em relação às necessidades do povo, principalmente daqueles desprovidos do necessário para a vida.
O poder político não pode ser entendido como um privilégio, como espírito de competição e nem como cabide de emprego, mas serviço para todos indistintamente. É questão de cidadania e de submissão aos princípios da Constituição Federal, quando diz dos direitos e deveres de todas as pessoas no país. Os políticos têm a obrigação de desenvolver políticas públicas para o bem de todos.
Nesta próxima eleição escolheremos os candidatos que vão ocupar as vagas no Executivo e no Legislativo municipal. Portanto, eles são candidatos que estão muito próximos dos eleitores, precisam ser bem escolhidos e de forma transparente. Comprar e vender o voto são práticas irresponsáveis e prejudiciais para o Município, porque ganha quem não está preocupado com a boa política.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba
O Cristão Cidadão
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- Quarta, 09 Setembro 2020 12:15
A Semana da Pátria é uma oportunidade para compreender melhor a finalidade de uma nação, como também para avaliar se ela está alcançando seus objetivos. O Brasil é uma nação plural onde convivem muitas visões diferentes sobre todos os assuntos, como também propostas de como organizá-lo e governá-lo. Neste contexto, a Doutrina Social da Igreja orienta os fiéis católicos. Estas orientações, em grande parte, estão sintetizadas no capítulo oitavo denominado de “A comunidade política”, do “Compêndio da Doutrina Social da Igreja” e que são válidas para todo o mundo. Os ensinamentos situam-se na linha de princípios norteadores. Com a pretensão de ser o mais fiel possível transcrevo alguns ensinamentos que cabem neste espaço.
A Doutrina Social da Igreja sempre parte de aspectos bíblicos, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. Jesus perguntado sobre a legitimidade de pagar imposto responde: “O que é de César, devolvei a César, e o que é de Deus, a Deus”. Jesus “condena implicitamente toda tentativa de divinizar o poder temporal: somente Deus pode exigir tudo do homem. Ao mesmo tempo, o poder temporal tem o direito àquilo que lhe é devido: Jesus não considera injusto o tributo a César”. As mesmas orientações são dadas para as primeiras comunidades cristãs pelos apóstolos Paulo e Pedro que chamam os cristãos para os deveres cívicos, à obediência às autoridades legitimamente constituídas e a oração por elas.
“A mensagem bíblica inspira incessantemente o pensamento cristão sobre o poder político, recordando que ele tem sua origem em Deus, e como tal, é parte integrante da ordem criada. Tal ordem é percebida pelas consciências e se realiza na vida social mediante a verdade, a justiça e a solidariedade, que conduzem à paz”.
O segundo item trata do fundamento e da finalidade da comunidade política. “A pessoa humana é fundamento e fim da convivência política”. “A comunidade política, realidade conatural aos homens, existe para obter um fim comum, inatingível de outra forma: o crescimento em plenitude de cada um de seus membros, chamados a colaborar de modo estável para a realização do bem comum, sob o impulso da sua tensão natural para a verdade e para o bem”.
A comunidade política tem sua referência em formar um povo. “O povo não é uma multidão amorfa, uma massa inerte a ser manipulada e instrumentalizada, mas sim um conjunto de pessoas, cada uma das quais – no próprio lugar e a seu modo – tem a possibilidade de formar a própria opinião a respeito da coisa pública e a liberdade de exprimir a sua sensibilidade política e de fazê-la valer em maneira consoante com o bem comum”. “O que, em primeiro lugar, caracteriza um povo é a partilha de vida e de valores, que é fonte de comunhão no âmbito espiritual e moral”.
“A comunidade política persegue o bem comum atuando com vista à criação de um ambiente humano em que aos cidadãos seja oferecida a possibilidade de um real exercício dos direitos humanos e de um pleno cumprimento dos respectivos deveres”. Portanto, o cidadão é portador de direitos e de deveres. “A plena realização do bem comum requer que a comunidade política desenvolva, no âmbito dos direitos humanos, uma ação dúplice e complementar, de defesa e de promoção: ‘Evite-se que, através de preferências outorgadas a indivíduos ou grupos, se criem situações de privilégio”.
Jesus deixou claro aos seus seguidores que não deveriam se afastar do mundo, mas serem nele uma presença ativa como o sal e a luz, promovendo uma convivência baseada na “amizade civil” e na fraternidade.
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo
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