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Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo

cristo reiChegamos a mais um encerramento de um ano litúrgico chamado de Ano litúrgico A. No 34º Domingo do Tempo Comum, celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.

O Papa Pio XI (1922-1939), com a sua Encíclica Quas Primas (11 de novembro de 1925), estabeleceu a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Assim, este Santo Pontífice recordou a extensão do Senhorio de Jesus Cristo sobre todas as pessoas, famílias, cidades, povos e nações, governos e instituições, ou seja, a realeza social do Senhor Jesus sobre o mundo. A grande realidade da fé cristã é o Cristo Ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, que concede a sua vitória aos que lhe pertencem. O Papa Pio Xi demonstrou com aquela Encíclica que o laicismo é a negação radical desta realeza de Cristo, pois organiza a vida social como se Deus não existisse. Tributar a Nosso Senhor Jesus Cristo os direitos de realeza não ferem a laicidade, uma vez que nenhum Estado está isento de suas obrigações para com Deus. Por isso esta Solenidade é muito importante num mundo, como o atual, que teima em não se curvar diante do Senhorio e da Realeza de Cristo!

Há uma grande verdade a respeito da vida que pode ser facilmente constatada por experiência: somos governados não apenas pelo que amamos, mas sobretudo, pelo que adoramos. Só reconhecemos como rei, só permitimos que nos governe, aquele, ou aquilo, que adoramos. E o problema é que podemos adorar muitos ídolos: dinheiro, sucesso, prazer – tudo, no fim das contas, que tem a ver com o nosso egocentrismo. E isso tem de ser descartado, tem de ser renunciado. Se colocarmos qualquer coisa que não seja Ele no trono do nosso coração, experimentaremos as consequências: prolongados – e cada vez mais frequentes – momentos de vazio, falta de sentido na vida, a impressão mais e mais nítida e perturbadora de que algo está faltando. Porque o nosso coração, e o coração de quem amamos, é sagrado. E é com base nessa verdade que devemos viver.

As leituras deste domingo falam-nos do Reino de Deus (esse Reino de que Jesus é rei). Apresentam-no como uma realidade que Jesus semeou, que os discípulos são chamados a edificar na história (através do amor) e que terá o seu tempo definitivo no mundo que há-de vir.

A primeira leitura(cf. Ez 34,11-12.15-17) utiliza a imagem do Bom Pastor para apresentar Deus e para definir a sua relação com os homens. A imagem sublinha, por um lado, a autoridade de Deus e o seu papel na condução do seu Povo pelos caminhos da história; e sublinha, por outro lado, a preocupação, o carinho, o cuidado, o amor de Deus pelo seu Povo.

O Evangelho(cf. Mt 25,31-46) apresenta-nos, num quadro dramático, o “rei” Jesus a interpelar os seus discípulo acerca do amor que partilharam com os irmãos, sobretudo com os pobres, os débeis, os desprotegidos. A questão é esta: o egoísmo, o fechamento em si próprio, a indiferença para com o irmão que sofre, não têm lugar no Reino de Deus. Quem insistir em conduzir a sua vida por esses critérios ficará à margem do Reino.

Na segunda leitura(cf. 1Cor 15,20-26.28), São Paulo lembra aos cristãos que o fim último da caminhada do crente é a participação nesse “Reino de Deus” de vida plena, para o qual Cristo nos conduz. Nesse Reino definitivo, Deus manifestar-Se-á em tudo e atuará como Senhor de todas as coisas (v. 28).

Neste dia, ao tributarmos a nossa adoração a Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, porque o nosso coração, e o coração de quem amamos, é sagrado. E é com base nessa verdade que devemos viver. Não desrespeite seu coração e não deixe que ele seja desrespeitado. Ame a Jesus de todo o seu coração. Ame seu próximo como Ele ensinou. Carregue sua cruz unido a Ele. Seja discípulo dele e não dos ídolos deste mundo. E você será um súdito muito feliz, e capaz de comunicar essa alegria a todos com quem convive. Que Nosso Senhor Jesus Cristo seja Rei de nossas vidas, hoje e por todo o sempre, Amém!


Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

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