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Dia Mundial dos Pobres

dia mundial pobresCertamente já é do nosso conhecimento que o penúltimo domingo do Tempo Comum foi instituído, há cinco anos, como Dia Mundial dos Pobres. Na mensagem de 2021, o Papa Francisco faz uma veemente exortação aos cristãos, com o objetivo de evitar toda indiferença ou desprezo em relação aos mais abandonados da sociedade, especialmente neste tempo da pandemia, quando seu número cresce assustadoramente. O Pontífice chega a advertir: “Os que não reconhecem os pobres, atraiçoam o ensinamento de Jesus e não podem ser seus discípulos” (Mensagem para o Dia Mundial dos Pobres – 2021, n. 1). No Evangelho, o próprio Jesus se identifica com os pobres. Por isso a mensagem acentua: “Toda a obra de Jesus afirma que a pobreza não é fruto duma fatalidade, mas sinal concreto da sua presença no nosso meio. Não O encontramos quando e onde queremos, mas reconhecemo-Lo na vida dos pobres, na sua tribulação e indigência, nas condições por vezes desumanas em que são obrigados a viver” (Idem, n. 2). O texto papal nos desafia a descobrir Cristo nos pobres e não só emprestar-lhes a voz nas suas causas, mas também ser seus amigos, escutá-los, compreendê-los e acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles. Por isso não bastam ações ou programas de promoção e assistência, mas uma atenção prestada ao outro, considerando-o como ‘um conosco’. Esta atenção amiga é o início duma verdadeira preocupação pela sua pessoa e o desejo de procurar o seu bem. Por isso o Papa continua: “Os pobres não são pessoas ‘externas’ à comunidade, mas irmãos e irmãs cujo sofrimento se partilha, para abrandar o seu mal e a marginalização, a fim de lhes ser devolvida a dignidade perdida e garantida a necessária inclusão social” (Idem, n. 3). Esta partilha é mais que a esmola ocasional, pois leva à fraternidade duradoura. Em nosso tempo de pandemia, com certeza, a graça de Deus está em ação no coração de muitas pessoas que, com ou sem visibilidade, se gastam concretamente partilhando a sorte dos mais pobres.

Voltar-se para os pobres, exige de nós uma verdadeira conversão de vida para abrir o coração e reconhecer as múltiplas expressões de pobreza e abraçar um estilo de vida, coerente com a fé que professamos. Seguir Jesus implica em acolher o desafio da partilha e a opção de não acumular tesouros, poder mundano e vanglória na terra. Neste sentido, o Papa Francisco coloca o dedo numa ferida dolorosa: “Parece ganhar terreno a concepção segundo a qual os pobres não só são responsáveis pela sua condição, mas constituem também um peso intolerável para um sistema econômico que coloca no centro o interesse dalgumas categorias privilegiadas. Um mercado que ignora ou discrimina os princípios éticos cria condições desumanas que se abatem sobre pessoas que já vivem em condições precárias” (Idem, n. 5). O Pontífice volta a firmar que a pobreza não é fruto do destino, mas consequência do egoísmo. Por isso convida a todos para dar vida a processos de desenvolvimento onde se valorizem a capacidade de todos.

O Papa Francisco, no final de sua mensagem, conclama a todos: “Faço votos de que o Dia Mundial dos Pobres, chegado já à sua quinta celebração, possa radicar-se cada vez mais nas nossas Igrejas locais e abrir-se a um movimento de evangelização que, em primeira instância, encontre os pobres lá onde estão”. E termina dizendo: “Os pobres estão no meio de nós. Como seria evangélico, se pudéssemos dizer com toda a verdade: também nós somos pobres, porque só assim conseguiríamos realmente reconhecê-los e fazê-los tornar-se parte da nossa vida e instrumento de salvação” (Idem, n. 9).


Dom Aloísio Alberto Dilli

Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

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