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O Bom Pastor guia Sua Igreja

Ronny-5No dia 12 de junho, celebramos o 33º aniversário da Dedicação de nossa Catedral. Esse é um significativo algarismo que recorda a idade com que nosso Divino Pastor se sacrificou na cruz para a nossa salvação.

Os cristãos têm o milenar costume de construir igrejas, catedrais, templos para reunir, qual tenda do Senhor na Terra, o povo que peregrina rumo à pátria celeste. Tais edificações sacras podem ser apenas bentas, porém as mais importantes para o Povo de Deus são dedicadas com rito próprio muito antigo, mas atualizado, que aliás é muito bonito, de uma riqueza litúrgica e bíblica esplêndidas.

Tais edificações se levantam como expressão do amor da comunidade a Deus, que reserva para nós bela morada no céu, como expressou São Paulo: o que Deus preparou para quem O ama é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração jamais pressentiu (I Cor 2,9). Aqui na Terra erguemos nossas igrejas e as ornamentamos com gosto, chamamos a arte arquitetônica, escultórica, pictórica e outros elementos artísticos para suas edificações como símbolo daquilo que veremos de forma perfeita no paraíso. Mas, também, as enriquecemos de arte sagrada como imagem daquilo que devemos ser em nosso interior, em nossa alma, pois São Paulo nos ensina que nosso corpo é templo vivo do Espírito Santo (I Cor 6,19). Nossa vida, nosso coração, devem ser tão belos para Deus como os templos que construímos.

Também celebramos, naquele dia, véspera da Solenidade de nosso glorioso Padroeiro, Santo Antônio, a Ordenação Presbiteral de nosso estimado irmão, o agora Padre Ronny Moreira de Oliveira. Sinto-me alegre por ter acompanhado o desenrolar desta vocação sacerdotal, sobretudo a partir da Jornada Mundial da Juventude de 2013, convocada pelo Beatíssimo Papa Bento XVI, hoje emérito, e presidida pelo Santo Padre, o Papa Francisco.

Ainda estão bem nítidas as emoções daquele momento sublime, quando o Sucessor de Pedro, presente na esplanada de Copacabana, no Rio de Janeiro, depois de várias outras falas, fez a homilia de encerramento e tudo concluiu dizendo, em nome de Jesus, aos cinco milhões de jovens ali presentes: “Ide, sem medo, para servir”.

Nas leituras bíblicas escolhidas para a Ordenação, focando a parábola do Bom Pastor, no capítulo dez de São João, podemos verificar quanta beleza há na vocação sacerdotal, pois ela não é outra coisa senão a atualização do Pastoreio de Cristo para o povo de Deus que peregrina na história. De fato, esta é uma das mais belas expressões de Jesus sobre si mesmo e sobre a missão de seus discípulos, portanto, de nossos padres de hoje.

Jesus é o Bom Pastor que se põe à frente do rebanho para conduzi-lo para verdes pastagens e águas repousantes. Ele escolhe pastores para irem e fazerem o que Ele gostaria de fazer no caminhar da história, como está escrito no evangelho de Marcos: Jesus subiu a montanha e chamou os que ele quis; e foram a ele. Ele constituiu doze para que ficassem com ele e para que os enviasse a anunciar a boa nova (Mc 3, 13-14).

São Gregório Magno, no século VI, destaca a necessidade de estarmos em plena união com Deus, seja para a nossa vida de ovelhas, como para nosso trabalho de pastores. Ele vai dizer, a respeito do evangelho do Bom Pastor: “Nesta passagem do evangelho, o Senhor acrescentou imediatamente: Assim como o Pai me conhece, eu também conheço o Pai e dou minha vida por minhas ovelhas. Como se dissesse explicitamente: a prova de que conheço o Pai e sou por ele conhecido, é que dou a minha vida por minhas ovelhas; por outras palavras, este amor que me leva a morrer por minhas ovelhas, mostra o quanto eu amo o Pai” (S. Gregório Magno, Homilia 14).

Marcados e impulsionados pelo Bom Pastor que é Cristo, vamos sem medo para servir. Sua grei continua e Ele confia em nós. Neste ano que nos apresenta São José como modelo inspirador, sobretudo na fidelidade e no amor de pai, deixemo-nos guiar pelas palavras do Bom Pastor que nutre suas ovelhas e as conduz amorosamente por caminhos seguros.

Diante dos desafios da pandemia e na construção da segunda fase do nosso Sínodo Arquidiocesano, que será marcada sobretudo pela atenção aos pobres e à reorganização pastoral, deixemos que a ternura e o desprendimento do Bom Pastor nos guiem.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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