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Arte que comunica e evangeliza

Muro-da-CúriaNos últimos meses, a Arquidiocese de Juiz de Fora tem se esforçado para reformar o muro que divide a chamada “Colina da Fé” da Avenida Rio Branco, principal via de Juiz de Fora. Para quem não conhece, o terreno, que abriga o Seminário Santo Antônio, tem hoje, ao seu lado, uma nova construção, muita sólida e bonita de quatro andares, onde nós localizamos não só a Cúria, mas todo o Centro Administrativo de nossa Igreja Particular, o Centro Pastoral João Paulo II, o Arquivo, o setor de Comunicação e o Tribunal Eclesiástico. A este grande prédio demos o nome de “Lumen Gentium”, em homenagem ao Concílio Vaticano II. Pretendemos colocar ali ainda um Museu Arquidiocesano e a Rádio Catedral, que está em um outro local e será transferida futuramente para este que foi construído a partir de 2011 e inaugurado em 2013.

O grande muro era apenas chapiscado e estava muito feio, com lodo, além de danificado em parte da estrutura. Após a sua restauração, veio a dúvida: como pintá-lo? Como evitar as pichações? Então, eu tive a ideia de tirar partido deste grande painel – são mais de 60 metros de muro – para comunicar o evangelho às pessoas que passam na avenida principal da cidade. Afinal, o muro que divide pode unir. A ideia é traduzir nele, de forma artística, a mensagem de tudo aquilo que está dentro da “Colina da Fé”: levar Jesus para os outros e trazer os outros para Cristo.

E, para isso, nós escolhemos cenas bíblicas para pintar ao estilo de graffiti, que hoje também é muito usual nas cidades. As pinturas são compostas, em primeiro lugar, por figuras que representam as contemplações dos mistérios do Terço de Nossa Senhora. A segunda seção, por sua vez, retrata uma breve história da Igreja: seu início, com os pilares São Pedro e São Paulo e o mártir Santo Estevão; a Idade Média, representada por São Bento no século VI, São Francisco no século XIII, e Santa Teresa no século XVI; e o tempo contemporâneo, tendo o Concílio Vaticano II como marco principal, através das figuras de São João XXIII e de São Paulo VI, além de suas quatro constituições principais – Sacrosanctum Concilium, Lumen Gentium, Dei Verbum e a Gaudium et Spes. Já a Igreja local é representada pela Catedral Metropolitana.

Tal iniciativa obedece aos preceitos da Igreja, que sempre utilizou a arte para cumprir a sua missão de evangelizar. A arte é uma expressão da beleza e toda beleza comunica e motiva. Quem está diante de algo bonito não fica inerte e alguma mensagem vai ao seu coração, ainda que seja subliminarmente. A beleza é reflexo de Deus, Ele é a beleza suprema. Devemos utilizar todos os meios que pudermos para transmitir o evangelho, em vista da salvação de todos.

A pintura do muro também vai em direção ao que é proposto nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora para o próximo quadriênio (2019 a 2023), aprovadas na última Assembleia da CNBB e que estão centradas na evangelização do mundo urbano. Em nosso particular, na Arquidiocese de Juiz de Fora, mesmo antes das DGAE, nós estávamos muito preocupados com o tema. Já tínhamos programado e já estávamos construindo o II Sínodo Arquidiocesano, que tem como tema a evangelização da cidade.

A realidade da nossa Arquidiocese é um pouco particular: nós temos uma grande cidade de 600 mil habitantes, que é Juiz de Fora, e depois mais 36 municípios menores, sabendo que o segundo em população é Santos Dumont, com 50 mil habitantes. Então, nós dividimos o Sínodo em duas partes: uma que vai tratar apenas da grande cidade de Juiz de Fora, com suas características muito atuais, essencialmente urbanas. O segundo momento do Sínodo será o interior, as outras cidades que, como sabemos, também estão marcadas fortemente pela característica de urbanismo.

E, por isso, este painel agora grafitado tem tudo a ver com as DGAE da CNBB para todo o Brasil e com a proposta do nosso Sínodo Arquidiocesano, cujo lema será “Proclamai o Evangelho pelas ruas e sobre os telhados” (Mt 10,27).


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Diáconos: servos do altar e dos pobres

São-LourençoO modelo do diácono na Igreja é Cristo, o eterno Diácono do Pai. Todo Ministério Ordenado é como a atualização do ministério do Filho de Deus, nosso Salvador. Quanto ao termo, diácono significa servidor, tendo origem etimológica no idioma grego.

O ministério diaconal foi instituído pelos Apóstolos, quando, tendo aumentado muito o número dos adeptos da fé em Cristo, se viram super atarefados com o serviço aos pobres, não lhes sobrando tempo para rezar e para a pregação da Palavra (cf. Atos 6). Escolheram sete homens de comprovada virtude, cheios do Espírito Santo, entre os quais, Estêvão, que foi depois o primeiro mártir do cristianismo (cf. Atos 7). Entre estes, havia também um que não era judeu de nascimento, cujo nome era Nicolau, o que demonstra a abertura da fé cristã para todos os povos. Nestes primeiros sete, os diáconos se espelham para viverem seu ministério.

Muitos diáconos se santificaram na história. No dia 6 de agosto do ano de 258, o Papa Sisto II foi martirizado com quatro diáconos da Diocese de Roma, pela perseguição do Imperador Valeriano. Quatro dias depois, ou seja, no dia 10, foi também sentenciado, com pena de morte, o Diácono Lourenço, que era ecônomo da comunidade. O Imperador não o executou junto aos demais, porque ambicionava usurpar o dinheiro da Igreja; porém Lourenço já havia repartido todo o patrimônio com os pobres. Ao ser intimado pelos juízes do Imperador a entregar os bens eclesiásticos, apresentou os pobres dizendo: “Eis a riqueza da Igreja”. Foi esta a palavra decisiva para que o Imperador, cheio de ódio, o mandasse sacrificar em uma grelha incandescente, colocada sobre um braseiro. Conta-se que Lourenço suportou com tanta fé, amor a Deus e união a Cristo, que teria conservado até mesmo o humor, dizendo a certo momento aos algozes: “Pode me virar, pois desse lado já está assado”.

Este sábado, 10 de agosto de 2019, dia litúrgico de São Lourenço, Diácono e Mártir, é um dia especial para a nossa Igreja Particular de Juiz de Fora e para nossa caminhada preparatória rumo ao 2º Sínodo Arquidiocesano, a iniciar-se em outubro próximo. A oferta dos ministérios de Leitor e Acólito que a Igreja faz a vinte e cinco candidatos ao Diaconado Permanente, depois de terem se preparado em um curso filosófico/teológico de quase quatro anos, representa significativo aumento dos servidores do Povo de Deus.

Como Leitores, passarão a assimilar mais a Palavra de Deus para comunicá-la com incontestável autenticidade; como Acólitos, alimentar-se-ão, com crescente santidade, do mistério do altar para repartir o Pão Eucarístico aos fiéis com dignidade e unção. Nestas funções litúrgicas, está intrinsecamente presente o serviço aos pobres e sofredores que caracteriza o ministério diaconal.

Às vésperas da Semana da Família, tenho imensa alegria de conferir a estes vinte e cinco senhores, esposos e pais de comprovada fé, tais Ministérios sagrados. Saúdo com afeto paternal e fraternal os ministrandos, suas dignas esposas, seus queridos filhos e a toda nossa Arquidiocese juiz-forana, uma Igreja sempre em missão, pronta para pregar pelas ruas e sobre os telhados, a santa Palavra de Deus.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Agosto, mês das vocações

Design-sem-nome-1O mês de agosto é dedicado às vocações. A cada domingo, a liturgia nos leva a uma reflexão sobre os principais chamados da vida da Igreja. O primeiro final de semana é voltado aos que fazem parte dos ministérios ordenados: bispos, padres e diáconos. Já no segundo o destaque são as famílias, celebrando o matrimônio. O terceiro domingo é dedicado aos (às) religiosos (as) e consagrados (as) que fazem parte das diferentes congregações e comunidades da Igreja, enquanto o último lembra os catequistas, recordando a importância do leigo.

Por isso, ouvir o chamado de Deus e discernir os nossos dons à luz da fé é fundamental, como explica o Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira. “Vocação é um chamado de Deus, a própria palavra em latim, ‘vocare’, significa chamar. Pela nossa fé, acreditamos que o Pai nos chama. Nós temos aqueles que são chamados para serem sacerdotes consagrados, religiosos e religiosas, leigos (as) para vários ministérios da Igreja e famílias que são chamadas para viverem na fé cristã. Tudo isso é um chamado de Deus”.

Todos são chamados a servir, segundo o pastor. “O chamado significa um favor de Deus à pessoa, mas muito mais um favor ao povo e à Igreja. Todos a servem de alguma forma, mas sempre com esta força da fé, do amor a Deus. Tudo isso nos impulsiona. Descobrir uma vocação é um ato de fé. É olhar para o alto e perguntar: qual é a minha vocação, o que Deus espera da minha vida em favor da Igreja e das pessoas?”, destacou.

Seminário

Todas as vocações recebem uma atenção especial da Igreja. Seja através de encontros, congressos, catequeses ou ensino, pela educação em todos os níveis de escolaridade, ela está atenta às demandas da sociedade e à formação intelectual e espiritual de todos. É o que explica o Reitor do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, Monsenhor Luiz Carlos de Paula. “O nosso seminário forma padres, diáconos permanentes na Escola Ciaconal e também leigos e leigas, para que estejam preparados para a missão evangelizadora”.

Monsenhor Luiz Carlos diz que, entre as propostas de atuação do seminário, está o suporte que as paróquias podem dar aos vocacionados. “A nossa atenção será a de despertar e acompanhar as vocações ao sacerdócio, ou seja, aqueles jovens que sentem o chamado para serem padres. Estamos planejando formar uma equipe para ir às paróquias, ter contato com os párocos para um acompanhamento e falar sobre a importância da vocação e de ouvir o chamado de Deus”.

Congregações religiosas

Atentos ao chamado à vida consagrada, ainda há aqueles que se dedicam às congregações. Para o Frei Carlos Roberto de Oliveira Charles, da Ordem dos Frades Menores Conventuais, o chamado à vida religiosa é um impulso do Espírito Santo na vida da Igreja. “A vida religiosa nasceu na Igreja como uma possibilidade de voltar às fontes, de resgatar o que parecia estar perdido, é sempre um retorno ao Evangelho”.

As congregações possuem diferentes carismas na vida da Igreja. Todos os carismas são inspirados à luz do Evangelho. “Os trabalhos de quem se dedica a vivenciar a vida religiosa são completos e variados. Depende de cada instituto, fundador e fundação. Os trabalhos vão desde a vida pastoral, humanística e ações sociais. Com o tempo, o espírito vai suscitando novas comunidades religiosas que abraçam uma causa ou tarefa, que supram as necessidades do tempo e da Igreja”.

Frei Carlos destaca a importância do discernimento ao chamado. “Primeiro, é importante saber a qual tipo de vocação a pessoa é chamada. A partir disso, é preciso adequar sua vida, seu jeito de ser e pensar a esta espiritualidade encontrada no discernimento. Quando a pessoa se vê vocacionada a ajudar no Reino, ela precisa buscar e encontrar o seu caminho”, finalizou.

*Fonte: site da Arquidiocese JF com colaboração de Elias Arruda

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