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Feliz Ano-Novo

feliz ano novoÉ essa uma expressão bastante comum, mas para o cristão recebe nova acentuação. O tempo em Deus não é apenas contagem em dias ou atividades executadas. Em Deus o tempo é “Kairós”, expressão grega neo-testamentária que mostra que Deus, Senhor da vida e da história, realiza história de salvação. Para Ele todo o tempo é sagrado porque é salvação oferecida. Integrar-se no “Kairós” é integrar-se no projeto de Deus, que se torna sempre novo para gerar “criaturas novas, fermento novo, vida nova”.

Celebrar a passagem do ano é agradecer a Deus pelo ano que vivemos, pedir perdão pelas falhas e pedir suas graças e bênçãos para cada dia do ano novo que chega como presente de Deus para todos nós. Vamos intensamente o ano novo buscando sempre a vivência do amor e a prática do bem.

O Senhor nos convida a sermos generosos e prontos para a vivência desse tempo de Deus que se torna também nosso.

Feliz e abençoado Ano Novo para todos com muita saúde e muita paz.


Mons. Luiz Carlos de Paula
Pároco da Catedral

Feliz Natal

Nativity-Baby-Jesus-Christmas-2008-christmas-2806967-1000-558Natal é festa do encontro de Deus com a humanidade, entre o céu e a terra. É Deus que se faz homem e entra na história para torná-la história da salvação. Natal é o amor de Deus-Pai, que entrega seu próprio Filho para ser nosso irmão e companheiro inseparável de nossa caminhada, para que nossa peregrinação seja marcada pela alegria de pessoas que se inspirem em mensagens de salvação que o próprio Deus nos oferece.

É bom ter Deus-conosco, Emanuel, saber que Ele vive conosco, nos acompanha, nos anima, nos consola, nos fortalece, nos educa para os valores, que por si já são a realização do ser humano. Um ser cheio de Deus neste mundo para possuir Deus em plenitude na felicidade da pátria celeste.

Natal: um Deus em forma de criança! Um Deus com jeito de pobre e migrante! Um Deus que assume as vicissitudes humanas, como para dizer que assume toda a nossa vida, em sua riqueza e limitações, exceto o pecado. Um Deus que faz como um de nós. Isso é consolador. Isso é revelar que Deus está tão perto de nós. O Natal não deve ser apenas uma data. O Natal deve ser uma mensagem permanente do grande amor que Deus tem por nós.

Na festa de Natal há uma só linguagem: A linguagem do amor. É a linguagem do amor infinito de um Deus que se chama Jesus Cristo. Um Deus em forma humana, que entra em nossa história para fazê-la história de salvação. Um Deus-irmão que quer gerar fraternidade, para que todos sejam irmãos e irmãs, vencendo o desequilíbrio do pecado e da morte. A festa do Natal é mensagem viva de amor, de fraternidade, de paz, de alegria, e de salvação. Celebrar o
Natal é celebrar a vida. Se todo nascimento é vida e alegria, muito mais o Natal daquele que veio trazer vida e vida em abundância.

Feliz e abençoado Natal para todos!


Mons. Luiz Carlos de Paula
Pároco da Catedral

Maria, A Virgem de Nazaré, Mulher Orante (Parte 1)

Anunciação
O livro dos Atos do Apóstolos diz que os primeiros cristãos, depois que o Senhor subiu para o céu, permaneciam unidos e não deixavam nunca de rezar. Com eles estava Maria, a Mãe do Senhor: “Todos perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres, entre elas, Maria, a mãe de Jesus e com os parentes dele” (At 1, 14). Mais adiante, relata o mesmo livro bíblico que os discípulos estavam reunidos no mesmo lugar quando desceu sobre eles o Espírito Santo (cf At 2, 12).

Vemos que, para a vinda do Espírito Santo, o ambiente propício estava preparado. Na abertura para Deus o Espírito se manifesta. A vida de oração era um legado preciosíssimo que os apóstolos herdaram de Jesus. Certo dia, eles mesmos pediram ao Senhor: “Ensina-nos a rezar” (Lc 11, 1). Deus já havia colocado no coração do povo judeu aguçado espírito de oração. Foi este povo que o pai escolheu para enviar seu Filho à humanidade. E foi através de Maria, íntegra na observância dos princípios da fé de Abraão, que se realizou a encarnação do Verbo. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14). Comtemplemos Abraão, Moisés, todos os patriarcas, reis e profetas. Todos são inspiradores de oração, mostrando que sem esta prática é impossível estar em sintonia com Deus.

Maria, mulher hebreia de convicções plenas, filha de Joaquim e Ana, família observadora das Leis sagradas, tinha em sua alma a predileção pelas coisas do alto. Como toda mulher de Israel, começa seu dia bendizendo a Deus com a “Beraká”: “Bendito sejais, Vós, Senhor que me criastes segundo a vossa vontade”. Como todo hebreu fiel, tinha à sua disposição a pequena sinagoga de Nazaré, onde podia ir todos os dias ouvir a “Shemá Israel” (Escuta Israel) (Dt 6), lida em voz alta por algum Rabino que explicava o sentido da Palavra de Deus. Aberta ao alto, como sempre acontecia com jovens amorosos de Javé, aprendiam de cor salmos, cânticos e outros trechos da Torá, ou seja, o conjunto dos primeiros 5 livros da Bíblia Sagrada. Assim é que entendemos que, ao ser anunciada pelo Arcanjo Gabriel, ela saiu apressadamente para encontrar sua prima Isabel, que residia sobre o monte Arim Karem, nos arredores de Jerusalém, há cerca de 100 km de Nazaré. Foi lá que, no diálogo com outra mulher orante, já idosa, esposa de Zacarias, que Maria cantou o seu Magnificat com termos muito parecidos com o cântico de Ana, presente no livro mais antigo das Escrituras, 1º livro de Samuel (Sam 2, 1 ss).

Antes disso, contudo, como costume de toda família judaica, Joaquim e Ana a levavam a Jerusalém três vezes ao ano, para visitar o único templo dos israelitas que se localizava em Jerusalém, a cidade da Paz, a capital religiosa do povo de Israel, e celebrar os grandes feitos do Senhor. Iam para a festa das cabanas, conhecida como “Sukkot”, no início do ano hebraico, chamado “Rosh Hashaná”. As cabanas representavam as tendas do deserto quando o povo estava em marcha para a Terra Prometida, sob a liderança de Moisés que o tirou da escravidão do Egito.

Nas festas de Pentecostes, as mulheres se reuniam no ‘pátio das mulheres’ e podiam oferecer aos sacerdotes as primícias de suas colheitas. Iam, por fim, para a grande festa da Peshà, a Páscoa, com a qual celebravam o principal fato de sua história que foi a libertação total da escravidão no Egito e a entrada na Terra Prometida.

As informações sobre a vida cotidiana da família de Nazaré podem ser encontradas, com muita beleza, no precioso livro “Maria, Mãe da Humanidade”, de autoria de Frei Bruno Varriano – OFM, frade brasileiro que vive hoje em Nazaré, como guardião e reitor da Basílica da Anunciação, da Custódia da Terra Santa.

Prosseguiremos semana que vem com estas reflexões.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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