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Eleições, Momento Grave

No próximo dia 7 de outubro, o Brasil vai novamente às urnas. O momento reveste-se de grande importância, pois reinando a democracia, o povo elegerá seus líderes. No momento, o País passa por situação inusitada de sua história, sobretudo em relação ao cargo de Presidente, fortemente marcada por uma polarização que divide a população quase de meio a meio. Os demais candidatos lutam para atingir o patamar da disputa, num ritmo veloz que separa os eleitores por alguns aspectos pontuais.

O que polariza hoje é, por exemplo, a questão moral, porquanto a população vê com preocupação a degeneração dos costumes pregados por alguns partidos hoje dominantes, colocando em risco o direito dos pais de educarem seus filhos. Outro ponto é o desemprego escandaloso, fruto de má administração dos últimos anos. Também a violência descontrolada pede urgente solução. Outros aspectos morais e éticos regem também a polarização.

Sendo o povo brasileiro, em sua imensa maioria, gente religiosa de diversas crenças, não há como separar o religioso do civil. Como cristãos, cumpriremos o dever de participar deste momento de cidadania, visando o bem comum, cooperando para a construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e pacífica, voltada para a defesa da pessoa humana, imagem e semelhança de Deus.

A Igreja vem, na sua história bimilenar, construindo sua doutrina social, pela qual ela considera a política, quando bem praticada, uma forma elevada do exercício da caridade. Papa Francisco tem repetido, múltiplas vezes, sobre o dever de participação dos cristãos leigos, como candidatos, nas eleições, sempre movidos pela lisura em seu comportamento.

A CNBB, em sua mensagem publicada na última Assembleia Geral, realizada em maio passado, afirma: Ao abdicarem da ética e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um cenário desolador, no qual a corrupção ganha destaque, ao revelar raízes cada vez mais alastradas e profundas. Nem mesmo os avanços em seu combate conseguem convencer a todos de que a corrupção será definitivamente erradicada. Cresce, por isso, na população, um perigoso descrédito com a política. A esse respeito, adverte-nos o Papa Francisco que, ‘muitas vezes, a própria política é responsável pelo seu descrédito, devido à corrupção e à falta de boas políticas públicas’ (Laudato Sì, 197). De fato, a carência de políticas públicas consistentes, no país, está na raiz de graves questões sociais, como o aumento do desemprego e da violência que, no campo e na cidade, vitima milhares de pessoas, sobretudo, mulheres, pobres, jovens, negros e indígenas.

Quanto à corrupção política, a CNBB vem alertando há anos, como o fez em Nota do ano de 2008: A cultura da corrupção perpassa as malhas da nossa história política. A corrupção pessoal e estrutural convive com o atual sistema político brasileiro e vem associada à estrutura econômica que acentua e legitima as desigualdades. É relevante e urgente aplicar com empenho a Lei 9.840, em decorrência da qual já foram cassadas em torno de 600 pessoas. Esta lei ajuda a assegurar a lisura das eleições na campanha eleitoral. Para tanto, queremos valorizar os Comitês contra a corrupção eleitoral.

Um dos pontos decisivos para os brasileiros no momento de escolher um candidato que mereça o seu voto, será, sem dúvida, a questão em torno do valor da vida humana e do respeito à família, incluindo a proteção da inocência das crianças, sobretudo nas escolas. Em nossa consciência cristã, somente podem receber apoio os candidatos defensores da vida, da família e da dignidade da pessoa humana, desde a mais tenra idade.

Sobre o dever do voto, a CNBB, na mensagem deste ano de 2018, alerta: Nas eleições, não se deve abrir mão de princípios éticos e de dispositivos legais, como o valor e a importância do voto, embora este não esgote o exercício da cidadania; o compromisso de acompanhar os eleitos e participar efetivamente da construção de um país justo, ético e igualitário; a lisura do processo eleitoral, fazendo valer as leis que o regem, particularmente, a Lei 9840/1999 de combate à corrupção eleitoral mediante a compra de votos e o uso da máquina administrativa, e a Lei 135/2010, conhecida como ‘Lei da Ficha Limpa’, que torna inelegível quem tenha sido condenado em decisão proferida por órgão judicial colegiado.

Deus nos ilumine a todos para este momento de importância na vida do Povo brasileiro, para que a escolha dos nomes a serem votados seja um ato de responsabilidade e patriotismo. Nossa Senhora Aparecida interceda pelo Brasil nesta hora.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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