O Padre Discípulo e Missionário
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- Terça, 15 Junho 2021 12:14
Com grande alegria, nos reunimos no dia 5 de junho para agradecer a bondade de Deus para com o seu povo, dando-nos mais um Padre, mais um Pastor. Por feliz coincidência, pela segunda vez em poucos dias, refletimos sobre o evangelho de Mateus, em seu capítulo final. Nós o lemos na Solenidade da Santíssima Trindade e o retomamos para o dia feliz da Ordenação Presbiteral do Padre Alex Francisco da Silva.
Em cada momento que o lemos, um de seus aspectos se destaca. Na festa da Santíssima Trindade, meditamos sobre o Mistério Básico de nossa fé: Deus é um em três pessoas, porque Ele é um, mas não é sozinho, é comunhão. No dia da ordenação, contemplamos a missão dada por Jesus a seus apóstolos: ide e fazei discípulos meus todos os povos (Mt 28,20). Este tema está intimamente ligado ao lema de nosso II Sínodo Arquidiocesano: “Proclamai o evangelho pelas ruas e sobre os telhados” (Mt 10,27).
Sabendo que os Apóstolos são hoje os bispos, mas que unidos a eles os presbíteros participam intimamente deste ministério, como nos ensina a Igreja e como está bem evidente no Catecismo da Igreja Católica (CIC), contemplemos três aspectos do ministério presbiteral:
O que é o Sacramento da Ordem?
Para responder a esta pergunta, baseado no que diz o Concílio Vaticano II, podemos destacar que o Sacerdote é a continuação, no tempo, do único sacerdócio de Cristo. Literalmente diz o CIC: “É um dos meios pelos quais Cristo não cessa de construir e de conduzir sua Igreja”. Diz São Tomás de Aquino: “Somente Cristo é o verdadeiro Sacerdote; os outros são seus ministros”. Por isso, a Igreja sempre ensinou que o sacerdote age in persona Christi Capitis. Toda ação sacramental do padre é, na verdade, ação de Cristo.
Qual é o sentido específico do Ministério Presbiteral?
Podemos responder com o que nos ensina a Lumen Gentium, um dos principais documentos do Concílio Vaticano II: “Solícitos cooperadores da ordem episcopal, seu auxílio e instrumento, chamado para servir ao povo de Deus, os sacerdotes formam com seu Bispo um único presbitério, empenhados, porém, em diversos ofícios. Em cada comunidade local de fiéis tornam presente, de certo modo, o bispo, ao qual se associam com espírito fiel e magnânimo” (LG 31).
Na Presbyterorum Ordinis, lemos: “Estabelecidos na ordem do presbiterado através da ordenação, os presbíteros estão ligados entre si por uma íntima fraternidade sacramental; de modo especial, porém, formam um só presbitério na diocese para cujo serviço estão escalados sob a direção do Bispo próprio” (PO 8).
O que a Igreja espera hoje dos presbíteros?
Sobre isso vai dizer a Lumen Gentium: “eles são consagrados para pregar o evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino…” (LG 28). A carta aos hebreus, por sua vez, vai dizer: os sacerdotes são constituídos para intervir em favor das pessoas em suas relações com Deus… (Hb 5,3).
O Padre é um homem para Deus e um homem para a Igreja. Ele é para o céu e para o povo que peregrina na terra. Ele, portanto, deve ser pessoa de oração, pois somente quem ora mantém-se em união com Deus.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
Santo Antônio, um homem atual
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- Terça, 08 Junho 2021 12:41
Ao olharmos a imagem de Santo Antônio, damo-nos conta de que ele tem um Menino Jesus nas mãos, junto com a Sagrada Escritura. A presença do Menino Jesus, fruto de uma visão mística, tem uma inspiração significativa. Assim, também a presença da Sagrada Escritura. Delas, o “Santo de todo o mundo”, como o chamou o Papa Leão XIII, continua bem atual, inspirando o modo de ser e viver de todos nós, numa linguagem que antes de ser argumentativa, deve ser de testemunho e narração. São tantas as riquezas de ensinamentos espirituais contidas nos “Sermões de Antônio”, que o Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio de Pádua, “Doutor da Igreja”, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”. Isto porque desses escritos sobressai o vigor e a beleza do Evangelho, e ainda hoje os podemos ler com grande proveito espiritual.
Contudo, o fato de ter nos seus braços o Menino Jesus, lhe dá a segurança na sua vida. Ele viveu com Cristo e por Cristo. Olhou para Ele e o anunciou. No tempo de falta de fé, no nosso tempo, o anúncio de Jesus Cristo precisa ser bem claro. Os santos de nossa devoção do povo tem esta certeza, até nos braços. Uma Igreja “em saída”, que o Papa Francisco nos pede, é uma comunidade cristã missionária. Ela precisa, a partir dos grupos que vivemos, dar o bom exemplo de como se vive a relação de amor a Deus, no seu Filho, e o amor aos irmãos. Creio firmemente que os santos são um grande modelo. Sobretudo quando o santo fala do modo como ele rezava e que pode nos ajudar, sua proximidade era tal que ocorreu que o Menino o viesse ao colo. “Santo Antônio fala da oração como de uma relação de amor, que estimula o homem a dialogar docilmente com o Senhor, criando uma alegria inefável, que suavemente envolve a alma em oração” (Bento XVI, 10 de fevereiro de 2010). Neste caminho feito por Antônio, da oração, temos uma inspiração da teologia franciscana, “da qual ele foi o iniciador, isto é, o papel atribuído ao Amor divino, que entra na esfera dos afetos, da vontade, do coração, e que é também a fonte da qual brota uma consciência espiritual que supera qualquer conhecimento” (Bento XVI, 10 de fevereiro de 2010). Na teologia de Antônio, temos o cristocentrismo. Ele nos conduz a Cristo sempre. “Ela contempla benevolamente, e convida a contemplar, os mistérios da humanidade do Senhor, o homem Jesus, de modo particular o mistério da sua Natividade, Deus que se faz Menino, entregou-se nas nossas mãos: um mistério que suscita sentimentos de amor e de gratidão para com a Bondade divina” (Bento XVI, 10 de fevereiro de 2010).
O costume que temos de distribuir pães nas missas de Santo Antônio, tem a ver com este carinho especial dele, pelos pobres. A consequência da vida de oração e do amor a Cristo o levou a fazer o bem, a amar os pobres. Sua ação foi, assim, movida por esta compaixão pelos pobres, que, em Cristo aparece de maneira tão clara. “Ó ricos, tornai-vos amigos dos pobres, acolhei-os na vossas casas: serão depois eles, os pobres, quem vos acolherão nos eternos tabernáculos, onde há a beleza da paz, a confiança da consciência, a opulenta tranquilidade da eterna saciedade” (Santo Antônio, Sermones Dominicales et Festivi II, p.29).
Antônio, olhava para Cristo e conversava com Ele, na vida de oração. Era um pobre, um grande amor a eles, pela ação. O evangelho, que carrega nos braços, é a dedicação de sua vida, foi pregador. “Se pregas Jesus, Ele comove os corações duros; se o invocas, alivia das tentações amargas; se o pensas, ilumina o teu coração; se o lês, sacia-te a mente” (Santo Antônio, Sermones Dominicales et Festivi II, p.59).
Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta (RS)
DEUS UNO E TRINO
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- Terça, 25 Maio 2021 10:47
Apoiados numa rica e extensa fundamentação contida na Sagrada Escritura, podemos dizer que em Deus existe uma perfeita unidade, constituída pela natureza divina, porque Ele se manifesta de forma trinitária, no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Isso significa unidade na diversidade de pessoas, realidade de comunhão, que é proclamada na solenidade da Santíssima Trindade.
A verdadeira unidade comunitária é fruto maduro da prática do amor, da gratuidade, da valorização das coisas boas que o outro faz, da superação de toda forma de inimizade, contenda, rivalidade, competição, críticas destrutivas etc. A desunião enfrenta um grande desafio, o desencanto por convivência mais fraterna e sadia. Essa prática pode ser consequência de negação da fé trinitária.
No gesto de manifestação, Deus constrói laços de profundo amor, porque vai ao encontro das pessoas e chega aos corações sensíveis. É o laço da antiga Aliança, de encontro com o ser humano com proposta que conduz ao caminho de vida e de benção para o povo. Esse caminho depende também da identidade da fé no único Deus, construída pela prática e fidelidade aos mandamentos.
O Deus, que é uno e trino, não é um ser divino totalmente sem compromisso, insensível e indiferente em relação ao sofrimento das pessoas mais desprezadas. Elas são seres humanos e têm direito à paternidade divina e a uma vida digna e plena. Na condição de Pai, Deus realiza um profundo gesto divino-humano, acolhe os seus filhos com carinho e amor, e os integra na sua grande família.
A identidade do cristão vem da Santíssima Trindade, isto é, do Batismo realizado no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Daí surge o que chamamos de “pertença” à Igreja, formando corpo com os demais cristãos. A Trindade Santa é uma comunidade divina, a fonte da comunidade cristã formada pelas pessoas batizadas. São formados laços de convivência, onde a responsabilidade é de todos.
Na Igreja, como comunidade de cristãos, neste tempo forte de pandemia, o que mais se evidencia é o belo gesto da solidariedade e da partilha fraterna. Não há preocupação em dar publicidade, mas em todas as inúmeras paróquias espalhadas por todos os cantos do Brasil, os cristãos têm demostrado seu compromisso com a vida das pessoas mais necessitadas devido ao tempo pandêmico.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
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