O Bom Pastor guia Sua Igreja
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- Quinta, 17 Junho 2021 08:41
No dia 12 de junho, celebramos o 33º aniversário da Dedicação de nossa Catedral. Esse é um significativo algarismo que recorda a idade com que nosso Divino Pastor se sacrificou na cruz para a nossa salvação.
Os cristãos têm o milenar costume de construir igrejas, catedrais, templos para reunir, qual tenda do Senhor na Terra, o povo que peregrina rumo à pátria celeste. Tais edificações sacras podem ser apenas bentas, porém as mais importantes para o Povo de Deus são dedicadas com rito próprio muito antigo, mas atualizado, que aliás é muito bonito, de uma riqueza litúrgica e bíblica esplêndidas.
Tais edificações se levantam como expressão do amor da comunidade a Deus, que reserva para nós bela morada no céu, como expressou São Paulo: o que Deus preparou para quem O ama é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração jamais pressentiu (I Cor 2,9). Aqui na Terra erguemos nossas igrejas e as ornamentamos com gosto, chamamos a arte arquitetônica, escultórica, pictórica e outros elementos artísticos para suas edificações como símbolo daquilo que veremos de forma perfeita no paraíso. Mas, também, as enriquecemos de arte sagrada como imagem daquilo que devemos ser em nosso interior, em nossa alma, pois São Paulo nos ensina que nosso corpo é templo vivo do Espírito Santo (I Cor 6,19). Nossa vida, nosso coração, devem ser tão belos para Deus como os templos que construímos.
Também celebramos, naquele dia, véspera da Solenidade de nosso glorioso Padroeiro, Santo Antônio, a Ordenação Presbiteral de nosso estimado irmão, o agora Padre Ronny Moreira de Oliveira. Sinto-me alegre por ter acompanhado o desenrolar desta vocação sacerdotal, sobretudo a partir da Jornada Mundial da Juventude de 2013, convocada pelo Beatíssimo Papa Bento XVI, hoje emérito, e presidida pelo Santo Padre, o Papa Francisco.
Ainda estão bem nítidas as emoções daquele momento sublime, quando o Sucessor de Pedro, presente na esplanada de Copacabana, no Rio de Janeiro, depois de várias outras falas, fez a homilia de encerramento e tudo concluiu dizendo, em nome de Jesus, aos cinco milhões de jovens ali presentes: “Ide, sem medo, para servir”.
Nas leituras bíblicas escolhidas para a Ordenação, focando a parábola do Bom Pastor, no capítulo dez de São João, podemos verificar quanta beleza há na vocação sacerdotal, pois ela não é outra coisa senão a atualização do Pastoreio de Cristo para o povo de Deus que peregrina na história. De fato, esta é uma das mais belas expressões de Jesus sobre si mesmo e sobre a missão de seus discípulos, portanto, de nossos padres de hoje.
Jesus é o Bom Pastor que se põe à frente do rebanho para conduzi-lo para verdes pastagens e águas repousantes. Ele escolhe pastores para irem e fazerem o que Ele gostaria de fazer no caminhar da história, como está escrito no evangelho de Marcos: Jesus subiu a montanha e chamou os que ele quis; e foram a ele. Ele constituiu doze para que ficassem com ele e para que os enviasse a anunciar a boa nova (Mc 3, 13-14).
São Gregório Magno, no século VI, destaca a necessidade de estarmos em plena união com Deus, seja para a nossa vida de ovelhas, como para nosso trabalho de pastores. Ele vai dizer, a respeito do evangelho do Bom Pastor: “Nesta passagem do evangelho, o Senhor acrescentou imediatamente: Assim como o Pai me conhece, eu também conheço o Pai e dou minha vida por minhas ovelhas. Como se dissesse explicitamente: a prova de que conheço o Pai e sou por ele conhecido, é que dou a minha vida por minhas ovelhas; por outras palavras, este amor que me leva a morrer por minhas ovelhas, mostra o quanto eu amo o Pai” (S. Gregório Magno, Homilia 14).
Marcados e impulsionados pelo Bom Pastor que é Cristo, vamos sem medo para servir. Sua grei continua e Ele confia em nós. Neste ano que nos apresenta São José como modelo inspirador, sobretudo na fidelidade e no amor de pai, deixemo-nos guiar pelas palavras do Bom Pastor que nutre suas ovelhas e as conduz amorosamente por caminhos seguros.
Diante dos desafios da pandemia e na construção da segunda fase do nosso Sínodo Arquidiocesano, que será marcada sobretudo pela atenção aos pobres e à reorganização pastoral, deixemos que a ternura e o desprendimento do Bom Pastor nos guiem.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
O Padre Discípulo e Missionário
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- Terça, 15 Junho 2021 12:14
Com grande alegria, nos reunimos no dia 5 de junho para agradecer a bondade de Deus para com o seu povo, dando-nos mais um Padre, mais um Pastor. Por feliz coincidência, pela segunda vez em poucos dias, refletimos sobre o evangelho de Mateus, em seu capítulo final. Nós o lemos na Solenidade da Santíssima Trindade e o retomamos para o dia feliz da Ordenação Presbiteral do Padre Alex Francisco da Silva.
Em cada momento que o lemos, um de seus aspectos se destaca. Na festa da Santíssima Trindade, meditamos sobre o Mistério Básico de nossa fé: Deus é um em três pessoas, porque Ele é um, mas não é sozinho, é comunhão. No dia da ordenação, contemplamos a missão dada por Jesus a seus apóstolos: ide e fazei discípulos meus todos os povos (Mt 28,20). Este tema está intimamente ligado ao lema de nosso II Sínodo Arquidiocesano: “Proclamai o evangelho pelas ruas e sobre os telhados” (Mt 10,27).
Sabendo que os Apóstolos são hoje os bispos, mas que unidos a eles os presbíteros participam intimamente deste ministério, como nos ensina a Igreja e como está bem evidente no Catecismo da Igreja Católica (CIC), contemplemos três aspectos do ministério presbiteral:
O que é o Sacramento da Ordem?
Para responder a esta pergunta, baseado no que diz o Concílio Vaticano II, podemos destacar que o Sacerdote é a continuação, no tempo, do único sacerdócio de Cristo. Literalmente diz o CIC: “É um dos meios pelos quais Cristo não cessa de construir e de conduzir sua Igreja”. Diz São Tomás de Aquino: “Somente Cristo é o verdadeiro Sacerdote; os outros são seus ministros”. Por isso, a Igreja sempre ensinou que o sacerdote age in persona Christi Capitis. Toda ação sacramental do padre é, na verdade, ação de Cristo.
Qual é o sentido específico do Ministério Presbiteral?
Podemos responder com o que nos ensina a Lumen Gentium, um dos principais documentos do Concílio Vaticano II: “Solícitos cooperadores da ordem episcopal, seu auxílio e instrumento, chamado para servir ao povo de Deus, os sacerdotes formam com seu Bispo um único presbitério, empenhados, porém, em diversos ofícios. Em cada comunidade local de fiéis tornam presente, de certo modo, o bispo, ao qual se associam com espírito fiel e magnânimo” (LG 31).
Na Presbyterorum Ordinis, lemos: “Estabelecidos na ordem do presbiterado através da ordenação, os presbíteros estão ligados entre si por uma íntima fraternidade sacramental; de modo especial, porém, formam um só presbitério na diocese para cujo serviço estão escalados sob a direção do Bispo próprio” (PO 8).
O que a Igreja espera hoje dos presbíteros?
Sobre isso vai dizer a Lumen Gentium: “eles são consagrados para pregar o evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino…” (LG 28). A carta aos hebreus, por sua vez, vai dizer: os sacerdotes são constituídos para intervir em favor das pessoas em suas relações com Deus… (Hb 5,3).
O Padre é um homem para Deus e um homem para a Igreja. Ele é para o céu e para o povo que peregrina na terra. Ele, portanto, deve ser pessoa de oração, pois somente quem ora mantém-se em união com Deus.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
Santo Antônio, um homem atual
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- Terça, 08 Junho 2021 12:41
Ao olharmos a imagem de Santo Antônio, damo-nos conta de que ele tem um Menino Jesus nas mãos, junto com a Sagrada Escritura. A presença do Menino Jesus, fruto de uma visão mística, tem uma inspiração significativa. Assim, também a presença da Sagrada Escritura. Delas, o “Santo de todo o mundo”, como o chamou o Papa Leão XIII, continua bem atual, inspirando o modo de ser e viver de todos nós, numa linguagem que antes de ser argumentativa, deve ser de testemunho e narração. São tantas as riquezas de ensinamentos espirituais contidas nos “Sermões de Antônio”, que o Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio de Pádua, “Doutor da Igreja”, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”. Isto porque desses escritos sobressai o vigor e a beleza do Evangelho, e ainda hoje os podemos ler com grande proveito espiritual.
Contudo, o fato de ter nos seus braços o Menino Jesus, lhe dá a segurança na sua vida. Ele viveu com Cristo e por Cristo. Olhou para Ele e o anunciou. No tempo de falta de fé, no nosso tempo, o anúncio de Jesus Cristo precisa ser bem claro. Os santos de nossa devoção do povo tem esta certeza, até nos braços. Uma Igreja “em saída”, que o Papa Francisco nos pede, é uma comunidade cristã missionária. Ela precisa, a partir dos grupos que vivemos, dar o bom exemplo de como se vive a relação de amor a Deus, no seu Filho, e o amor aos irmãos. Creio firmemente que os santos são um grande modelo. Sobretudo quando o santo fala do modo como ele rezava e que pode nos ajudar, sua proximidade era tal que ocorreu que o Menino o viesse ao colo. “Santo Antônio fala da oração como de uma relação de amor, que estimula o homem a dialogar docilmente com o Senhor, criando uma alegria inefável, que suavemente envolve a alma em oração” (Bento XVI, 10 de fevereiro de 2010). Neste caminho feito por Antônio, da oração, temos uma inspiração da teologia franciscana, “da qual ele foi o iniciador, isto é, o papel atribuído ao Amor divino, que entra na esfera dos afetos, da vontade, do coração, e que é também a fonte da qual brota uma consciência espiritual que supera qualquer conhecimento” (Bento XVI, 10 de fevereiro de 2010). Na teologia de Antônio, temos o cristocentrismo. Ele nos conduz a Cristo sempre. “Ela contempla benevolamente, e convida a contemplar, os mistérios da humanidade do Senhor, o homem Jesus, de modo particular o mistério da sua Natividade, Deus que se faz Menino, entregou-se nas nossas mãos: um mistério que suscita sentimentos de amor e de gratidão para com a Bondade divina” (Bento XVI, 10 de fevereiro de 2010).
O costume que temos de distribuir pães nas missas de Santo Antônio, tem a ver com este carinho especial dele, pelos pobres. A consequência da vida de oração e do amor a Cristo o levou a fazer o bem, a amar os pobres. Sua ação foi, assim, movida por esta compaixão pelos pobres, que, em Cristo aparece de maneira tão clara. “Ó ricos, tornai-vos amigos dos pobres, acolhei-os na vossas casas: serão depois eles, os pobres, quem vos acolherão nos eternos tabernáculos, onde há a beleza da paz, a confiança da consciência, a opulenta tranquilidade da eterna saciedade” (Santo Antônio, Sermones Dominicales et Festivi II, p.29).
Antônio, olhava para Cristo e conversava com Ele, na vida de oração. Era um pobre, um grande amor a eles, pela ação. O evangelho, que carrega nos braços, é a dedicação de sua vida, foi pregador. “Se pregas Jesus, Ele comove os corações duros; se o invocas, alivia das tentações amargas; se o pensas, ilumina o teu coração; se o lês, sacia-te a mente” (Santo Antônio, Sermones Dominicales et Festivi II, p.59).
Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta (RS)
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