Eucaristia: Alimento de uma Igreja sempre em missão
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- Quarta, 25 Maio 2016 13:58
A expressão Corpus Christi, que vem do latim e significa “Corpo de Cristo”.
A festa de Corpus Christi tem por objetivo celebrar solenemente o mistério da Eucaristia, o Sacramento do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Acontece sempre em uma quinta-feira, lembrando a Quinta-feira Santa, quando se deu a instituição deste sacramento.
Durante a última ceia de Jesus com seus apóstolos, Ele tomou o pão e disse: “tomai todos e comei, isto é o meu corpo que será entregue por vós.” Do mesmo modo, ao fim da ceia, tomou o cálice com vinho e disse: “tomai todos e bebei, este é o cálice do meu sangue que será derramado por vós e por todos para a remissão dos pecados.” Em seguida disse ainda: “fazei isto em memória de mim.”“ O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia, porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida. O que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. O que come deste pão viverá eternamente” (Jo 6, 55-59).
Através da Eucaristia, Jesus nos mostra que está presente ao nosso lado, e se faz alimento para nos dar força para a caminhada. Jesus nos comunica seu amor e se entrega por nós.
A celebração de Corpus Christi consta de uma Missa, procissão e adoração ao Santíssimo Sacramento.
A procissão lembra a caminhada do povo de Deus peregrino em busca da Terra Prometida. No Antigo Testamento esse povo foi alimentado com maná, no deserto.
A festa de Corpus Christi amplia para a cidade a intimidade da mesa eucarística que congrega os amigos de Cristo. Por um dia se realiza, simbolicamente, o sonho de fraternidade que o Evangelho continua a propor como a vocação que deve inspirar todo projeto da sociedade.
Como Evangelho, a Eucaristia é semente que pede para nascer e desabrochar em frutos. Tem a força de provocar consequências, que estão além das causas humanas envolvidas em sua confecção. A Eucaristia é pão e vinho, mas com um fermento diferente. A tradição até coloca que deveria ser pão sem o costumeiro fermento, porque o dela é a força de Deus.
A celebração de Corpus Christi quer nos levar ao compromisso com a festa da partilha, para que o alimento que existe no mundo chegue à mesa de todos, para que a vida aconteça. Isto se dá quando acontece a partilha e não a acumulação: “Todos comeram e ficaram saciados.”
Mons. Luiz Carlos de Paula
Pároco da Catedral Metropolitana
Maio, mês de Maria
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- Terça, 17 Maio 2016 12:19
Na luz do Cristo Ressuscitado, o eterno vencedor, caminhamos no mês de maio com Maria, Mãe de Deus e nossa, preparando-nos para a grande celebração de Pentecostes, festa do Espírito Santo. Começamos o mês celebrando o Dia do Trabalhador, agradecendo a Deus o dom do trabalho e suplicando a Ele, por intercessão de São José, o operário de Nazaré, que em nossa sociedade todos possam ter trabalho e salário dignos.
Celebrando o mês de Maria, mãe de todas as mães, vivemos momentos fortes da devoção mariana: Festa de Nossa Senhora de Fátima, de Nossa Senhora Auxiliadora e Nossa Senhora da Visitação.
Num gesto de gratidão e ternura, lembramo-nos de todas as mães, trazendo em sorrisos e palavras o sentimento dessas mulheres tão especiais.
No mês de maio, a devoção mariana aflora de forma mais intensa no coração do nosso povo católico: cânticos, ladainhas, coroações, procissões, terços e outras manifestações carinhosas dos filhos para com a nossa Mãe do céu.
O verdadeiro devoto de Maria reconhece o seu amor manifestado na sua intercessão contínua junto a seu Filho Jesus em nosso favor e no esforço que devemos ter em imitar as suas virtudes.
Mons. Luiz Carlos de Paula
Pároco da Catedral Metropolitana
A crise no Brasil
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- Quarta, 27 Abril 2016 08:44
O povo brasileiro está vivendo um dos momentos mais intensos de sua história, com esperanças, mas também com sofrimentos e perigos. Na esteira da democracia, muitas tendências emergem, graças a Deus, sem violência, algumas muito positivas e promissoras, outras preocupantes, nos seus termos e nos seus métodos. Democracia é assim mesmo. É oportunidade de todos manifestarem suas opiniões e provarem suas teses. Por esse meio, o povo vai conhecendo melhor os seus governantes, como também os métodos justos ou injustos presentes na vida da política do País. É ocasião de rever, de corrigir, de propor, de decidir. O critério da maioria é uma característica da democracia, por isso as regras têm que obedecer aos princípios. Não se pode pensar em democracia se, para se eleger, seja necessário o emprego desordenado do dinheiro ou de inverdades e enganos propositais. Isso seria pseudo-democracia.
O núcleo da atual crise está na corrupção que se tornou endêmica no país, chegando, nos últimos tempos, a níveis insuportáveis.
Sobre a presença da Igreja nesta hora brasileira, gostaria de propor ao caro leitor, trechos do Magistério Eclesiástico, algumas já citadas também por nosso irmão no episcopado, Dom Fernando Rifan, Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, em seu interessante artigo ‘Momento Político’.
É importante recordar o que ensinou Bento XVI em sua encíclica Deus Caritas Est: “A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política... não pode nem deve se colocar no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela pela via da argumentação racional e deve despertar as forças espirituais, sem as quais a justiça... não poderá firmar-se nem prosperar” (Deus Caritas Est, 28). Também o Papa Francisco tem ensinado que “Todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a se preocupar com a construção de um mundo melhor” (Evangelium Gaudium183).
A Igreja não deseja que os seus ministros ordenados se candidatem a cargos políticos e nem se filiem a partidos, para, inclusive, não correrem o risco de macularem a pregação da Palavra, uma vez que facilmente os púlpitos poderiam se transformar direta ou indiretamente em palanques eleitoreiros. Ela tem princípios, mas não faz opções partidárias. Tem o direito, como qualquer grupo ou qualquer cidadão, de analisar os programas de cada partido e indicar a seus fiéis o que é compatível com a fé cristã e o que não o é, assim como também tem o dever de esclarecer sobre a oportunidade ou não de eleger certos candidatos que não merecem sua confiança, sobretudo os que têm sua “ficha suja”.
Se a Igreja não deseja que seus padres ou bispos se candidatem, ela orienta aos fiéis leigos que o façam com dignidade e determinação, como ensinou São João Paulo II: “Os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na política, ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum.” (Christifidelis Laici, 42).
Sobre o impeachment da Presidente, a 54ª. Assembléia da CNBB afirmou que “a crise atual evidencia a necessidade de uma autêntica e profunda reforma política, que assegure efetiva participação popular, favoreça a autonomia dos poderes da República, restaure a credibilidade das instituições e garanta a governabilidade”. Também ficou claro que a Igreja não deseja emitir juízo jurídico ou político, certa de que tal procedimento não cabe a ela, mas às instâncias competentes do Estado.
Para evitar certas interpretações não condizentes com a Doutrina Social da Igreja, recordemos o que afirmou Paulo VI: “Há cristãos, hoje em dia, que se sentem atraídos pelas correntes socialistas e pelas suas diversas evoluções. Eles procuram descobrir aí certo número de aspirações, que acalentam em si mesmos, em nome da sua fé..., contudo, tal corrente foi e continua a ser, em muitos casos, inspirada por ideologias incompatíveis com a fé cristã... (Octogesima Adveniens, 31).
As confusões aludidas por Paulo VI perduram ainda hoje, porém cada vez em menor número, seja por ter havido amadurecimento na análise dos fatos históricos que revelaram o insucesso de teorias marxistas em vários lugares, seja por aprofundamento na reflexão sobre a relação da fé cristã com teorias sociais. Já houve quem dissesse que entre cristianismo e marxismo pode haver alguma coisa em comum, pois ambos desejam tratamento igualitário para os seres humanos, porém há uma diferença fundamental: enquanto Marx diz: “o que teu é meu”, Cristo diz: “o que é meu é teu”. Isto muda tudo na compreensão dos fatos e nos métodos.
Nesta hora brasileira, o mais importante é a esperança, a luta fiel contra a corrupção esteja ela onde estiver. Que tudo se realize em paz, sem violência, na busca de uma comunidade nacional justa, fraterna, progressista, respeitadora dos legítimos direitos da pessoa humana, inclusive o de professar livremente a fé.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz e Fora