Eis o Tempo de Conversão
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- Sexta, 05 Fevereiro 2016 20:08
A quaresma é um tempo de renovação espiritual para a nossa Igreja, tempo de conversão e de fidelidade, tornando-a mais profundamente Povo do Senhor. Tempo de preparação para a celebração da Páscoa: Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus. Precisamos tomar a sério a advertência do Apóstolo Paulo: “Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação” (2Cor 6,2).
A Quaresma é, para a Igreja, um momento de verdade, de se assumir como povo que o Senhor escolheu e conduz. É tempo para assumirmos corajosamente a nossa diferença, no mundo em que vivemos: diferença na fé, nas motivações e nos critérios. É tempo de penetrar no desígnio de Deus a nosso respeito, de percebermos que Ele tem uma vontade para o Seu Povo, em que revela os caminhos da vida e que nos fortalece com o seu Espírito, para que possamos caminhar na fé, na esperança e na caridade. Tomemos consciência de que a Quaresma tem de ser, para nós, tempo de discernimento e de fidelidade.
A primeira interpelação da Quaresma é a da conversão. É o grito, em tom dramático, do Profeta Joel: “Convertei-vos a Mim de todo o coração, com jejuns, lágrimas e lamentações. Rasgai o vosso coração, não os vossos vestidos. Convertei-vos ao Senhor vosso Deus” (Jl. 2,12-13). E São Paulo, em tom igualmente sério, escreve aos Coríntios: “Nós vos pedimos, em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus” (2 Cor 5,20).
A Quaresma é um tempo em que somos chamados a viver ao ritmo da graça, recorrendo a todas as ajudas que, para isso, Deus nos dá, por Jesus Cristo, através da força sacramental da Igreja. Não tenhamos ilusões: muitas das fragilidades dos cristãos devem-se ao fato de reduzirem a sua vida à ordem da natureza, esquecendo que a retidão natural, mesmo que se consiga, não é ainda a santidade.
A Quaresma contém uma forte interpelação à conversão, o que significa aceitar os nossos pecados e a confiança na misericórdia transformadora de Deus. A conversão é uma experiência de realismo e de confiança: realismo de quem reconhece o seu pecado, confiança na infinita misericórdia de Deus: “Ele é clemente e compassivo, paciente e misericordioso” (Jl 2,13).
A Campanha da Fraternidade 2016 aborda o tema “Casa comum, nossa responsabilidade”. O lema bíblico para apoiar esta escolha baseia-se em Amós 5,24, que diz: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”. A Campanha propõe um olhar mais amoroso para o planeta e para a natureza, criando assim uma consciência fraterna e lembrando que nossos recursos são limitados e precisamos cuidar bem deles para que assim possamos viver bem. A Campanha deste ano é ecumênica, ou seja, realizada em união com as igrejas cristãs pertencentes ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).
Vamos viver com profundidade o tempo da Quaresma à luz da Campanha da Fraternidade como caminho de conversão e de graça. Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação.
Mons. Luiz Carlos de Paula
Pároco da Catedral Metropolitana