O testemunho de fé de Maria de Nazaré
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- Segunda, 07 Dezembro 2020 13:17
A Solenidade da Imaculada Conceição que marca, a cada ano, o nosso caminho de preparação para o Natal, encontra no Advento o seu contexto mais natural. A contemplação do mistério da graça, assim como ele se revelou na vida de Maria, é fonte de esperança para toda a Igreja e para cada um de nós, para cada pai, cada mãe, cada jovem, adolescente ou criança. O mistério da graça, que nos coloca em comunhão com Deus, é o fundamento da história e do projeto de salvação para cada criatura que está no coração de Deus criador.
A inocência de Maria, manifestada no anúncio do anjo Gabriel, é esta capacidade de viver na realidade da vida, com o coração aberto às passagens imprevisíveis de Deus na sua vida, mas também na nossa história. Maria é mestra da espera e por isso toda a sua vida “é como que vivida em previsão”, é totalmente vivida em relacionamento com os outros e, por isso, é uma vida verdadeira.
No peregrinar da vida, o primeiro passo para vivermos a nossa humanidade, marcada pela “divina” presença de Deus, é abrirmos os ouvidos do coração para nos colocarmos na escuta dele, que pode também nos falar através do silêncio. Os textos da Sagrada Escritura que falam da Anunciação, nas celebrações litúrgicas, não nos falam tanto de Maria, mas do “Filho” Jesus (Lc 1,31) e de Isabel (Lc 1,36). Isso porque toda visita de Deus na nossa vida é uma visita que devemos restituir com um acolhimento e um amor maior, que saiba manifestar gratidão a Deus e nos leve ao encontro dos irmãos e irmãs na comunidade, para estar a serviço do Evangelho.
A promessa de salvação não pode ser separada da comunhão com Deus. Ela se torna para cada um de nós o lugar onde podemos encontrar, a cada dia, a força para tomarmos a decisão de não nos deixar desorientar pelo mal, que tem tantas faces no mundo, e se apresenta muitas vezes com voz sedutora, à porta da nossa mente e do nosso coração, e tenta nos encher de suspeitas e incertezas, ao invés de alimentar a esperança e a confiança no Deus da vida, que caminha com o seu povo, que por amor a cada um de nós enviou ao mundo seu Filho Jesus, que foi acolhido como “Verbo”, palavra, no seio da Virgem Maria.
Maria aceitou ser amparada pela mão do seu Criador. Por Ele deixou-se conduzir, aderindo ao seu “projeto de amor”. E porque o amor “existia antes da criação do mundo”, ele é o coração e o motor da tua vida, da tua história, de cada história humana e divina, vivida na fidelidade e sob o olhar de Deus, Pai criador e salvador.
Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)