Agosto: mês vocacional
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- Terça, 04 Agosto 2015 11:13
O mês de agosto é consistente no chamado para o aprofundamento da vida eclesial. A Igreja no Brasil, com muita sensibilidade, indica este mês para refletir a importância e a diversidade das vocações na Igreja.
A vocação cristã tem uma única origem: Deus. Do seu divino coração partem todas as vocações e todos os chamados. Deus chama porque nos quer felizes e realizados. Vocação não é apenas realização cristã, é também realização humana. Acertar na vocação é acertar na história da própria felicidade. Uma vocação realizada é plenitude de paz e alegria.
A vocação é um chamado. E quando Deus chama, quer uma resposta. Basta olhar a atividade de Jesus. Logo no início da sua missão, escolhe um pequeno grupo de homens, chamados discípulos e entre eles escolhe amigos mais íntimos a acompanhá-Lo em toda a sua obra missionária. São os apóstolos. Nesse jeito de chamar há alguns elementos fundamentais: Jesus vai ao encontro deles. A iniciativa é sempre de Jesus. E vai justamente encontrá-los no lugar do seu trabalho. Estavam pescando junto ao Mar da Galileia e Cristo os chama e eles deixam as redes, seu trabalho, seu ganha pão, seu pai, e seguem generosamente a Jesus.
É interessante notar essa decisão dos apóstolos: deixam tudo. Ainda não conheciam Jesus, mas o jeito de Ele chamar, de olhar para eles, de aproximar-se com amizade, os toca bem no fundo do coração e sentem algo de novo. E a primeira coisa que Jesus faz com eles é uma experiência de vida, chama-os para ficar com Ele, portanto, um gesto de amizade e de carinho.
Jesus quer que façam uma experiência de vida, de amizade, de relacionamento amigo. Só depois os manda fazer a experiência missionária, enviando-os a evangelizar.
Jesus chamou os apóstolos para o seguirem. No mundo de hoje Deus continua chamando. Chama pelas casas e ruas, pelas cidades e vilas, pelas roças e pelo mundo urbano. É o Cristo que continua chamando na intimidade do coração. A voz de Deus é sempre uma voz suave, não força, não impõe, mas convida e o seu convite é cheio de amor e de ternura: “Vem e segue-me”.
O mês vocacional, em seus domingos, nos coloca diante de quadros bem concretos:
No primeiro domingo celebramos a vocação aos ministérios ordenados. Na Igreja, desde dos seus primórdios, temos os três ministérios: o bispo, o presbítero e o diácono.
A vocação matrimonial é celebrada no segundo domingo. Destacar o dia dos pais é enfocar a vocação e a missão matrimonial e familiar.
O terceiro domingo é dedicado à vida consagrada. É a vocação dos religiosos e religiosas, aqueles que aceitam o desafio de viver os valores radicais do Evangelho, dentro do carisma que o Fundador ou Fundadora descobriu, como modo de transformação espiritual do mundo.
No quarto domingo, celebramos a vocação dos leigos e leigas. A Igreja insiste hoje no protagonismo dos leigos, seja nos âmbitos da fé e da comunidade eclesial, mas preferencialmente na esfera do mundo. Por fim, no quinto domingo celebramos e agradecemos a Deus a generosidade dos catequistas.
É importante que neste mês, de modo especial, possamos nos comprometer com a vivência da nossa vocação e rezarmos intensamente pelas vocações seguindo o pedido de Jesus: Enviai, Senhor, operários para a messe, pois a messe é grande e os operários são poucos!
Mons. Luiz Carlos de Paula
Pároco da Catedral
Preservar valores
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- Quarta, 22 Julho 2015 08:28
No caminhar da história é necessário estar sempre atento aos valores. Na ânsia natural de progresso, corre-se o risco de mudar por mudar, esquecendo-se que há certas coisas que devem ser legitimamente conservadas. Há o risco da superficialidade na análise e acabar por ter preconceito contra a palavra conservação.
Ser conservador pode ser um crasso erro ou um genial acerto. Há certas coisas das quais não se pode abrir mão, porque representam riqueza inalienável. Há de se ver que em questões artísticas entendemos bem isto, pois mesmo havendo expressões novas, nunca se destrói uma obra de arte antiga. Quem seria louco de, em valorizando as edificações de Niemeyer, pôr ao chão as obras de Aleijadinho ou de Leonardo da Vinci ou de Michelangelo? Quem, apreciando Portinari ou Picasso, despreza Rafael, Giotto, Ataíde, ou Pedro Américo? Em arte não há competição. Os poemas de Adélia Prado ou de Cecília Meireles ou de Manoel Bandeira não se rivalizam com os sonetos de Raimundo Correia, nem com as poesias de Castro Alves. As composições musicais de Bela Bartók, de Vila Lobos, de Antonin Dvórak não são a destruição dos concertos de Brandenburgo ou das seis suítes para Violoncelo de Johann Sebastian Bach, nem das Quatro Estações de Antonio Vivalvi, nem das sinfonias imortais de Ludwig van Beethoven.
Nas festas comemorativas de Nossa Senhora do Carmo estive mais uma vez, a convite, ministrando ofícios sagrados em São João del-Rei, no novenário da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte Carmelo, da Paróquia da Catedral, celebrados naquela histórica cidade desde o século XVIII, tendo sido fundado o sodalício no ano de 1727. A parte musical, desde 1925, tem sido levada pela Orquestra Ribeiro Bastos, uma das corporações musicais populares mais respeitadas no Brasil, pela excelência de sua performance, pelo alto nível de seu repertório sacro. O novenário e a festa litúrgica celebrada no dia 16 de julho, recordando as experiências místicas de São Simão Stock a quem Nossa Senhora, numa visão, entregou o escapulário no ano de 1251, são imensamente concorridas por verdadeira multidão. Várias são as Missas celebradas por dia, todas elas com presença de grande número de pessoas que também, nestes dias, procuram fervorosas o sacramento da Reconciliação.
Tais celebrações tradicionais, feitas em grande parte na língua latina, tendo o povo o Ritual bilíngue nas mãos, onde pode ler a tradução dos textos em português, são enlevantes e possibilitam autêntico encontro pessoal com Jesus, alimentando a piedade e o genuíno amor a Deus e ao próximo. Com orações, antífonas, ladainhas e aclamações, celebra-se jubilosamente a única mediação de Cristo, na qual encontra-se presente a intercessão de Maria, como em Caná da Galiléia (cf. Jo. 2, 1-12), dos Santos, como Pedro e João à porta do Templo de Jerusalém (cf. Atos 3, 1-9) e dos Anjos, como, por exemplo, a fiel presença do Arcanjo Rafael ao lado de Tobias (Cf. Tobias 3,25). Os sermões são momentos importantes, propícios para aprofundamento do conhecimento bíblico e sua adaptação à vida, sendo dividido o novenário em três tríduos confiados cada um a um pregador.
São João del-Rei distingue-se como capital brasileira da música sacra, das artes sacras em geral, da catolicidade presente em sua gente que, de geração em geração, procura conservar tradições que não podem se perder, e preservar valores que não podem ser diminuídos, pois seria o mesmo que perder inesgotável fonte de fé, de espiritualidade e de vivência cristã.
O Concilio Vaticano II (1962-1965), obra extraordinária do Espírito Santo, verdadeiro novo pentecostes na Igreja, renovou legítima e necessariamente muitas coisas, porém teve o cuidado de não desconhecer os valores já presentes nas comunidades marcadas pela história. Sobre a música sacra, ensina a Constituição Sacrosactum Concilium: Havendo em algumas regiões [...] povos que têm uma tradição musical própria, a qual desempenha importante função em sua vida religiosa e social, a esta música se dêem a devida estimação e o lugar conveniente, tanto para lhes formar o senso religioso, quanto para adaptar o culto à sua mentalidade [...] (SC 119).
Diz ainda o mesmo Documento Conciliar: A Igreja aprova e admite no culto divino todas as formas de verdadeira arte, contanto que estejam dotadas das devidas qualidades (SC 112).
Quanto à conservação de tais valores religiosos, a Igreja não exige que se extingam para simplesmente dar lugar a outras formas, podendo, como acontece na inteligência das artes em geral, conviverem pacificamente de forma complementar, pois seria lastimável perder o que serve, de maneira tão bela e forte, para a prática da vivência do povo de Deus no que diz respeito aos mistérios de Jesus Cristo.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
Santo Antônio: Padroeiro de Juiz de Fora
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- Terça, 02 Junho 2015 09:51
Além de ser padroeiro da cidade, Santo Antônio é padroeiro da Arquidiocese de Juiz de Fora, da Catedral Metropolitana e do Seminário Arquidiocesano. É comemorado no dia 13 de junho, feriado municipal. O que muitas pessoas não sabem é de onde vem esta devoção a um dos santos mais populares da Igreja Católica.
De acordo com o documento produzido em homenagem ao Jubileu Áureo da Arquidiocese, “Juiz de Fora: Nossa História é de fé, Nossa Igreja tem arte”, a devoção da cidade a Santo Antônio surgiu bem antes de sua emancipação política, quando Juiz de Fora era apenas uma vila. A devoção teria sido trazida pelos portugueses.
Relatos históricos narram que o fazendeiro Antônio Vidal deu exemplo dessa devoção, em 1741, quando decidiu pedir licença para construir uma capela com a invocação do santo. Por ter seu nome homônimo ao de Santo Antônio, acredita-se que essa atitude foi uma homenagem ao santo, o que remete a uma “hereditariedade” da fé.
“O arraial de Santo Antônio do Paraibuna se formou não só a partir da movimentação proveniente do Caminho Novo, mas também em virtude das manifestações de religiosidade das pessoas que sentiram a necessidade de construção de uma capela”, diz o documento a respeito do espaço coletivo, que se tornou ponto de referência.
Em 1850, a então Vila de Santo Antônio do Paraibuna de Juiz de Fora teve sua capela de Santo Antônio elevada à categoria de paróquia, a qual se tornou a matriz, no mesmo local onde se encontra hoje, como a Catedral Metropo-litana de Juiz de Fora.
NA IGREJA: “SANTO ANTÔNIO FUJÃO”
A imagem de Santo Antônio Fujão, foi a primeira de Juiz de Fora e possui mais de 200 anos. Conta-se que quando foi construída a capela de Santo Antônio de Juiz de Fora, em meados do ano de 1844, à margem da Estrada Geral (hoje avenida Barão do Rio Branco), trouxeram em procissão a imagem de Santo Antônio para o novo templo. Porém, a imagem teria sumido e aparecido na sua capelinha de origem. Tornaram a levar a imagem do santo para a nova capela, mas novamente ela retornou para seu local de origem. Daí o nome “Santo Antônio Fujão”. A imagem é preservada até hoje, passou por um processo de restauração e ela é exposta durante a Festa de Santo Antônio, no dia 13 de junho.
SANTO ANTÔNIO: PEQUENO HISTÓRICO DE VIDA
Santo Antônio nasceu em Lisboa no ano de 1195, recebendo no batismo o nome de Fernando de Bulhões. Inicial-mente, tornou-se frade regrante de Santo Agostinho, e em 1220 passou para a ordem de São Francisco, assumindo o nome de Antônio. O sobrenome de “Pádua” relaciona-se à cidade italiana onde ele viveu seus últimos anos e conserva até hoje suas relíquias.
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