Preservar valores
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- Quarta, 22 Julho 2015 08:28
No caminhar da história é necessário estar sempre atento aos valores. Na ânsia natural de progresso, corre-se o risco de mudar por mudar, esquecendo-se que há certas coisas que devem ser legitimamente conservadas. Há o risco da superficialidade na análise e acabar por ter preconceito contra a palavra conservação.
Ser conservador pode ser um crasso erro ou um genial acerto. Há certas coisas das quais não se pode abrir mão, porque representam riqueza inalienável. Há de se ver que em questões artísticas entendemos bem isto, pois mesmo havendo expressões novas, nunca se destrói uma obra de arte antiga. Quem seria louco de, em valorizando as edificações de Niemeyer, pôr ao chão as obras de Aleijadinho ou de Leonardo da Vinci ou de Michelangelo? Quem, apreciando Portinari ou Picasso, despreza Rafael, Giotto, Ataíde, ou Pedro Américo? Em arte não há competição. Os poemas de Adélia Prado ou de Cecília Meireles ou de Manoel Bandeira não se rivalizam com os sonetos de Raimundo Correia, nem com as poesias de Castro Alves. As composições musicais de Bela Bartók, de Vila Lobos, de Antonin Dvórak não são a destruição dos concertos de Brandenburgo ou das seis suítes para Violoncelo de Johann Sebastian Bach, nem das Quatro Estações de Antonio Vivalvi, nem das sinfonias imortais de Ludwig van Beethoven.
Nas festas comemorativas de Nossa Senhora do Carmo estive mais uma vez, a convite, ministrando ofícios sagrados em São João del-Rei, no novenário da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte Carmelo, da Paróquia da Catedral, celebrados naquela histórica cidade desde o século XVIII, tendo sido fundado o sodalício no ano de 1727. A parte musical, desde 1925, tem sido levada pela Orquestra Ribeiro Bastos, uma das corporações musicais populares mais respeitadas no Brasil, pela excelência de sua performance, pelo alto nível de seu repertório sacro. O novenário e a festa litúrgica celebrada no dia 16 de julho, recordando as experiências místicas de São Simão Stock a quem Nossa Senhora, numa visão, entregou o escapulário no ano de 1251, são imensamente concorridas por verdadeira multidão. Várias são as Missas celebradas por dia, todas elas com presença de grande número de pessoas que também, nestes dias, procuram fervorosas o sacramento da Reconciliação.
Tais celebrações tradicionais, feitas em grande parte na língua latina, tendo o povo o Ritual bilíngue nas mãos, onde pode ler a tradução dos textos em português, são enlevantes e possibilitam autêntico encontro pessoal com Jesus, alimentando a piedade e o genuíno amor a Deus e ao próximo. Com orações, antífonas, ladainhas e aclamações, celebra-se jubilosamente a única mediação de Cristo, na qual encontra-se presente a intercessão de Maria, como em Caná da Galiléia (cf. Jo. 2, 1-12), dos Santos, como Pedro e João à porta do Templo de Jerusalém (cf. Atos 3, 1-9) e dos Anjos, como, por exemplo, a fiel presença do Arcanjo Rafael ao lado de Tobias (Cf. Tobias 3,25). Os sermões são momentos importantes, propícios para aprofundamento do conhecimento bíblico e sua adaptação à vida, sendo dividido o novenário em três tríduos confiados cada um a um pregador.
São João del-Rei distingue-se como capital brasileira da música sacra, das artes sacras em geral, da catolicidade presente em sua gente que, de geração em geração, procura conservar tradições que não podem se perder, e preservar valores que não podem ser diminuídos, pois seria o mesmo que perder inesgotável fonte de fé, de espiritualidade e de vivência cristã.
O Concilio Vaticano II (1962-1965), obra extraordinária do Espírito Santo, verdadeiro novo pentecostes na Igreja, renovou legítima e necessariamente muitas coisas, porém teve o cuidado de não desconhecer os valores já presentes nas comunidades marcadas pela história. Sobre a música sacra, ensina a Constituição Sacrosactum Concilium: Havendo em algumas regiões [...] povos que têm uma tradição musical própria, a qual desempenha importante função em sua vida religiosa e social, a esta música se dêem a devida estimação e o lugar conveniente, tanto para lhes formar o senso religioso, quanto para adaptar o culto à sua mentalidade [...] (SC 119).
Diz ainda o mesmo Documento Conciliar: A Igreja aprova e admite no culto divino todas as formas de verdadeira arte, contanto que estejam dotadas das devidas qualidades (SC 112).
Quanto à conservação de tais valores religiosos, a Igreja não exige que se extingam para simplesmente dar lugar a outras formas, podendo, como acontece na inteligência das artes em geral, conviverem pacificamente de forma complementar, pois seria lastimável perder o que serve, de maneira tão bela e forte, para a prática da vivência do povo de Deus no que diz respeito aos mistérios de Jesus Cristo.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
Santo Antônio: Padroeiro de Juiz de Fora
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- Terça, 02 Junho 2015 09:51
Além de ser padroeiro da cidade, Santo Antônio é padroeiro da Arquidiocese de Juiz de Fora, da Catedral Metropolitana e do Seminário Arquidiocesano. É comemorado no dia 13 de junho, feriado municipal. O que muitas pessoas não sabem é de onde vem esta devoção a um dos santos mais populares da Igreja Católica.
De acordo com o documento produzido em homenagem ao Jubileu Áureo da Arquidiocese, “Juiz de Fora: Nossa História é de fé, Nossa Igreja tem arte”, a devoção da cidade a Santo Antônio surgiu bem antes de sua emancipação política, quando Juiz de Fora era apenas uma vila. A devoção teria sido trazida pelos portugueses.
Relatos históricos narram que o fazendeiro Antônio Vidal deu exemplo dessa devoção, em 1741, quando decidiu pedir licença para construir uma capela com a invocação do santo. Por ter seu nome homônimo ao de Santo Antônio, acredita-se que essa atitude foi uma homenagem ao santo, o que remete a uma “hereditariedade” da fé.
“O arraial de Santo Antônio do Paraibuna se formou não só a partir da movimentação proveniente do Caminho Novo, mas também em virtude das manifestações de religiosidade das pessoas que sentiram a necessidade de construção de uma capela”, diz o documento a respeito do espaço coletivo, que se tornou ponto de referência.
Em 1850, a então Vila de Santo Antônio do Paraibuna de Juiz de Fora teve sua capela de Santo Antônio elevada à categoria de paróquia, a qual se tornou a matriz, no mesmo local onde se encontra hoje, como a Catedral Metropo-litana de Juiz de Fora.
NA IGREJA: “SANTO ANTÔNIO FUJÃO”
A imagem de Santo Antônio Fujão, foi a primeira de Juiz de Fora e possui mais de 200 anos. Conta-se que quando foi construída a capela de Santo Antônio de Juiz de Fora, em meados do ano de 1844, à margem da Estrada Geral (hoje avenida Barão do Rio Branco), trouxeram em procissão a imagem de Santo Antônio para o novo templo. Porém, a imagem teria sumido e aparecido na sua capelinha de origem. Tornaram a levar a imagem do santo para a nova capela, mas novamente ela retornou para seu local de origem. Daí o nome “Santo Antônio Fujão”. A imagem é preservada até hoje, passou por um processo de restauração e ela é exposta durante a Festa de Santo Antônio, no dia 13 de junho.
SANTO ANTÔNIO: PEQUENO HISTÓRICO DE VIDA
Santo Antônio nasceu em Lisboa no ano de 1195, recebendo no batismo o nome de Fernando de Bulhões. Inicial-mente, tornou-se frade regrante de Santo Agostinho, e em 1220 passou para a ordem de São Francisco, assumindo o nome de Antônio. O sobrenome de “Pádua” relaciona-se à cidade italiana onde ele viveu seus últimos anos e conserva até hoje suas relíquias.
A Semana Santa
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- Quarta, 01 Abril 2015 12:04
A cada ano celebramos uma semana diferente; é a chamada Semana Santa. Nesta Semana devemos rezar, refletir, fazer silêncio, adorar e também contemplar uma história única. Esta Semana coloca diante de nossos olhos, sobretudo do nosso coração, os acontecimentos centrais da história da salvação, cujo personagem principal é o Homem-Deus, O Cristo Jesus, Salvador da humanidade.
Celebrar a Semana Santa é trazer ao mundo de hoje o drama divino-humano da salvação da humanidade, a qual dá nova orientação à história. Os fatos acontecidos no Monte Calvário querem gerar vida nova para que cessem os mecanismos de violência e de morte e se prolongue o nascimento de vida, de amor e de paz.
Jesus Cristo morre para que todos tenham vida e vida em abundância. Ele morre para que a salvação possa alcançar a história de toda a humanidade. Morre para destruir o pecado. Morre porque ama. Morre para que da escuridão da sepultura possa surgir o mundo da Ressurreição, da luz, da alegria e da vitória. Morte que dá uma vida que jamais acabará.
A Semana Santa é o momento mais forte de todo o Ano Litúrgico, pois nela celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, ou seja, a Páscoa. Na páscoa de Jesus está a páscoa da Igreja e a páscoa de todo cristão. A Semana termina com a vitória da Vida, ou seja, com a Ressurreição de Cristo.
Jesus veio, evangelizou, assumiu a cruz, morreu e foi sepultado, mas não ficou no domínio da morte, Ele ressuscitou glorioso. Cristo é o Eterno Vitorioso; superou todos os obstáculos do mal e realizou a integral libertação. A Ressurreição de Cristo tem um caráter solidário. Ele ressuscitou para que outros pudessem também ressuscitar. A Ressurreição de Cristo faz descortinar um novo estado de coisas, uma nova realidade, sua glorificação tem um alcance cósmico. É o triunfo de toda a criação, porque no corpo de Cristo glorificado se encontra a elevação de toda a criatura. Tudo participa da glorificação do Homem-Deus.
Celebrar a Ressurreição é vislumbrar um mundo novo: o mundo onde reina a vida, a paz, o amor, a justiça e a verdade.
Mons. Luiz Carlos de Paula
Pároco da Catedral
Vigário-geral da Arquidiocese de Juiz de Fora
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