Testemunhos autênticos
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- Segunda, 24 Junho 2024 16:38
Os apóstolos, Pedro e Paulo, constituem personalidades históricas e bíblicas, pilares da Igreja, interpretados verdadeiros sustentáculos do cristianismo nascente até hoje. Eles tiveram como marca indelével um autêntico e profundo testemunho de vida cristã e missionária. Cada um deles teve específica missão. Pedro, mais ligado à instituição Igreja; Paulo, no aspecto mais missionário.
Os dois apóstolos enfrentaram período de forte perseguição à Igreja nascente. A fé cristã era objeto de conflito, provocado pelos Imperadores romanos, porque eles se consideravam os detentores do poder, humano e divino. O cristianismo provocava desconforto para o poder do tempo. Não só Pedro foi crucificado e Paulo degolado, mas muitos outros cristãos também foram martirizados.
Olhando para aquele período da história do cristianismo, o testemunho de autenticidade dos cristãos e da fé em Deus, era uma realidade evidente. Não tinham medo de anunciar Jesus Cristo como único Deus e como autêntica autoridade, acima do poder do Rei ou do Imperador. Pela solidez da fé dos cristãos, o confronto era radical, com consequências imprevisíveis e a morte, impiedosamente.
O interessante é que a perseguição e ameaças políticas, não impediram o anúncio da Palavra e nem a expansão da Igreja, que ia se fortalecendo cada vez mais, porque Deus estava com ela. O tempo foi de muito sofrimento, mas também não deixou de ser momento de coesão e fortaleza dos agentes da fé cristã de então. Hoje a Igreja necessita de testemunhos autênticos e de modelos de santidade.
A atual cultura não é muito diferente daquela dos inícios da Igreja. Parece faltar uma convicção mais profunda sobre a identidade de Jesus e de sua Igreja. Podemos até dizer que a perseguição atual não vem só de fora, mas dentro dela mesma, talvez por falta de um real sentido de pertença. É como estar na Igreja, mas a Igreja não está dentro da pessoa e se julga no direito patente da verdade.
Jesus deposita confiança em Pedro e em Paulo. Parece faltar essa mesma confiança hoje. Até dizemos: “Em quem confiar!”. Com isto fica muito fragilizado o testemunho dos cristãos para uma cultura secularizada e sem autêntico compromisso com Deus. Necessita-se de estabilidade institucional como em Pedro e mobilidade missionária como em Paulo. Há necessidade de autênticos cristãos para hoje.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba
A FORÇA DA FÉ NA VIDA DA COMUNIDADE CRISTÃ!
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- Quarta, 05 Junho 2024 17:09
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Diante dos acontecimentos climáticos extraordinários que atingiram o nosso Estado do Rio Grande do Sul, podemos estar chocados com o impacto dos danos, em muitas localidades e cidades, deixando um rastro de destruição que atingiu a natureza, ceifou vidas, destruiu casas, empresas e também parte da infraestrutura rodoviária e ferroviária, que são de importância fundamental para a assistência aos desalojados, para a reconstrução das instituições que serviam às comunidades, e a retomada das atividades econômicas.
Através de um esforço conjunto entre os governos, as empresas, as instituições e a corresponsabilidade coletiva, poderemos abreviar o tempo da angústia, do medo, da dor e da incerteza, que hoje aflige milhares de pessoas vitimadas por essa tragédia, e gostariam de refazer a vida ou retomar o cotidiano da vida, onde for possível. Toda esta realidade que nos feriu de forma coletiva está sendo amenizada, na questão humanitária, pela resposta solidária que envolveu instituições civis e religiosas, empresas e poder público. Uma ação solidária que ultrapassou as fronteiras do Brasil, porque a tragédia chamou a atenção também da mídia internacional pela sua magnitude.
Por isso, se faz necessário mantermos aberta a porta do coração para a ação solidária, tendo presente que na medida em que as águas dos rios retornam ao seu leito, nos deparamos com a lama e a destruição das casas e de toda uma realidade que fazia parte da vida das pessoas nas suas comunidades. O sentido de pertença a uma comunidade tem um significado importante para as pessoas, porque é na família e na comunidade, “família alargada”, que vivemos as alegrias, as dores, as desilusões, as provações e celebramos a nossa caminhada de fé, que alimenta a esperança e dá um novo significado à vida, dom de Deus, mesmo quando ela está ferida. A luz do Ressuscitado abre aos homens e mulheres de fé novos horizontes, que lhes oferece a possibilidade de encontrar um novo sentido em tudo aquilo que acontece ao longo da vida.
A Igreja, comunidade de fé, tem como missão anunciar o Reino de Deus ao mundo. Podemos dizer que é uma missão sublime, mas, ao mesmo tempo, árdua; na qual os discípulos devem empenhar as próprias forças, sem desprezar a graça de Deus: “Não tenhais medo, porque eu estarei contigo e ninguém procurará fazer-te mal” (At 18,9-10). A promessa de Jesus Ressuscitado, feita aos discípulos que iniciam o anúncio e a missão junto às primeiras comunidades, não pode ser esquecida pela comunidade cristã: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 1,22,23). É com essa confiança, de que o Senhor caminha conosco, que iremos ajudar as pessoas a reconstruírem suas vidas, também no sentido de comunidade de fé, tendo presente que a Igreja, mesmo sendo uma comunidade ferida e frágil, é, ao mesmo tempo, portadora de uma mensagem de esperança para todos os seus filhos. Todos os fiéis podem encontrar na Igreja um espaço de crescimento espiritual, porque esta não é constituída por uma elite de puros, mas é uma comunidade de “feridos”, que acolhem e caminham para a santidade na casa do Pai.
Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Missão a Cumprir
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- Segunda, 06 Maio 2024 14:30
A palavra missão significa incumbência ou função específica conferida a alguém para realizar algo em determinada realidade, nos diversos setores da sociedade, inclusive na vida espiritual. Foi o que aconteceu com Jesus, enviado do Pai para uma tarefa excepcional, a salvação da humanidade, no âmbito da espiritualidade. Na Ascensão, ele volta às suas origens, àquele que o havia enviado.
A missão tem como fundamento qualificador, o testemunho. Ao se tratar da fé, é a autenticidade na condução dos propósitos a serem atingidos. Pode-se usar o ditado: “As palavras comovem, mas é o testemunho que convence”. Esse foi o caminho concreto traçado por Jesus Cristo na sua relação com as pessoas, motivando também seus seguidores na mesma missão de construir a dignidade da vida.
Na construção do mundo, a missão de um é sucedida pela do outro. Ao dizer aos discípulos, “ide…” (Mt 28,19), Jesus estava passando a tarefa da missão salvadora para outros. Assim acontece no transcorrer da vida de todas as pessoas. Há uma continuidade na missão, e ninguém pode se excluir dessa tarefa, deixando de dar a sua contribuição, mesmo sabendo ser uma ação ínfima.
Cumprir uma missão terrena é entregar-se a determinado projeto de construção de uma realidade do momento, como também do futuro. É trabalho de hoje com o olhar focalizado e projetado para o amanhã. Na Igreja chamamos isso de construção do Reino de Deus. A tarefa é de todos as pessoas, porque o mundo não está pronto, aliás, até muito destruído pela pouca atenção ao valor da natureza.
O mundo tem muitas trevas, está mergulhado em inúmeras situações de escuridão, nas maldades cotidianas e em vários desvios na sua finalidade. Realidades provocadas pelo próprio ser humano, justamente por aquele que deveria defendê-lo dos atos de destruição. Jesus fala do desafio da Boa Nova, de construir o bem e tudo aquilo que facilita e dá condições para que a vida humana seja saudável.
Nunca podemos permitir o total triunfo do mal, porque ele é destruidor, deve ser derrotado por aqueles que colocam em prática a missão de construir o bem. Jesus deu a vida pelo bem de todas as pessoas. Quer que tomemos consciência quanto ao dar continuidade ao que ele pretendia, construir a fraternidade universal, baseada na solidariedade, na justiça e no cuidado com os necessitados.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
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