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Vinde Espírito Santo!

Vinde-Espírito-SantoChegamos a clausura do tempo pascal. O tema da Solenidade de Pentecostes é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os batizados, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.

No Domingo de Pentecostes, celebramos o florescer da Igreja na força do Espírito Santo. A Igreja, que nasceu do lado aberto de Cristo na Cruz, recebe o inefável dom do Espírito Santo, que sela definitivamente o tempo do anúncio da fé no Ressuscitado. Com efeito, os discípulos, até então fechados no medo, tomados de tristeza e paralisados pela insegurança, recebem agora a tarefa de anunciar, aos quatros cantos do mundo que Jesus ressuscitou de modo a suscitarem a fé que alcança o perdão dos pecados. É, pois, o próprio Ressuscitado, que, naõ estando mais sujeito às limitações impostas pelo tempo e pelo espaço, adentra o recinto fechado com seu corpo glorioso, para lhes comunicar esse admirável dom. Ao soprar sobre eles, Jesus lhes dá a paz e enche seus corações de alegria, concedendo-lhes o hálito da vida. Que a Igreja esteja sempre aberta à ação do Espírito Santo, para que cumpra sua missão de anunciar o Evangelho de maneira alegre e disponível, a fim de que todos creiam que Jesus é o Senhor e, crendo nele, recebam a vida eterna.

O Evangelho (Jo 20,19-23) apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos batizados superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências. A presença do Ressuscitado provoca alegria nos discípulos, trancados por medo. Eles são convidados a superar o medo e se tornarem mensageiros da paz e da reconciliação para todos os povos. O sopro do Ressuscitado lembra o sopro de Deus no Gênesis(2,7), que cria e recria o ser humano. Com a presença do Espírito divino, nova humanidade surge de todos aqueles que se propõem seguir o projeto de Jesus.

Na primeira leitura (At 2,1-11), Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos batizados. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas. É interessante contrastar esta leitura com aquela do Gênesis, da missa da vigília. Enquanto Gênesis relata confusão e desentendimento, Atos mostra unidade e entendimento. A leitura confirma a promessa do envio do Espírito Santo e o convergir das nações à unidade. O Espírito Santo dá aos seguidores de Jesus a capacidade de proclamar o Evangelho nas línguas e culturas de cada povo. Onde há amor, fraternidade e unidade, todos se entendem e a individualidade de cada pessoa é respeitada.

Na segunda leitura (1Cor 12,3-7.12-13), São Paulo avisa que o Espírito Santo é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos. A diversidade de dons é fruto do mesmo Espírito Santo: unidade no Espírito e diversidade de carismas. Os diversos dons e as várias manifestações do Espírito Santo têm o Senhor como única fonte e são concedidos para serem postos a serviço da comunidade.

Num mundo marcado pela violência, ódios, fake news, em que pessoas arrogantes querem impor as armas, urge que os discípulos de Jesus têm a missão de viver e proclamar a paz. Conforme diz o profeta Isaías, como são belos os pés de quem anuncia a paz. Mais do que nunca, precisamos de pessoas que promovam a paz, a alegria e o otimismo. O cristão é, por natureza, pessoa que transmite esperança em meio aos desafios do mundo atual.

A Solenidade de Pentecostes lembra, de modo especial, o dom do Espírito Santo, sopro renovador O Espírito impulsionou a missão de Jesus é o fundamento indispensável da comunidade dos seus discípulos missionários. É a força criadora e renovadora de todas as coisas. Sempre vivo em nosso íntimo, é a comunicação que o próprio Deus estabelece conosco. Sem ele, a Igreja e cada seguidor do Mestre não teriam o vigor que os impele à busca de novos horizontes.

Peçamos as luzes do Divino Espírito Santo e que as suas luzes dissipem as trevas do mundo e iluminem as dúvidas e as incertezas do dia a dia para seguirmos Jesus no caminho para o Pai.


Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

Presença na ausência

big afc942b5cdee61bde9ba833ab8f89800Parece ser contraditório, mas não é, principalmente no tempo de pandemia, quando as tratativas passaram a ser feitas a distância. É o que está sendo chamado de “novo normal”, ancorado na expressão virtual. A Internet permitiu relacionamentos fraternos e comerciais a distância, sem presença física, que podemos chamar de presença na ausência. Ciência colocada a serviço da comunicação.

Esses dados virtuais podem ajudar a entender o significado da Páscoa da Ressureição. Jesus não está mais presente fisicamente no mundo. Na Ascensão refletimos sobre sua volta para a Casa do Pai, mas continua presente de forma espiritual, seja através da Eucaristia ou onde dois ou três estiveram reunidos em seu nome, diz Ele ali estar presente. Portanto, é uma presença na ausência.

Esse fato é comprovado pelo firme e autêntico testemunho dos primeiros cristãos, principalmente por Paulo e Barnabé, grandes anunciadores da Ressurreição do Senhor. Os dois não conviveram fisicamente com Jesus, mas anunciaram, com determinação, tudo o que eles mesmos receberam dos seus contemporâneos, dos que tiveram a oportunidade de acompanhar toda a trajetória de Jesus.

Mesmo não estando presente fisicamente, o mistério da fé conduz a pessoa ao encontro pessoal com Deus, em Jesus Cristo. A fé é o mistério dessa presença na ausência. Como diz Jesus a Tomé no seu momento de incredulidade: Tomé, “Bem-aventurados os que não viram, e creram!” (Jo 20,29). Não é fácil entender a Aliança que faz acontecer o mistério da relação entre o céu e terra em Jesus Cristo.

A promessa bíblica revela claramente a presença de Deus nas pessoas de fé. É aquilo que está contido no seguinte texto: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele nossa morada” (Jo 14,23). Essa presença do ressuscitado já tinha sido prometida por Jesus aos primeiros cristãos, ao dizer: “Vou, mas voltarei a vós!” (Jo, 14,28).

A presença misteriosa de Jesus no mundo, especialmente na vida das pessoas de fé em Deus, revela a identidade do cristão, daquele que está no mundo, mas tem como destino último a vida eterna no Pai. Quem morre não volta mais e só deixa saudade, porque não está mais presente fisicamente, a não ser deixando uma presença de sentimentos, de lembranças e saudade.


Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

Maio, o Mês Mariano

maio mes de mariaMaio é dedicado na Igreja como o mês Mariano, um tempo dedicado à Nossa Senhora tendo algumas festas marcantes — no dia 13 de maio celebramos o dia de Nossa Senhora de Fátima e, no dia 24 do mesmo mês, celebramos Nossa Senhora Auxiliadora. Dessa forma, pedimos nesse mês de maio a proteção de Maria para cada um de nós e para nossa família.

Durante o mês de maio, somos convidados a intensificar as nossas orações à Nossa Senhora, como a reza do terço todos os dias, meditação da Palavra de Deus, além da participação na celebração Eucarística. Aqui em nosso Regional Leste 1 (Estado do Rio de Janeiro) temos o Rosário pela paz rezado cada dia de uma das Dioceses do Estado. É a nossa intercessão pela paz no mundo e em nossas cidades. As paróquias também podem promover durante esse mês, antes das celebrações da missa ou em outro horário, a reza do terço para que possamos, diante dos mistérios do rosário, contemplar a vida de Cristo e de Maria. Através da oração do rosário, oferecemos “rosas” à Nossa Senhora e agradecemos à Ela por tantos bens que nos concede.

Normalmente, no último dia do mês ou no último domingo do mês, ocorre a coroação de Nossa Senhora em nossas comunidades, venerando Nossa Senhora Rainha. Ela é considerada a Rainha do céu e da Terra e intercede por nós junto a Deus. É nossa advogada junto de Deus e não quer ver nenhum de seus filhos se perder. Nossa Senhora recebe vários títulos onde aparece, mas é a mesma Mãe de Jesus. Em maio, recordamos dois títulos de Nossa Senhora, mas durante o ano, recordamos muitos outros.

No segundo domingo do mês de maio recordamos, também, o Dia das Mães. É um momento para agradecermos a Deus por todas as mães e, em especial, por nossas mães. Lembramos de Nossa Senhora, que Ela é um exemplo de mãe para todas as mães e é a mãe de todos nós. Da mesma forma que oferecemos “rosas” à Nossa Senhora, que possamos oferecer para as nossas mães também. Rezemos um terço e participemos da celebração eucarística nesse dia, junto com nossas mães. Antes de dar algum presente para as nossas mães, estejamos junto com elas nesse dia. O maior presente para elas nesse dia é a nossa presença. Se já faleceu, reze a Deus pedindo que junto de Nossa Senhora ela interceda por você.

Por isso, temos muitos motivos para celebrar e nos alegrar durante esse mês de maio, pedindo a proteção de Nossa Senhora. Reserve um tempo do seu dia caso não possa ir até a Igreja para rezar o terço. Pode ser à noite ou pela manhã, no carro ou ônibus, indo ou voltando do trabalho. Nos alegremos e peçamos a proteção de Nossa Senhora para cada um de nós.

Durante esse mês, somos convidados a olhar com sabedoria e fé para figura da mulher humilde escolhida por Deus que, com o seu “sim”, transformou a história da humanidade. Graças ao “sim” de Nossa Senhora, nasceu o nosso salvador Jesus Cristo e Ela se tornou para a humanidade o exemplo e modelo de mãe e esposa. Que os filhos e esposos respeitem as suas mães e esposas e que, a exemplo da Sagrada Família de Nazaré, possam ser felizes.

Peçamos durante esse mês Mariano que todas as mulheres sejam respeitadas em sua dignidade, que tenha menos violência contra as mulheres e que elas tenham mais oportunidade de emprego e o respeito devido na sociedade. Que os filhos respeitem suas mães, que lhes deram a vida, e que possam amá-las e respeitá-las de verdade.

Em Maria, os fiéis encontram refúgio e a doçura de uma boa mãe, que atende os seus filhos em suas necessidades e, assim como nas bodas de Caná da Galileia, leva os pedidos até Jesus e pede que Ele atenda. Por isso, o mês de maio é especial para a reza do terço, orações e louvores à Nossa Senhora. É um mês, sobretudo, para se alcançar as graças que queremos.

A tradição de ter um mês dedicado à Maria surgiu por volta do século XII. Era preciso pedir a proteção da Mãe Maria pelas necessidades da Igreja de seu filho. Até por isso, Nossa Senhora é conhecida como a Mãe da Igreja porque ela intercede constantemente pelas necessidades da Igreja de seu filho. A devoção Mariana teve origem no Brasil no período da colonização, com a evangelização promovida pelos padres Jesuítas que, aos poucos, foi ganhando força até como conhecemos hoje.

Celebremos com fé e piedade este mês Mariano, pedindo a intercessão de Nossa Senhora por cada um de nós e de modo especial por nossas mães. Que Nossa Senhora abençoe também aquelas que desejam ser mães ou aquelas que estão grávidas, para que possam ser mães amorosas a exemplo de Maria. Façamos o esforço de rezarmos o terço durante esse mês, participando das celebrações eucarísticas, sempre pedindo a intercessão de Nossa Senhora.

Podemos, ainda, separar um lugar especial para Nossa Senhora em nossa casa durante esse mês. Colocar a imagem de Nossa Senhora que você tiver em sua casa em destaque, com um terço e uma vela juntos e sempre rezar diante dessa imagem, pedindo paz e proteção. Ela é a mãe de todos nós e vai abençoar todos que entrarem e saírem de nossa casa.

Nas comunidades paroquiais, também, podemos colocar a imagem de Nossa Senhora em destaque e, durante o mês, rezar diante dessa imagem, colocando junto um arranjo de flor e velas. Ao final do mês, coroar essa imagem de Nossa Senhora e guardá-la num lugar especial.

Que Nossa Senhora de Fátima nos proteja e Nossa Senhora Auxiliadora nos auxilie em nossas decisões. Que Nossa Senhora reine em nossas casas e em nossas vidas. Que, do céu, Ela derrame muitas graças sobre todos nós.


Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

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