Vinde Espírito Santo!
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- Quarta, 01 Junho 2022 09:59
Chegamos a clausura do tempo pascal. O tema da Solenidade de Pentecostes é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os batizados, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.
No Domingo de Pentecostes, celebramos o florescer da Igreja na força do Espírito Santo. A Igreja, que nasceu do lado aberto de Cristo na Cruz, recebe o inefável dom do Espírito Santo, que sela definitivamente o tempo do anúncio da fé no Ressuscitado. Com efeito, os discípulos, até então fechados no medo, tomados de tristeza e paralisados pela insegurança, recebem agora a tarefa de anunciar, aos quatros cantos do mundo que Jesus ressuscitou de modo a suscitarem a fé que alcança o perdão dos pecados. É, pois, o próprio Ressuscitado, que, naõ estando mais sujeito às limitações impostas pelo tempo e pelo espaço, adentra o recinto fechado com seu corpo glorioso, para lhes comunicar esse admirável dom. Ao soprar sobre eles, Jesus lhes dá a paz e enche seus corações de alegria, concedendo-lhes o hálito da vida. Que a Igreja esteja sempre aberta à ação do Espírito Santo, para que cumpra sua missão de anunciar o Evangelho de maneira alegre e disponível, a fim de que todos creiam que Jesus é o Senhor e, crendo nele, recebam a vida eterna.
O Evangelho (Jo 20,19-23) apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos batizados superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências. A presença do Ressuscitado provoca alegria nos discípulos, trancados por medo. Eles são convidados a superar o medo e se tornarem mensageiros da paz e da reconciliação para todos os povos. O sopro do Ressuscitado lembra o sopro de Deus no Gênesis(2,7), que cria e recria o ser humano. Com a presença do Espírito divino, nova humanidade surge de todos aqueles que se propõem seguir o projeto de Jesus.
Na primeira leitura (At 2,1-11), Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos batizados. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas. É interessante contrastar esta leitura com aquela do Gênesis, da missa da vigília. Enquanto Gênesis relata confusão e desentendimento, Atos mostra unidade e entendimento. A leitura confirma a promessa do envio do Espírito Santo e o convergir das nações à unidade. O Espírito Santo dá aos seguidores de Jesus a capacidade de proclamar o Evangelho nas línguas e culturas de cada povo. Onde há amor, fraternidade e unidade, todos se entendem e a individualidade de cada pessoa é respeitada.
Na segunda leitura (1Cor 12,3-7.12-13), São Paulo avisa que o Espírito Santo é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos. A diversidade de dons é fruto do mesmo Espírito Santo: unidade no Espírito e diversidade de carismas. Os diversos dons e as várias manifestações do Espírito Santo têm o Senhor como única fonte e são concedidos para serem postos a serviço da comunidade.
Num mundo marcado pela violência, ódios, fake news, em que pessoas arrogantes querem impor as armas, urge que os discípulos de Jesus têm a missão de viver e proclamar a paz. Conforme diz o profeta Isaías, como são belos os pés de quem anuncia a paz. Mais do que nunca, precisamos de pessoas que promovam a paz, a alegria e o otimismo. O cristão é, por natureza, pessoa que transmite esperança em meio aos desafios do mundo atual.
A Solenidade de Pentecostes lembra, de modo especial, o dom do Espírito Santo, sopro renovador O Espírito impulsionou a missão de Jesus é o fundamento indispensável da comunidade dos seus discípulos missionários. É a força criadora e renovadora de todas as coisas. Sempre vivo em nosso íntimo, é a comunicação que o próprio Deus estabelece conosco. Sem ele, a Igreja e cada seguidor do Mestre não teriam o vigor que os impele à busca de novos horizontes.
Peçamos as luzes do Divino Espírito Santo e que as suas luzes dissipem as trevas do mundo e iluminem as dúvidas e as incertezas do dia a dia para seguirmos Jesus no caminho para o Pai.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
Presença na ausência
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- Segunda, 16 Maio 2022 12:57
Parece ser contraditório, mas não é, principalmente no tempo de pandemia, quando as tratativas passaram a ser feitas a distância. É o que está sendo chamado de “novo normal”, ancorado na expressão virtual. A Internet permitiu relacionamentos fraternos e comerciais a distância, sem presença física, que podemos chamar de presença na ausência. Ciência colocada a serviço da comunicação.
Esses dados virtuais podem ajudar a entender o significado da Páscoa da Ressureição. Jesus não está mais presente fisicamente no mundo. Na Ascensão refletimos sobre sua volta para a Casa do Pai, mas continua presente de forma espiritual, seja através da Eucaristia ou onde dois ou três estiveram reunidos em seu nome, diz Ele ali estar presente. Portanto, é uma presença na ausência.
Esse fato é comprovado pelo firme e autêntico testemunho dos primeiros cristãos, principalmente por Paulo e Barnabé, grandes anunciadores da Ressurreição do Senhor. Os dois não conviveram fisicamente com Jesus, mas anunciaram, com determinação, tudo o que eles mesmos receberam dos seus contemporâneos, dos que tiveram a oportunidade de acompanhar toda a trajetória de Jesus.
Mesmo não estando presente fisicamente, o mistério da fé conduz a pessoa ao encontro pessoal com Deus, em Jesus Cristo. A fé é o mistério dessa presença na ausência. Como diz Jesus a Tomé no seu momento de incredulidade: Tomé, “Bem-aventurados os que não viram, e creram!” (Jo 20,29). Não é fácil entender a Aliança que faz acontecer o mistério da relação entre o céu e terra em Jesus Cristo.
A promessa bíblica revela claramente a presença de Deus nas pessoas de fé. É aquilo que está contido no seguinte texto: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele nossa morada” (Jo 14,23). Essa presença do ressuscitado já tinha sido prometida por Jesus aos primeiros cristãos, ao dizer: “Vou, mas voltarei a vós!” (Jo, 14,28).
A presença misteriosa de Jesus no mundo, especialmente na vida das pessoas de fé em Deus, revela a identidade do cristão, daquele que está no mundo, mas tem como destino último a vida eterna no Pai. Quem morre não volta mais e só deixa saudade, porque não está mais presente fisicamente, a não ser deixando uma presença de sentimentos, de lembranças e saudade.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Maio, o Mês Mariano
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- Terça, 03 Maio 2022 10:33
Maio é dedicado na Igreja como o mês Mariano, um tempo dedicado à Nossa Senhora tendo algumas festas marcantes — no dia 13 de maio celebramos o dia de Nossa Senhora de Fátima e, no dia 24 do mesmo mês, celebramos Nossa Senhora Auxiliadora. Dessa forma, pedimos nesse mês de maio a proteção de Maria para cada um de nós e para nossa família.
Durante o mês de maio, somos convidados a intensificar as nossas orações à Nossa Senhora, como a reza do terço todos os dias, meditação da Palavra de Deus, além da participação na celebração Eucarística. Aqui em nosso Regional Leste 1 (Estado do Rio de Janeiro) temos o Rosário pela paz rezado cada dia de uma das Dioceses do Estado. É a nossa intercessão pela paz no mundo e em nossas cidades. As paróquias também podem promover durante esse mês, antes das celebrações da missa ou em outro horário, a reza do terço para que possamos, diante dos mistérios do rosário, contemplar a vida de Cristo e de Maria. Através da oração do rosário, oferecemos “rosas” à Nossa Senhora e agradecemos à Ela por tantos bens que nos concede.
Normalmente, no último dia do mês ou no último domingo do mês, ocorre a coroação de Nossa Senhora em nossas comunidades, venerando Nossa Senhora Rainha. Ela é considerada a Rainha do céu e da Terra e intercede por nós junto a Deus. É nossa advogada junto de Deus e não quer ver nenhum de seus filhos se perder. Nossa Senhora recebe vários títulos onde aparece, mas é a mesma Mãe de Jesus. Em maio, recordamos dois títulos de Nossa Senhora, mas durante o ano, recordamos muitos outros.
No segundo domingo do mês de maio recordamos, também, o Dia das Mães. É um momento para agradecermos a Deus por todas as mães e, em especial, por nossas mães. Lembramos de Nossa Senhora, que Ela é um exemplo de mãe para todas as mães e é a mãe de todos nós. Da mesma forma que oferecemos “rosas” à Nossa Senhora, que possamos oferecer para as nossas mães também. Rezemos um terço e participemos da celebração eucarística nesse dia, junto com nossas mães. Antes de dar algum presente para as nossas mães, estejamos junto com elas nesse dia. O maior presente para elas nesse dia é a nossa presença. Se já faleceu, reze a Deus pedindo que junto de Nossa Senhora ela interceda por você.
Por isso, temos muitos motivos para celebrar e nos alegrar durante esse mês de maio, pedindo a proteção de Nossa Senhora. Reserve um tempo do seu dia caso não possa ir até a Igreja para rezar o terço. Pode ser à noite ou pela manhã, no carro ou ônibus, indo ou voltando do trabalho. Nos alegremos e peçamos a proteção de Nossa Senhora para cada um de nós.
Durante esse mês, somos convidados a olhar com sabedoria e fé para figura da mulher humilde escolhida por Deus que, com o seu “sim”, transformou a história da humanidade. Graças ao “sim” de Nossa Senhora, nasceu o nosso salvador Jesus Cristo e Ela se tornou para a humanidade o exemplo e modelo de mãe e esposa. Que os filhos e esposos respeitem as suas mães e esposas e que, a exemplo da Sagrada Família de Nazaré, possam ser felizes.
Peçamos durante esse mês Mariano que todas as mulheres sejam respeitadas em sua dignidade, que tenha menos violência contra as mulheres e que elas tenham mais oportunidade de emprego e o respeito devido na sociedade. Que os filhos respeitem suas mães, que lhes deram a vida, e que possam amá-las e respeitá-las de verdade.
Em Maria, os fiéis encontram refúgio e a doçura de uma boa mãe, que atende os seus filhos em suas necessidades e, assim como nas bodas de Caná da Galileia, leva os pedidos até Jesus e pede que Ele atenda. Por isso, o mês de maio é especial para a reza do terço, orações e louvores à Nossa Senhora. É um mês, sobretudo, para se alcançar as graças que queremos.
A tradição de ter um mês dedicado à Maria surgiu por volta do século XII. Era preciso pedir a proteção da Mãe Maria pelas necessidades da Igreja de seu filho. Até por isso, Nossa Senhora é conhecida como a Mãe da Igreja porque ela intercede constantemente pelas necessidades da Igreja de seu filho. A devoção Mariana teve origem no Brasil no período da colonização, com a evangelização promovida pelos padres Jesuítas que, aos poucos, foi ganhando força até como conhecemos hoje.
Celebremos com fé e piedade este mês Mariano, pedindo a intercessão de Nossa Senhora por cada um de nós e de modo especial por nossas mães. Que Nossa Senhora abençoe também aquelas que desejam ser mães ou aquelas que estão grávidas, para que possam ser mães amorosas a exemplo de Maria. Façamos o esforço de rezarmos o terço durante esse mês, participando das celebrações eucarísticas, sempre pedindo a intercessão de Nossa Senhora.
Podemos, ainda, separar um lugar especial para Nossa Senhora em nossa casa durante esse mês. Colocar a imagem de Nossa Senhora que você tiver em sua casa em destaque, com um terço e uma vela juntos e sempre rezar diante dessa imagem, pedindo paz e proteção. Ela é a mãe de todos nós e vai abençoar todos que entrarem e saírem de nossa casa.
Nas comunidades paroquiais, também, podemos colocar a imagem de Nossa Senhora em destaque e, durante o mês, rezar diante dessa imagem, colocando junto um arranjo de flor e velas. Ao final do mês, coroar essa imagem de Nossa Senhora e guardá-la num lugar especial.
Que Nossa Senhora de Fátima nos proteja e Nossa Senhora Auxiliadora nos auxilie em nossas decisões. Que Nossa Senhora reine em nossas casas e em nossas vidas. Que, do céu, Ela derrame muitas graças sobre todos nós.
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)