Mensagem da CNBB aos trabalhadores (as) do Brasil: “Encorajamos a organização democrática e mobilizações pacíficas”
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- Sexta, 28 Abril 2017 14:17
AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL
MENSAGEM DA CNBB
“Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho” (Jo 5,17)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida – SP, em sua 55ª Assembleia Geral Ordinária, se une aos trabalhadores e às trabalhadoras, da cidade e do campo, por ocasião do dia 1º de maio. Brota do nosso coração de pastores um grito de solidariedade em defesa de seus direitos, particularmente dos 13 milhões de desempregados.
O trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa, constitui uma dimensão da existência humana sobre a terra. Pelo trabalho, a pessoa participa da obra da criação, contribui para a construção de uma sociedade justa, tornando-se, assim, semelhante a Deus que trabalha sempre. O trabalhador não é mercadoria, por isso, não pode ser coisificado. Ele é sujeito e tem direito à justa remuneração, que não se mede apenas pelo custo da força de trabalho, mas também pelo direito à qualidade de vida digna.
Ao longo da nossa história, as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras pela conquista de direitos contribuíram para a construção de uma nação com ideais republicanos e democráticos. O dia do trabalhador e da trabalhadora é celebrado, neste ano de 2017, em meio a um ataque sistemático e ostensivo aos direitos conquistados, precarizando as condições de vida, enfraquecendo o Estado e absolutizando o Mercado. Diante disso, dizemos não ao “conceito economicista da sociedade, que procura o lucro egoísta, fora dos parâmetros da justiça social” (Papa Francisco, Audiência Geral, 1º. de maio de 2013).
Nessa lógica perversa do mercado, os Poderes Executivo e Legislativo reduzem o dever do Estado de mediar a relação entre capital e trabalho, e de garantir a proteção social. Exemplos disso são os Projetos de Lei 4302/98 (Lei das Terceirizações) e 6787/16 (Reforma Trabalhista), bem como a Proposta de Emenda à Constituição 287/16 (Reforma da Previdência). É inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade.
Irmãos e irmãs, trabalhadores e trabalhadoras, diante da precarização, flexibilização das leis do trabalho e demais perdas oriundas das “reformas”, nossa palavra é de esperança e de fé: nenhum trabalhador sem direitos! Juntamente com a Terra e o Teto, o Trabalho é um direito sagrado, pelo qual vale a pena lutar (Cf. Papa Francisco, Discurso aos Movimentos Populares, 9 de julho de 2015).
Encorajamos a organização democrática e mobilizações pacíficas, em defesa da dignidade e dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras, com especial atenção aos mais pobres.
Por intercessão de São José Operário, invocamos a benção de Deus para cada trabalhador e trabalhadora e suas famílias.
Aparecida, 27 de abril de 2017.
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Tiradentes: o amor cívico e a integridade de um patriota
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- Quarta, 19 Abril 2017 12:46
No dia 21 de abril de 1792, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, seu antigo ofício, foi enforcado e esquartejado no Rio de Janeiro. Em 1890, este dia foi considerado feriado por decreto real, e pela lei nº 4897, de 9/12/1965, foi proclamado Patrono Cívico da Nação Brasileira.
Foi um dos líderes e mentores da chamada Inconfidência Mineira, movimento percursor da independência que se opôs ao imposto que taxava toda a população chamado de "derrama", uma nova ordem tributária colonialista que veio de Portugal através do Visconde de Barbacena.
Queria-se organizar um levante contra a coroa para proclamar a autonomia de Portugal, declarando uma República com capital em São João del Rei, abolindo a escravidão. Como o movimento era frágil e sem muita base popular, foi reprimido ajudado pela delação de um de seus membros o traidor Joquim Silvério dos Reis, quem, para conseguir a amnistia de suas dívidas de empresário do comércio, entregou seus companheiros ao governador.
Foram presos, julgados e condenados; a rainha D. Maria I concedeu a todos, excluindo Tiradentes, a mudança da pena de morte por um exílio na África. Tiradentes era o mais pobre e de menor influência no grupo, e em nenhum momento procurou fazer acordos ou negociar a sua sentença mantendo-se na dignidade de sua posição revolucionária e patriótica, fiel e conseqüente a seus ideais.
Nestes dias, em que nos deparamos com listas intermináveis de cidadãos corruptos que pertenceram aos mais altos cargos de governo e de representação política, o exemplo luminoso e coerente de Tiradentes nos ensina que, quando se pratica a política sem virtudes, ideais e princípios, contrastando com este herói republicano, nos tornamos traidores como Silvério dos Reis que antepôs seu interesse pecuniário ao bem comum da Nação.
O amor cívico enunciado como linha de ação pelo Papa Francisco, na "Laudato Si", visa formar cidadãos que se importam com seu município e sua cidade, que sabem que o voto não basta, mas que o preço da liberdade supõe um exercício permanente de uma cidadania vigilante e testemunhal. A falta de uma cultura de integridade nos vários níveis e escalões da administração pública nos faz regredir ao tempo da colônia quando éramos vítimas dos ditames arbitrários e injustos da Monarquia.
A condição de integridade, muito embora deveria ser condizente e exigida como habilitação para a candidatura para um cargo político, impele aos eleitores dos próximos pleitos, a romper com qualquer partido ou candidato que proteja, indique ou disfarçe corruptos que sangram a Nação Brasileira. Deus seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Por que a Páscoa não tem data fixa?
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- Quinta, 06 Abril 2017 08:40
Ao chegar a Páscoa, muitos se perguntam: em que dia cairá? Por que não há uma data fixa?
Sabemos que a Páscoa cristã se celebra sempre num domingo, mas a cada ano variam-se as semanas e, às vezes, o mês. Entre os católicos, costumeiramente se diz que não há Páscoa antes de São José (19 de março) nem depois de São Marcos (25 de abril).
As expressões “Páscoa baixa”, “Páscoa média” e “ Páscoa alta” estão relacionadas a esta movimentação da maior das efemérides cristãs que transita entre as últimas semanas de março e a última de abril.
Para se calcular a data da Páscoa, quando se celebra a jubilosa Ressurreição do Senhor, são importantes duas referências: a história do povo de Israel e a ciência da astronomia. Na verdade, as duas coisas andam juntas. Na Páscoa judaica (Pessah, na língua hebraica), recorda-se a passagem da noite em que povo hebreu ficou livre da escravidão do Egito, depois de uma série de inequívocas intervenções de Deus, primeiro com pragas enviadas ao Faraó opressor, e uma sequência de bênçãos prodigiosas, como a passagem do Anjo Exterminador, a travessia do Mar Vermelho, o Maná do Deserto, as codornizes, a água que brotou da rocha e outros sinais. Tal libertação se deu no primeiro plenilúnio após o equinócio da primavera do hemisfério norte, que acontece entre os dias 19 a 21 de março.
A morte de Cristo também se deu numa sexta-feira, antes da festa da Páscoa do povo hebreu, repousando na penumbra do sepulcro no Shabat (sábado) e ressuscitando na manhã clara do primeiro dia da semana, que os cristãos desde então chamam de Domingo, ou seja, Dies Domini (Dia do Senhor).
O equinócio é um fenômeno natural constatado pela astronomia, quando o sol, pela sua posição em relação à Terra e à Lua, emite seus raios de forma exatamente perpendicular à linha do equador, ocorrendo então a equiparação das horas do dia e da noite, tendo cada um pontualmente 12 horas. O termo ‘equinócio’ tem origem na língua latina: aequus (igual) e nox (noite). No ano há dois equinócios: o de março, entre os dias 19 e 21, que dá início a estação da primavera no hemisfério norte e outono, no hemisfério sul; e o de setembro, entre os dias 20 e 23, que estabelece o início das novas estações nos dois hemisférios, de forma inversa à anterior.
Pelos estudos cronológicos, a data fixa da morte de Cristo teria sido, mais ou menos, no dia correspondente ao 3 de abril do nosso calendário atual. A imprecisão se verifica, porque nossos calendários não conseguem ser matematicamente exatos, por haver certa discordância entre a forma de contar os dias e a realidade da incidência da luz proveniente dos astros. Vejamos que o ano não tem exatamente 365 dias, mas se compõe ainda de algumas horas, minutos e segundos (365d 5h 48m 46s). É necessário também levar em consideração o desenvolvimento da astronomia e da cronologia na história. Em vários momentos foi necessário haver medidas para acertar e corrigir distorções na organização do tempo. Por exemplo, nos tempos modernos, no ano de 1582, o Papa Gregório XIII, orientado por estudiosos da astronomia, determinou a eliminação de 10 dias no calendário, exatamente de 5 a 14 de outubro, pois havia desencontro entre a realidade solar e a contagem dos dias no ano. Isto veio também ajustar a data da Páscoa. Por causa desta louvável iniciativa do Papa mencionado, o calendário que se usa hoje se chama Calendário Gregoriano.
Vejamos, portanto, que não há Páscoa sem lua cheia e nem sem mudança de estação. Na Páscoa tudo se renova, tudo revive, tudo se ilumina da forma mais exuberante possível, pois, segundo a fé dos judeus e a dos cristãos, assim é que se revela a grande misericórdia de Deus que não quer a morte do pecador, nem a escravidão da criatura humana nas trevas do erro e da ilusão, mas quer que ele viva, e seja feliz.
A Páscoa preside todo o calendário litúrgico cristão, estando as festas móveis sujeitas à data da Páscoa, como, por exemplo, a 4ª feira de Cinzas, que dá início à quaresma quarenta dias antes da celebração pascal, além das festas posteriores à Páscoa, como Pentecostes, Corpus Christi e outras celebrações móveis.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
Páscoa de 2017
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