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Abraão: exemplo de fé

Abraão-PixabayNa semana que terminou, parte do clero de Juiz de Fora fez um retiro espiritual de grande profundidade. Por ser muito numeroso, os dias de recolhimento devem ser feitos em duas etapas: a primeira delas foi em fevereiro, com a metade dos sacerdotes; e a segunda metade fez agora, de 22 a 26 de julho. O pregador em ambas as oportunidades foi Dom Henrique Soares, bispo de Palmares (PE). O tema que ele escolheu a todos encantou: o caminho de Abraão, a sua fé; a confiança de Abraão em Deus, a confiança de Deus em Abraão.

O esposo de Sara é chamado “o pai da fé”: foi o primeiro que acreditou num Deus uno. No meio de tantos povos politeístas, Abraão descobriu – ou melhor, recebeu a revelação do alto – que há um só Deus verdadeiro, que não há outro. A sua fé se espalhou, se firmou e continua até hoje naqueles que o seguem, naqueles que são cristãos. Na ordem natural, Cristo é filho de Abraão, sendo seu descendente e também de Davi. Quando Deus escolhe o local para enviar o Seu Filho, que deveria se encarnar para libertar o homem da força do pecado, Ele escolhe a família de Abraão, os seus descendentes; a família de Israel, o povo de Davi.

No entanto, a fé de Abraão foi provada por Deus. Primeiro, ele foi provado porque deveria ter uma grande descendência, mas esta nunca vinha; a sua mulher era estéril, eles eram velhos. Certo dia, Deus o chamou para fora da tenda, apresentou o céu estrelado e disse: “A sua descendência será mais numerosa do que as estrelas do céu” (cf. Gn 15,5). Essa descendência veio garantida quando, na velhice, Sara concebeu um filho, que recebeu o nome de Isaac.

Mas, em determinado momento, para surpresa de Abraão, Deus pede que sacrifique o seu filho. E ele não perde a fé. Certamente teve dúvidas, mas, para Abraão, Deus nunca falha, Deus nunca erra. A pessoa humana é que pode falhar e errar. E se o Pai nunca erra, aquilo que Ele estava pedindo não seria algo negativo, não seria a derrota da sua vida.

Sacrifícios, no antigo Testamento, representavam a morte de um animal – um cordeiro, por exemplo – e depois a queima disso, para que o fogo acabasse com o que ficara. E foi assim que Abraão preparou o sacrifício de Isaac, certamente com uma grande dor no coração. Mas, quando Deus viu que ele era capaz de crer desta forma, não permitiu que seu filho morresse. Deu-lhe, no momento, um carneiro para que pudesse ser sacrificado no lugar de Isaac.

Mais tarde, nós vamos ver a encarnação do Verbo e ver que o verdadeiro Isaac é Jesus. Ele é o Filho de Deus. Ele foi sacrificado sobre o madeiro e, aqui, Deus faz mais do que Abraão: oferece o Seu Filho por nós, que morre na cruz. Mas assim como Isaac foi preservado na sua vida, pela bondade de Deus, Cristo ressuscita ao terceiro dia. Neste caso, a vida que é preservada, na verdade, é também a nossa, porque Jesus morreu por nossa causa.

Tantos outros aspectos Dom Henrique nos lembrou neste retiro espiritual, que foi para muitos padres que ali estavam, segundo seus comentários, o melhor que já fizeram na sua vida. O retiro espiritual é um momento importante para as pessoas que creem e, sobretudo para o clero. Estar exclusivamente diante de Deus, por quatro ou cinco dias, apenas para rezar, para beber da Palavra de Deus, é importantíssimo, porque fortalece a fé, anima no trabalho e dá sentido à vida.


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Ataques infundados ao Papa Francisco

papa francisco de costasNo dia 29 de junho, a Igreja Católica celebra a Festa de São Pedro e São Paulo. Nos lugares onde não é mais feriado esse dia, a celebração é sempre realizada no domingo seguinte, como no Brasil. A solenidade, importante no calendário litúrgico da Igreja, é muito antiga. As orações da Missa foram compostas nos primeiros anos do cristianismo, talvez no século III. Basta dizer que, na história da Igreja, o estabelecimento da festa foi até anterior à designação do dia do Natal do Senhor Jesus.

A data nos recorda a grande confiança de Cristo na Igreja e o grande amor d’Ele para com todos os fiéis. Pedro foi escolhido por Cristo para ser o primeiro coordenador dos apóstolos. Mais tarde, este cargo que ele exerceu em Roma, como apóstolo dos apóstolos e símbolo da unidade da Igreja, vai ter o carinhoso nome de Papa, ou seja, “papai”.

O Santo Padre é o símbolo visível do Pai invisível da Igreja. Assim como o pai na família é o símbolo do amor, da unidade entre os filhos e a esposa, também o Papa representa esta unidade na Igreja. Portanto, a função de Pedro é muito importante. É uma decisão do próprio Senhor Jesus. Daí decorre todo o nosso respeito e amor ao seu sucessor, que hoje se chama Francisco.

A festa do dia 29 de junho é também de São Paulo e nós podemos associar a sua missão à de Pedro. Este enfrentou grandes dificuldades para ser apóstolo e o primeiro Papa, mas perseverou até o fim e a sua vida foi selada com martírio igual ao de seu Mestre. Já Paulo foi o grande missionário da primeira hora. Viajou, sofreu, enfrentou problemas com as autoridades, com os intelectuais em Atenas, com muitas comunidades e até internamente.

Olhando as dificuldades de ambos, e também dos demais apóstolos e dos primeiros cristãos – quantos foram incompreendidos e morreram martirizados -, nós podemos compreender os ataques a um Papa. Todos sofrem com críticas, enquanto estão vivos e, às vezes, até depois da morte. No caso atual, nós encontramos o Papa Francisco, que tem sido motivo de polêmica.

Por uma parte, até fora da Igreja e do Cristianismo, é aplaudido imensamente. Mas, ao mesmo tempo, padece de sofrimentos e incompreensões, às vezes internas, outras externas. Não nos assustemos com isso. São partes da cruz de Cristo que permanecem na vida da Igreja. Aliás, Jesus disse: Quem quiser ser meu discípulo, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e me siga (cf. Mt 16,24).

Pois bem, o Papa Francisco tem consciência desse mistério da cruz, que é o misterium santitatis (mistério da santidade). Ele é resultado, inclusive, do misterium iniquitatis (mistério da iniquidade), que desafia todo aquele que quer anunciar, seguir e servir a Cristo.

O Dia de São Pedro e São Paulo é já reconhecido tradicionalmente na Igreja como o dia de oração pelo Papa e nós o fazemos com muito espírito de fé e alegria no coração, demonstrando a nossa fidelidade incondicional àquele a quem Deus chamou para suceder, na Cátedra de Pedro, a coordenação, a chefia, o governo, a unidade da Igreja em todo o mundo.

Seja feliz, Papa Francisco! Conte com a nossa fidelidade, a nossa comunhão, a nossa unidade!


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Folha Missionária Número 100

Edições-do-1-ano-do-Folha-MissionáriaO número 100 é sempre especial. Os centenários das cidades, dos eventos, das datas mais significativas, em geral, são celebrados com festas. Têm aumentado nos dias atuais as comemorações centenárias de pessoas longevas que, atingindo tal idade, reúnem familiares e amigos para brindes.

Ao atingir o número 100 de suas edições, a Folha Missionária quer elevar ações de graças a Deus e comemorar com seus leitores. Por cem vezes, este periódico, inaugurado em novembro de 2010, na Festa de Cristo Rei, visitou casas, frequentou paróquias, grupos, pastorais, movimentos, associações e esteve nas mãos de centenas de leitores. Certamente espalhou o bem, informando acontecimentos, ajudando a refletir sobre temas bíblicos, catequéticos e humanitários, convocou pessoas, editou biografias, afinal, buscou fazer jus ao seu título Folha Missionária. Nestas cem edições, levou aos fiéis variadas matérias, procurando realizar os ideais do 1º Sínodo Arquidiocesano, celebrado de 2009 a 2011, cuja primeira fase foi concluída com a criação deste jornal.

O periódico age no intuito de fazer comunhão com as paróquias, movimentos, novas comunidades, associações, estruturas de Igreja e todas as demais forças vivas da Arquidiocese, possibilitando a efetivação de uma Igreja Sinodal, onde o método de ação seja a realização do desejo de Cristo: “Que todos sejam um, ó Pai, como eu e Tu somos um” (Jo 17,21), e a consequente experiência dos primeiros cristãos cuja “multidão era um só coração e uma só alma” (At 4,32).

Tal vocação se estende também para outras Igrejas, na consciência de que toda comunidade diocesana, juntamente com seu bispo, deve vivenciar a solicitude por todas as Igrejas, publicando, em cada número, na última página, a biografia de um dos bispos de nosso País. Com estes textos, chega aos corações levando dados da vida e atuação evangelizadora dos Pastores que o Espírito escolheu para suceder os Apóstolos na condução das Igrejas Particulares. As biografias episcopais têm sido editadas obedecendo critérios diversificados, tais como, bispos falecidos na região, bispos oriundos do clero juiz-forano, bispos eleitos recentemente, bispos com funções na CNBB e outros grupos.

Nestas cem edições, podemos comemorar a perseverança ininterrupta de três escritores: Pe. Camilo de Paiva, Leandro Novaes e este Arcebispo que aqui subscreve. De fato, por 100 vezes, publicamos a Palavra do Pastor, reservando-nos oportunidade para levar a todos a mensagem da Igreja local, com temas centrais da vida eclesial ou do meio social que mais auxiliem os leitores na vivência da fé, no espírito de comunhão e na disponibilidade missionária. Cem vezes os editoriais deram a nota dominante das matérias, escritos pelo referido Editor Chefe, Pe. Antônio Camilo de Paiva, Mestre em Comunicação pela Faculdade Salesiana de Roma e Especialista em Comunicação Social pelo SEPAC (Serviço à Pastoral da Comunicação – Paulinas Cursos). Por 100 vezes nosso único redator tem sido o jornalista Leandro Novaes, formado em Comunicação Social pela UNIPAC (Universidade Presidente Antônio Carlos-JF) e pós-graduado em Comunicação Empresarial pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora).

Um sem número de pessoas tem sido colaborador com artigos e notícias, somando-se riquíssima e volumosa matéria para a área da comunicação na Arquidiocese, importante para o registro histórico das atividades desta Igreja juiz-forana, indispensável para a formação de uma grei que escolheu para si o lema Arquidiocese de Juiz de Fora, uma Igreja sempre em missão.

Ao atingirmos o número 100 destas publicações mensais, erguemos ao Altíssimo nossa voz com a prece do Salmo 100: Eu quero cantar o amor e a justiça, cantar meus hinos a vós, ó Senhor!


Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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