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Igrejas Irmãs: Missão na Amazônia

Uma das iniciativas evangelizadoras mais expressivas da CNBB tem sido o Projeto Igrejas-Irmãs, fundado em 1972 e que vem se desenvolvendo ininterruptamente até hoje. Apesar dos desafios, tal projeto é, sem sombra de dúvida, a maior força missionária da Igreja no Brasil.

Atualmente, após as palavras frequentes do Papa Francisco a respeito da atenção primordial que se deve dar à Amazônia, o programa pede renovação.

Nos dias 17 e 18 de novembro passado, realizou-se em Belém do Pará, sede do Regional Norte 2 da CNBB, um excelente encontro de bispos, padres, diáconos e leigos sobre o tema. Tive a graça de participar e encontrar mais de 60 outros bispos de várias partes do país, representantes de dioceses que recebem missionários e daquelas que os enviam. Num clima de fraternidade, alegria, diálogo, ânimo, além de muita oração e iluminação pela Palavra de Deus, a reunião transcorreu tão bem, que poucas vezes se verificou, em nossos encontros pastorais, tanto sucesso em tão pouco tempo. Recebidos na Arquidiocese de Belém, na Casa de Retiros Monte Tabor, com a acolhida simpática da Nova Comunidade “Sementes do Verbo”, que dirige e cuida do espaço com mais de 40 membros, todos jovens, a coordenação foi feita pela Comissão Missionária da CNBB especial para a Amazônia, com a direção de Dom Esmeraldo Barretos de Farias, Bispo Auxiliar de São Luís-MA e de Dom Bernardo Johannes, Bispo de Óbidos, Presidente do Regional Norte 2.

Revendo o já mencionado Projeto fundado pela CNBB há mais de 40 anos, verificou-se o grande avanço eclesial da Igreja na Amazônia pelas iniciativas de Igrejas do centro e do sul do País, além de convênios entre Regionais. Viu-se também a necessidade de revisão do referido Projeto, com adaptações à nova realidade sócio-econômica e religiosa da Amazônia e de todo o Brasil. Vários desafios atuais foram recordados, como a migração de povos de países vizinhos em situação de grave crise social como a Venezuela, os projetos governamentais brasileiros e estrangeiros que visam explorar as riquezas da Amazônia sem levar em consideração as pessoas que lá vivem, desrespeitando opressiva e desumanamente as populações autóctones. Também a presença de muitas outras denominações religiosas, muitas delas fundamentalistas e sectárias, constitui hoje questão a ser vista e revista, além de outros desafios endêmicos naquela região.

Quanto à revitalização, foi acordado solicitar à CNBB que promova, em breve, uma Assembleia Geral tendo como tema o Projeto Igrejas-Irmãs na nova realidade.

Viu-se a necessidade de promover boa ampliação da formação de leigos e leigas missionários (as) vindos de fora e de pessoas autóctones, em vista de tornar as comunidades cada vez mais fortes em suas Igrejas Particulares, dependo cada vez menos de ajudas de outras regiões, embora a continuidade do intercâmbio deva continuar para benefício de ambas.

De fato, constata-se que é necessário que o projeto tenha como objetivo não somente ajudas externas, mas a formação de liderança, seja de leigos, seja de ministros ordenados de origem local. Para tal formação, verificou-se a oportunidade de uma pareceria com Universidades Católicas, Seminários, OSIB (Organização dos Seminários e Institutos Teológicos do Brasil), CNP (Comissão Nacional dos Presbíteros), e outros organismos.

Tudo isso foi resumido numa carta-compromisso aprovada em plenário.

Notou-se também uma consoladora novidade que é envio de missionários amazonenses para outras partes da Igreja, pois a Amazônia não tem só a receber, mas também muito a ofertar.

É maravilhoso ver os testemunhos dos bispos e demais missionários atuantes nas dioceses e prelazias da Amazônia, vivendo muitas vezes sem conforto, de forma marcada pela pobreza evangélica, mas sempre sorridentes, animados e felizes com sua missão.

É edificante ver o povo católico amazônico bem organizado, assumindo, como leigos conscientes, sua responsabilidade na Igreja, celebrando com alegria, conscientizando-se sobre suas responsabilidades sociais frente as explorações desumanas que os ameaçam, sem perder o forte vínculo da fé.

Outros animadores testemunhos de bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas foram dados, fortalecendo o ânimo missionário, concluindo que vale a pena dar a vida pelo evangelho, espalhando com entusiasmo o nome de Cristo por todos os recando do mundo.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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