Papa: nem tudo se resolve com a justiça, é preciso perdoar para ser perdoado

angelus“Perdoar não é algo só de momento, é uma coisa contínua contra esse rancor, esse ódio que volta. Pensemos no final, deixemos de odiar (…). Quanto sofrimento, quantas lacerações, quantas guerras poderiam ser evitadas se o perdão e misericórdia fossem o estilo de nossa vida!”.

Inspirado na passagem de São Mateus (Mt 18, 21-35), proposta pela liturgia do dia, o Papa dedicou sua reflexão no Angelus deste XXIV Domingo do Tempo Comum ao perdão, enfatizando que devemos “aplicar o amor misericordioso nas relações humanas.”

Dirigindo-se a um número sempre maior de fiéis e turistas presentes na Praça São Pedro para o tradicional encontro dominical, Francisco pediu que a intercessão da Mãe de Deus sempre nos recorde do quanto somos devedores de Deus: “se não nos esforçarmos para perdoar e amar, tampouco nós seremos perdoados e amados.”

Patrão indulgente e compassivo

O cerne da parábola do rei misericordioso contada por Jesus é a indulgência que o patrão demonstra para com o servo com a dívida maior.

A súplica “Dá-me um prazo e eu te pagarei tudo” é encontrada duas vezes na parábola, começou explicando o Papa:

“A primeira vez é pronunciada pelo servo que deve a seu patrão dez mil talentos, uma soma enorme, hoje seriam milhões de euros. A segunda vez é repetida por outro servo do mesmo patrão. Ele também está em dívida, não com seu senhor, mas com o mesmo servo que tem uma dívida enorme. E a dívida dele é muito pequena, talvez como o salário de uma semana.”

O patrão – conforme descrito pelo evangelista – teve compaixão – nunca esquecer esta palavra. Jesus teve compaixão – , deixou o servo ir embora, perdoando sua dívida. Como a dívida era enorme, o perdão também o foi.

Mas o servo, por sua vez, após perdoado, mostra-se implacável com seu companheiro que lhe devia uma soma modesta, e manda-o para a prisão até que este quite a sua pequena dívida. O patrão fica indignado ao saber, chama o servo malvado e faz com que seja condenado: “Mas eu te perdoei tanto e és incapaz de perdoar este pouco?”

No comportamento divino, justiça é permeada pela misericórdia

Francisco explica que na Parábola encontramos duas atitudes diferentes: a de Deus – representado pelo rei, que perdoa tanto, porque Deus perdoa sempre – e a do homem:

“No comportamento divino, a justiça é permeada pela misericórdia, enquanto o comportamento humano se limita à justiça. Jesus exorta-nos a abrirmo-nos com coragem ao poder do perdão, porque nem tudo na vida se resolve com a justiça, sabemos disso.”

De fato, “há necessidade desse amor misericordioso”, que é também a base da resposta do Senhor à pergunta de Pedro sobre quantas vezes deve perdoar um irmão que peca contra ele.

Aplicar o amor misericordioso nas relações humanas

O “setenta vezes sete”, na linguagem simbólica da Bíblia, “significa que somos chamados a perdoar sempre”:

“Quanto sofrimento, quantas lacerações, quantas guerras poderiam ser evitadas se o perdão e misericórdia fossem o estilo de nossa vida! Mesmo em família. Quantas famílias desunidas, que não sabem se perdoar, quantos irmãos e irmãs que têm este rancor. É necessário aplicar o amor misericordioso em todas as relações humanas: entre os cônjuges, entre os pais e os filhos, nas nossas comunidades, na Igreja e também na sociedade e na política.”

Perdoar é uma luta contínua contra o rancor

O Papa recordou então da Missa celebrada pela manhã, quando ficou profundamente tocado por uma frase do Livro do Eclesiástico: “Lembra-te de teu fim, e deixa de odiar”, exortando ao exercício contínuo do perdão:

“Bela frase! Mas pense no fim! Pense que estarás em um caixão e levarás o ódio para lá. Pense no final, deixe de odiar! Deixe do rancor. Pensemos nesta frase tão tocante: “Lembre-se do teu fim e deixa de odiar”. E não é fácil perdoar, porque nos momentos tranquilos alguém diz: “Sim, mas eles ou ele me aprontaram de tudo, mas também eu aprontei tantas. Melhor perdoar para ser perdoado”. Mas então o ressentimento volta, como uma mosca incômoda no verão que vai e vem e volta … Perdoar não é algo só de momento, é uma coisa contínua contra esse rancor, esse ódio que volta. Pensemos no final, deixemos de odiar.”

Assim – completou o Papa – esta parábola “ajuda-nos a compreender plenamente o sentido daquela frase que recitamos na oração do Pai-Nosso: «Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido»:

“Essas palavras contêm uma verdade decisiva. Não podemos pretender o perdão de Deus para nós se, por sua vez, não concedermos perdão ao nosso próximo. É uma condição: pense no fim, no perdão de Deus e deixe de odiar, mande embora o rancor, aquela mosca incômoda que volta e volta e volta. Se não nos esforçarmos para perdoar e amar, tampouco nós seremos perdoados e amados.”

Confiemo-nos à materna intercessão da Mãe de Deus: que ela nos ajude a perceber o quanto somos devedores a Deus e a recordá-lo sempre, para assim ter o coração aberto à misericórdia e à bondade.

Fonte: Site Vatican News

“É preciso agir” é o alerta da campanha setembro amarelo da associação brasileira de psiquiatria

Setembro-Amarelo-ov9rja4n0cxsjuujncgi1y30y2vh4i8o4f9wm6o8zcEm 2014, 10.631 pessoas cometeram suicídio no Brasil segundo a Organização Mundial de Saúde. Um a cada 4 jovens considerou seriamente a possibilidade de suicídio nos últimos 30 dias. O bispo referencial da Pastoral da Saúde, dom Ferrería Paz provoca a Igreja para fortalecer iniciativas de prevenção nas comunidades.

No mundo, estima-se que 800 mil pessoas, a casa ano, cometem suicídio. É para estas realidades que o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, estabelecido pela OMS no dia 10 de setembro, faz o alerta: “É preciso agir”. Mais de 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados caso as pessoas que o cometem fossem ouvidas segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Para aumentar a possibilidade de salvar vidas, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organiza nacionalmente o Setembro Amarelo, desde 2014. Este ano a campanha tem o mote: “É preciso agir”. Em um site, especialmente criado para a campanha, é possível encontrar as diretrizes e o material de divulgação e suporte para a participação na campanha.

O bispo de Campos (RJ) e referencial da Pastoral da Saúde, dom Roberto Francisco Ferrería Paz, disse que a Igreja no Brasil participa desta campanha de diferentes formas divulgando as iniciativas nas comunidades. A Pastoral da Saúde junto a psiquiatras e psicólogos católicos realiza eventos em várias dioceses.

Segundo o bispo o impacto da pandemia, com o isolamento social e o desemprego, associadas à deterioração das condições de vida são recentemente potenciais fatores para o aumento nos casos de suicídios no Brasil. Este contexto, no qual a vida está por um fio e sem perspectivas de futuro, é muito preocupante especialmente para os jovens alerta dom Roberto.

O que as comunidades eclesiais podem fazer

A escuta organizada para a prevenção ao suicídio é algo que toda comunidade pode fazer, apontou o bispo referencial da Pastoral da Saúde. Desta forma, segundo ele, é possível identificar os sinais e a presença do desejo de tirar a própria vida e reduzir o número de mortes uma vez que 90% dos casos são reversíveis. “Para desistir do suicídio basta ser ouvido com amor”, disse.

O bispo também fez o alerta da presença na internet de grupos que promovem a prática com mensagens negativas. O bispo elogia as iniciativas de escuta espiritual e religioso organizados pelas comunidades e também atendimento terapêutico neste contexto da pandemia e reforça que a Igreja no Brasil deve investir mais nestas inciativas.

Estas iniciativas giram em torno do que ele considera com uma verdadeira pastoral da escuta e de aconselhamento. “O Serviço de Escuta e aconselhamento neste tempo da pandemia são fundamentais. Vamos rezar neste mês de setembro e animar a todas as pastorais e comunidades em torno deste tema que pode estar perto de cada um de nós, um vizinho, um familiar e um irmão”, convocou.

Ajuda imediata

Dom Roberto Ferrería desafiou a Igreja no Brasil a se aproximar do Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone (basta discar 188), email e chat 24 horas todos os dias.

Considerando que o isolamento social é um entre os vários fatores de risco, é possível afirmar que o número de suicídios aumentou neste contexto da pandemia. Em caso de emergência, ligue para o SAMU no número 192.

Fonte: Site da CNBB

Coleta em favor da Terra Santa será realizada no próximo domingo (13)

Coleta-para-a-terra-santaA tradicional Coleta em favor da Terra Santa será realizada no próximo domingo, 13, durante as celebrações em todas as Igrejas do mundo. A coleta que é realizada na celebração das Funções durante a Sexta-Feira Santa, foi adiada devido à pandemia. O Papa Francisco aprovou a realização no próximo domingo, dia 13 de setembro, por tratar-se da véspera da Festa da Exaltação da Santa Cruz.

O Frei Francesco Patton explica que a data foi escolhida “porque é o domingo mais próximo da festa da Exaltação da Santa Cruz, que celebramos aqui em Jerusalém com particular solenidade, para recordar até que ponto chegou o amor do Filho de Deus por nós: a ponto de dar a vida na Cruz, pela nossa salvação, para nos reconciliar com o Pai e entre nós fazer uma nova humanidade fundamentada na solidariedade e no amor”.

Um vídeo divulgado pela Custódia da Terra Santa traz um apelo do prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal Leonardo Sandri, pedindo a todos que contribuam na coleta. O Cardeal explicou a escolha da data próxima à Exaltação da Santa Cruz: “porque nos remetia, obviamente, não à Sexta-Feira Santa – que seria o dia em que se costuma fazer a coleta – mas à cruz de Cristo, à sua exaltação, ao descobrimento das relíquias da cruz de Cristo”.

A coleta é realizada em todas as igrejas do mundo. Em vista disso, o Arcebispo de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, também se pronunciou. “Queria fazer um apelo. Queremos proteger os lugares santos por onde Jesus andou. Na Terra Santa, a situação dos cristãos é muito difícil, somos tratados como estrangeiros. Nós precisamos manter nossas igrejas, nossa basílicas, os franciscanos que estão desde a idade média tomando conta do lugar para nós. Quando fui à Terra Santa, vi como tem sido sofrido o trabalho dos cristãos lá. Se for a uma celebração, faça sua contribuição, se não, mande entregar na secretaria da paróquia.”

Lugares santos e obras de caridade

A coleta é destinada à manutenção e ajuda à Igreja presente na Terra Santa, berço do Cristianismo. No vídeo do frei Patton, são ilustradas as várias formas que a Coleta costuma assumir, uma vez que as ofertas das paróquias e dioceses de todo o mundo chegam à Custódia.

“Graças à generosa contribuição dos cristãos de todo o mundo, conseguimos continuar cuidando e mantendo os lugares santos do cristianismo, como o Santo Sepulcro, a Basílica da Natividade, até os santuários menos notados”, destaca o Frei.

A coleta é destinada também à ação pastoral das paróquias confiadas aos franciscanos. “Podemos garantir instrução e educação de qualidade a mais de 10 mil estudantes que frequentam as nossas escolas; podemos ajudar as jovens famílias a encontrar um lar; podemos amparar os trabalhadores migrantes cristãos, fazendo-os sentir-se acolhidos mesmo que longe da própria pátria; podemos nos colocar ao lado das pessoas atingidas pela guerra na Síria e ao lado dos refugiados ainda espalhados nos mais diversos países em que nos encontramos vivendo a nossa missão“, enumera o custódio da Terra Santa.

A Custódia da Terra Santa está confiada à Ordem dos Frades Menores há 800 anos, fato destacado pelo Cardeal Sandri, que convidou a um gesto de gratidão: “Os franciscanos da Custódia da Terra Santa são aqueles que cuidam dos lugares onde Jesus pôs os seus pés e as suas mãos. Todos devemos agradecer-lhes, porque eles não estão apenas ali, mas são missionários para com todos nós que chegamos aos Lugares Santos e recebemos a acolhida dos franciscanos, deles recebemos a palavra que explica o mistério de Jesus no lugar concreto onde Ele viveu, onde Ele esteve”.

Solidariedade durante a pandemia

Diante do desafio da pandemia e das consequências que surgem agora e no horizonte, a solidariedade apresenta-se como caminho.

“Não sairemos deste terrível flagelo a não ser com a solidariedade. Por isso é importante a generosidade dos pobres, dos humildes, dos ricos … de todos, que dão o que podem pela sobrevivência dos Lugares Santos de Jesus e, portanto, pela presença viva de Jesus que todos podem experimentar com a peregrinação física na Terra Santa que hoje, devido a estas circunstâncias, se transforma em peregrinação da oração, do espírito, da invocação e da generosidade para contribuir com a manutenção de todos os Lugares Santos e de todas as necessidades dos nossos confrades na terra de Jesus“, afirmou o Cardeal Leonardo Sandri.

Fonte: Portal Canção Nova

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