Por mais mulheres em cargos de decisão na Igreja: a intenção do Papa para outubro

video papa outubro“Rezemos para que, em virtude do batismo, os fiéis leigos, em especial as mulheres, participem mais nas instâncias de responsabilidade da Igreja, sem cair em clericalismos que anulam o carisma laical.”

Por esta intenção, o Papa Francisco pede que rezemos neste mês de outubro, mês missionário.

O Santo Padre destaca o papel dos leigos e leigas, a quem ele considera verdadeiros protagonistas do anúncio do Evangelho, e pede que especialmente as mulheres participem de cargos de decisão.

Como todo mês, a intenção é acompanhada de um vídeo preparado pela Rede Mundial de Oração do Papa. Nesta ocasião, o vídeo foi produzido em colaboração com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida e conta com a participação de altas funcionárias do Vaticano e jornalistas do Vatican News.

Ampliar os espaços de presença feminina relevante na Igreja

“Ninguém foi batizado como padre ou bispo. Todos nós fomos batizados como leigos”, recorda o Papa no vídeo, afirmando que ”leigos e leigas são protagonistas da Igreja”.

E nesta presença laical, afirma Francisco, “deve-se sublinhar o feminino, pois as mulheres costumam ser deixadas de lado”.

“Devemos promover a integração das mulheres em lugares onde são tomadas decisões importantes”, defende o Pontífice.

Comentando esta intenção, o Diretor Internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, padre Frédéric Fornos SJ, destaca que desde 2013 – ano da eleição de Francisco – “muito foi feito, mas muito mais deve ser feito”.

O jesuíta cita uma frase do Papa Francisco da Exortação apostólica “Evangelii gaudium”: “As reivindicações dos legítimos direitos das mulheres, a partir da firme convicção de que homens e mulheres têm a mesma dignidade, colocam à Igreja questões profundas que a desafiam e não se podem iludir superficialmente” (EG 104).

Em outro documento, “Querida Amazônia”, o Pontífice escreve que muitas mulheres, impelidas pelo Espírito Santo, mantêm a Igreja de pé, em muitas partes do mundo, com admirável dedicação e fervorosa fé. É fundamental que participem cada vez mais em suas instâncias de decisão. Isso exige uma mudança profunda de mentalidade, exige a nossa conversão, que implica oração.

Fonte: Site Vatican News

Cerimônia de Beatificação de Benigna Cardoso é adiada para 2021

benigna-cardoso-fotoDiocese-de-cratoA Santa Missa com o rito de Beatificação da jovem mártir de Santana do Cariri (CE), Benigna Cardoso da Silva, prevista para o próximo dia 21 de outubro, foi adiada para 2021, em data a ser confirmada. A decisão leva em conta a atual situação de pandemia. A informação foi dada pelo bispo da Diocese de Crato, Dom Gilberto Pastana, no início deste mês.

“Hoje é muito improvável nós marcamos uma data. Vamos rezar, pedir a Deus que a gente vença essa pandemia, que se encontre logo uma vacina e, depois disso, sem dúvida, vamos remarcar essa data”, disse o pastor diocesano, ao mesmo tempo em que tranquilizou os fiéis: “Importante é saber que ela já foi beatificada, agora, precisa fazer a celebração”.

De acordo com Dom Gilberto, a cerimônia depende de Roma, da agenda e do calendário do Cardeal Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, representante do Papa Francisco. Desde 2005, os ritos da beatificação são presididos pelo Prefeito dessa Congregação e realizados, preferivelmente, nas dioceses.

“Vamos rezar, pedir a Deus que a gente vença essa pandemia, que se encontre logo uma vacina e, depois disso, sem dúvida, vamos remarcar essa data. Tão logo se marque, nós estaremos comunicando a todo o povo de Deus”, concluiu o pastor diocesano.

Em dois de outubro de 2019, o Papa Francisco autorizou a beatificação de Benigna, que há muito é invocada pelos fiéis como intercessora e “heroína da castidade”. Anualmente, uma romaria é organizada em sua homenagem, reunindo milhares de peregrinos.

A primeira beata do Ceará

Será a próxima beata brasileira e a primeira do Ceará. Ela é considerada “heroína da castidade”, após ter sido martirizada em 24 de outubro de 1941, aos treze anos. Seu testemunho de fé envolveu uma decisão muito corajosa ao encarar golpes de facões para não ter o corpo maculado. A jovem era assediada por um rapaz, seu colega de escola, com propostas de namoro. Como rejeitasse a todas, ele pôs em prática um fático plano.

Era uma tarde de sexta-feira. Tendo se escondido atrás do mato, o rapaz ficou à espreita de Benigna, que costumava apanhar água numa cacimba próxima à sua casa. Aproximando-se, tentou abusá-la sexualmente. Ela dizia “não” com tal veemência, que teve o corpo esfaqueado até a morte. Daí o título “Heroína da Castidade”. Era muito religiosa e temente a Deus.

Em janeiro de 2013, a Igreja Católica reconheceu esse gesto, concedendo o título de “Serva de Deus”. O postulador da causa foi Monsenhor Vitaliano Mattioli, formador no Seminário São José, falecido em dezembro do ano seguinte, incentivado por Dom Fernando Panico, hoje bispo emérito da Diocese de Crato. Benigna, portanto, será a quarta brasileira com o título de beata, depois de Nhá Chica, Padre Victor e Dom Othon Motta.

A devoção à “Heroína da Castidade” cresceu entre os católicos residentes no município de Santana, excedendo os limites das redondezas. Anualmente, milhares de féis realizam uma romaria no dia do martírio, principalmente no local onde ele ocorreu e onde foi erguido um pequeno santuário.

Para saber mais:

É com os ritos da beatificação e da canonização que a Igreja celebra a santidade como expressão das “maravilhas” realizadas pelo Senhor na vida do seu Povo. Com a leitura oficial da Carta Apostólica, feita por um representante, o Papa concede o título e as honras de Beato ao servo de Deus em questão. O rito é feito durante a Celebração eucarística, precisamente depois do ato penitencial e antes do cântico do “Glória”.

Fonte: Site Notícias Canção Nova

Publicada “Fratelli tutti”, a Encíclica social do Papa Francisco

papa-media-vaticanQuais são os grandes ideais mas também os caminhos concretos para aqueles que querem construir um mundo mais justo e fraterno nas suas relações quotidianas, na vida social, na política e nas instituições? Esta é a pergunta à qual pretende responder, principalmente, “Fratelli tutti”: o Papa define-a como uma “Encíclica Social” (6) que toma o seu título das “Admoestações” de São Francisco de Assis, que usava essas palavras “para se dirigir a todos os irmãos e irmãs e lhes propor uma forma de vida com sabor do Evangelho” (1). A Encíclica tem como objetivo promover uma aspiração mundial à fraternidade e à amizade social. No pano de fundo, há a pandemia da Covid-19 que – revela Francisco – “irrompeu de forma inesperada quando eu estava escrevendo esta carta”. Mas a emergência sanitária global mostrou que “ninguém se salva sozinho” e que chegou realmente o momento de “sonhar como uma única humanidade”, na qual somos “todos irmãos”. (7-8).

No primeiro de oito capítulos, intitulado “As sombras dum mundo fechado”, o documento debruça-se sobre as muitas distorções da época contemporânea: a manipulação e a deformação de conceitos como democracia, liberdade, justiça; o egoísmo e a falta de interesse pelo bem comum; a prevalência de uma lógica de mercado baseada no lucro e na cultura do descarte; o desemprego, o racismo, a pobreza; a desigualdade de direitos e as suas aberrações como a escravatura, o tráfico de pessoas, as mulheres subjugadas e depois forçadas a abortar, o tráfico de órgãos (10-24). Estes são problemas globais que requerem ações globais, sublinha o Papa, apontando o dedo também contra uma “cultura de muros” que favorece a proliferação de máfias, alimentadas pelo medo e pela solidão (27-28).

A muitas sombras, porém, a Encíclica responde com um exemplo luminoso, o do bom samaritano, a quem é dedicado o segundo capítulo, “Um estranho no caminho”. Nele, o Papa assinala que, numa sociedade doente que vira as costas à dor e é “analfabeta” no cuidado dos mais frágeis e vulneráveis (64-65), somos todos chamados a estar próximos uns dos outros (81), superando preconceitos e interesses pessoais. De fato, todos nós somos corresponsáveis na construção de uma sociedade que saiba incluir, integrar e levantar aqueles que sofrem (77). O amor constrói pontes e nós “somos feitos para o amor” (88), acrescenta o Papa, exortando em particular os cristãos a reconhecerem Cristo no rosto de cada pessoa excluída (85). O princípio da capacidade de amar segundo “uma dimensão universal” (83) é também retomado no terceiro capítulo, “Pensar e gerar um mundo aberto”: nele, Francisco exorta cada um de nós a “sair de si mesmo” para encontrar nos outros “um acrescentamento de ser” (88), abrindo-nos ao próximo segundo o dinamismo da caridade que nos faz tender para a “comunhão universal” (95). Afinal – recorda a Encíclica – a estatura espiritual da vida humana é medida pelo amor que nos leva a procurar o melhor para a vida do outro (92-93). O sentido da solidariedade e da fraternidade nasce nas famílias que devem ser protegidas e respeitadas na sua “missão educativa primária e imprescindível” (114).

O direito a viver com dignidade não pode ser negado a ninguém, afirma ainda o Papa, e uma vez que os direitos são sem fronteiras, ninguém pode ser excluído, independentemente do local onde nasceu (121). Deste ponto de vista, o Papa lembra também que é preciso pensar numa “ética das relações internacionais” (126), porque cada país é também do estrangeiro e os bens do território não podem ser negados àqueles que têm necessidade e vêm de outro lugar. O direito natural à propriedade privada será, portanto, secundário em relação ao princípio do destino universal dos bens criados (120). A Encíclica também coloca uma ênfase específica na questão da dívida externa: embora se mantenha o princípio de que toda a dívida legitimamente contraída deve ser paga, espera-se, no entanto, que isto não comprometa o crescimento e a subsistência dos países mais pobres (126).

Ao tema das migrações é, ao invés, dedicado em parte o segundo e todo o quarto capítulo, “Um coração aberto ao mundo inteiro”: com as suas “vidas dilaceradas” (37), em fuga das guerras, perseguições, catástrofes naturais, traficantes sem escrúpulos, arrancados das suas comunidades de origem, os migrantes devem ser acolhidos, protegidos, promovidos e integrados. Nos países destinatários, o justo equilíbrio será entre a proteção dos direitos dos cidadãos e a garantia de acolhimento e assistência aos migrantes (38-40). Especificamente, o Papa aponta algumas “respostas indispensáveis” especialmente para aqueles que fogem de “graves crises humanitárias”: incrementar e simplificar a concessão de vistos; abrir corredores humanitários; oferecer alojamento, segurança e serviços essenciais; oferecer possibilidade de trabalho e formação; favorecer a reunificação familiar; proteger os menores; garantir a liberdade religiosa. O que é necessário acima de tudo” – lê-se no documento -, é uma legislação (go­vernance) global para as migrações que inicie projetos a longo prazo, indo além das emergências individuais, em nome de um desenvolvimento solidário de todos os povos (129-132).

O tema do quinto capítulo é “A política melhor”, ou seja, a que representa uma das formas mais preciosas da caridade porque está ao serviço do bem comum (180) e conhece a importância do povo, entendido como uma categoria aberta, disponível ao confronto e ao diálogo (160). Este é o popularismo indicado por Francisco, que se contrapõe ao “populismo” que ignora a legitimidade da noção de “povo”, atraindo consensos a fim de instrumentalizar ao serviço do seu projeto pessoal (159). Mas a melhor política é também a que protege o trabalho, “uma dimensão indispensável da vida social” e procura assegurar que cada um tenha a possibilidade de desenvolver as suas próprias capacidades (162). A verdadeira estratégia contra a pobreza, afirma a Encíclica, não visa simplesmente a conter os necessitados, mas a promovê-los na perspectiva da solidariedade e da subsidiariedade (187). A tarefa da política, além disso, é encontrar uma solução para tudo o que atenta contra os direitos humanos fundamentais, tais como a exclusão social; tráfico de órgãos, e tecidos humanos, armas e drogas; exploração sexual; trabalho escravo; terrorismo e crime organizado. Forte o apelo do Papa para eliminar definitivamente o tráfico de seres humanos, “vergonha para a humanidade”, e a fome, porque é “criminosa” porque a alimentação é “um direito inalienável” (188-189).

A política da qual há necessidade, sublinha ainda Francisco, é aquela centrada na dignidade humana e que não está sujeita à finança porque “o mercado por si só, não resolve tudo”: os “estragos” provocados pela especulação financeira mostraram-no (168). Assumem, portanto, particular relevância os movimentos populares: verdadeiros “torrentes de energia moral”, devem ser envolvidos na sociedade, de uma forma coordenada. Desta forma – afirma o Papa -, pode-se passar de uma política “para” os pobres para uma política “com” e “dos” pobres (169). Outro desejo presente na Encíclica diz respeito à reforma da ONU: perante o predomínio da dimensão econômica, de fato, a tarefa das Nações Unidas será dar uma real concretização ao conceito de “família de nações”, trabalhando para o bem comum, a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos humanos. Recorrendo incansavelmente à “negociação, aos mediadores e à arbitragem” – afirma o documento pontifício – a ONU deve promover a força da lei sobre a lei da força (173-175).

Do sexto capítulo, “Diálogo e amizade social”, emerge também o conceito de vida como “a arte do encontro” com todos, também com as periferias do mundo e com os povos originais, porque “de todos se pode aprender alguma coisa, nin­guém é inútil, ninguém é supérfluo” (215). Particular, então, a referência do Papa ao “milagre da amabilidade”, uma atitude a ser recuperada porque é “uma estrela na escuridão” e uma “libertação da crueldade, da ansiedade que não nos deixa pensar nos outros, da urgência distraída” que prevalecem em época contemporânea (222-224). Reflete sobre o valor e a promoção da paz, o sétimo capítulo, intitulado “Percursos dum novo encontro”, no qual o Papa sublinha que a paz é “proativa” e visa formar uma sociedade baseada no serviço aos outros e na busca da reconciliação e do desenvolvimento mútuo. A paz é uma “arte” em que cada um deve desempenhar o seu papel e cuja tarefa nunca termina (227-232). Ligado à paz está o perdão: devemos amar todos sem exceção – lê-se na Encíclica -, mas amar um opressor significa ajudá-lo a mudar e não permitir que ele continue a oprimir o seu próximo (241-242). Perdão não significa impunidade, mas justiça e memória, porque perdoar não significa esquecer, mas renunciar à força destrutiva do mal e da vingança. Nunca esquecer “horrores” como a Shoah, os bombardeamentos atómicos em Hiroshima e Nagasaki, perseguições e massacres étnicos – exorta o Papa – devem ser sempre recordados, novamente, para não nos anestesiarmos e manterem viva a chama da consciência coletiva. E também é importante fazer memória do bem. (246-252).

Parte do sétimo capítulo se detém, então, sobre a guerra: “uma ameaça constante”, que representa a “negação de todos os direitos”, “o fracasso da política e da humanidade”, “a vergonhosa rendição às forças do mal”. Além disso, devido às armas nucleares, químicas e biológicas que afetam muitos civis inocentes, hoje já não podemos pensar, como no passado, numa possível “guerra justa”, mas temos de reafirmar fortemente “Nunca mais a guerra! A eliminação total das armas nucleares é “um imperativo moral e humanitário”; em vez disso – sugere o Papa – com o dinheiro do armamento deveria ser criado um Fundo Mundial para acabar de vez com a fome (255-262). Francisco expressa uma posição igualmente clara sobre a pena de morte: é inadmissível e deve ser abolida em todo o mundo. “O homicida não perde a sua dignidade pessoal – escreve o Papa – e o próprio Deus Se constitui seu garante” (263-269). Ao mesmo tempo, a necessidade de respeitar “a sacralidade da vida” (283) é reafirmada onde “partes da humanidade parecem sacrificáveis “, tais como os nascituros, os pobres, os deficientes, os idosos (18).

No oitavo e último capítulo, o Pontífice se detém sobre “Religiões ao serviço da fraternidade no mundo” e reitera que o terrorismo não se deve à religião, mas a interpretações erradas de textos religiosos, bem como a políticas de fome, pobreza, injustiça e opressão (282-283). Um caminho de paz entre a religiões é, portanto, possível; por isso, é necessário garantir a liberdade religiosa, direito humano fundamental para todos os crentes (279). Uma reflexão, em particular, a Encíclica faz sobre o papel da Igreja: ela não relega a sua missão à esfera privada e, embora não fazendo política, não renuncia à dimensão política da existência, à atenção ao bem comum e à preocupação pelo desenvolvimento humano integral, segundo os princípios evangélicos (276-278).

Enfim, Francisco cita o “Documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum”, assinado por ele mesmo em 4 de fevereiro de 2019 em Abu Dhabi, junto com o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyib: desta pedra miliar do diálogo inter-religioso, o Pontífice retoma o apelo para que, em nome da fraternidade humana, o diálogo seja adoptado como caminho, a colaboração comum como conduta, e o conhecimento mútuo como método e critério (285).

Fonte: Site Vatican News

Leia mais

NEWSLETTER
Cadastre-se e receba as novidades da Catedral.
  1. Facebook
  2. Twitter
  3. Instagram
  4. Video