A oração não faz mágicas, é preciso rezar com humildade, diz Papa

naassom-azevedo-NWu79O4kekw-unsplashA certeza de ser ouvidos: este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (26), realizada com a presença de fiéis no Pátio interno do Palácio Apostólico.

O Pontífice acrescentou mais um capítulo à sua série sobre a oração, falando das preces que parecem permanecer desatendidas, algo que podemos interpretar como um escândalo. Francisco citou as inúmeras orações pelo fim dos conflitos, com guerras em andamento em muitos países, como no Iêmen e na Síria.

Mas se pode questionar: “Se Deus é Pai, por que não nos ouve? Todos nós fazemos esta experiência”, disse Francisco: todos rezamos pela recuperação de um amigo, de um pai, de uma mãe, que depois se foram.

A oração não é uma varinha de condão, mas um diálogo com Deus

Uma boa resposta está contida no Catecismo, afirmou o Papa, pois adverte para o risco de transformar a relação com Deus em algo mágico, e não numa autêntica experiência de fé. “A oração não é uma varinha de condão, mas um diálogo com Deus.”

Com efeito, podemos cair na pretensão de que Deus deve nos servir, e não contrário. Que Ele deve realizar os nossos desejos, sem que admitamos outros projetos. Mas a humildade é a primeira condição. Jesus teve a grande sabedoria de colocar sobre os lábios o “Pai-Nosso”, pedindo que se realizasse a vontade do Pai no mundo.

Francisco adverte ainda para as súplicas por motivos duvidosos, como o de derrotar o inimigo em guerra, sem se questionar o que Deus pensa daquela guerra.

“É fácil escrever sobre um estandarte ‘Deus está conosco’; muitos se apressam em garantir que Deus está com eles, mas poucos se preocupam de verificar se eles estão efetivamente com Deus.”

O tempo de Deus não é o nosso tempo

Na oração, disse o Papa, é Deus que deve nos converter, e não nós que devemos convertê-Lo. “É a humildade”, devemos rezar pedindo a Deus que converta o nosso coração, pedindo o que é conveniente e o que é melhor para a minha saúde espiritual.

Todavia, permanece o escândalo: quando homens rezam com coração sincero, quando uma mãe reza por um filho doente, por que às vezes Deus parece não ouvir?

Para o Pontífice, para responder a esta pergunta é preciso meditar com calma os Evangelhos. Às vezes, Jesus cura imediatamente um doente que pede piedade, outras vezes não, como com a mulher de Cananeia.

“Todos tivemos esta experiência. Quantas vezes pedimos uma graça, um milagre e nada aconteceu. Depois, com o tempo, as coisas se ajustaram, mas segundo o modo de Deus, o modo divino, não segundo o que eu queria naquele momento. O tempo de Deus não é o nosso tempo.”

O mal é senhor do penúltimo dia, jamais do último

Como exemplo, citou a filha de Jairo, que acaba falecendo mesmo tendo implorado misericórdia ao Mestre. Este parece o epílogo, mas Jesus diz ao pai: “Não tenha medo, tenha fé”. “É a fé que sustenta a oração”, disse o Papa. E, com efeito, Jesus despertará a menina do sono. Mas por um período, Jairo teve que caminhar na escuridão, somente com a chama da fé.

Também a oração de Jesus ao Pai no Getsêmani parece permanecer desatendida. Mas o Sábado Santo não é o capítulo final, porque no terceiro dia há a ressurreição: o mal é senhor do penúltimo dia, jamais do último. Este pertence a Deus, e é o dia em que se realizarão todos os anseios humanos de salvação.

“Aprendamos esta paciência humilde de esperar a graça do Senhor, esperar o último dia. Muitas vezes o penúltimo é terrível, porque os sofrimentos humanos são terríveis. Mas o Senhor está ali. E no último dia Ele resolve tudo.”

Fonte: Site Vatican News

Comissão para Animação Missionária da CNBB convida Para a Jornada de Oração à Paz no Sudão do Sul

paz sudaoO Sudão do Sul, o mais jovem país do mundo não tem paz. O país Africano, com uma população maioritariamente cristã, obteve a sua independência ao separar-se do Norte árabe e muçulmano em 2011, mas no final de 2013 mergulhou num conflito civil causado pela rivalidade entre o presidente, Salva Kiir, e o seu então vice-presidente, Riek Machar.

O país localizado no centro de África vive atormentado pela violência e pela fome. Diante dessa realidade, a Jornada de Oração e Missão promovida pela Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que sofre (ACN), vão dedicar a terceira edição da jornada de oração à paz no Sudão do Sul, que será realizada no próximo dia 1º de junho.

“Vi acontecer a independência do Sudão Sul em 2011 depois de mais de cinco décadas de luta sangrenta contra o Sudão. Desde então passou a ser República do Sudão do Sul. Porém, a situação caótica e violenta continuou; mas, agora entre etnias que deveriam ser irmãs”, conta a assessora da comissão, Irmã comboniana Sandra Amado.

No final de abril, o recém eleito Bispo de Rumbek, Padre italiano Christian Carlassare – missionário comboniado foi baleado nas pernas em um ataque no Sudão do Sul. Segundo informações do Vatican News, o religioso ferido nas pernas por dois agressores, que o atacaram no quarto onde dormia, na madrugada de 26 de abril.

De acordo com o Vatican News, o Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, pediu às autoridades locais uma rápida investigação do ataque que leve à captura dos criminosos que feriram o padre Christian. “As autoridades não permitirão – disse Salva Kiir – que a ação de uns poucos criminosos condicione os projetos da Igreja”.

Para Irmã Sandra Amado, a Igreja local lá é também desafiada à conversão para encarnar o Evangelho em duro solo. Ela conta que conheceu o padre Christian Carlassare jovenzinho no Sudão do Sul. “Um sorriso sempre aberto e olhar profundo. Fez experiência bonita se inserindo na vida do povo Nuer por mais de 15 anos”, ressalta.

Padre-Christian-Carlassare-1Padre Christian segue internado em Nairóbi, no Quênia, fora de perigo. Aos 43 anos de idade, o missionário italiano é o bispo mais jovem do mundo à frente da diocese. A ordenação episcopal marcada para o próximo domingo, 23 de maio – Domingo de Pentecostes, foi entretanto adiada.

“Para mim, fica a imagem do Christian sentado numa cama do hospital local com um maço de flores nas mãos, rodeado por amigos e locais com olhares de ternura para essa criatura antes que fosse removido para outro centro para tratar dos ferimentos. Apesar de tudo, padre Carlassare convocou todo o seu povo a trabalhar com ele num processo de reconciliação. Ele assegura, ‘Por enquanto, minhas pernas feridas não podem andar ao vosso encontro; mas, meus braços estarão sempre abertos ao abraço do perdão e da paz!’. Isto é sinal vivo e forte da esperança de paz para esta nação. Que as nossas orações possam ajuda-los a trilhar os caminhos da paz duradoura”, destacou Irmã Sandra.

Fonte: Site da CNBB

Ano Laudato Si termina e Igrejas locais apresentam frutos

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O Ano especial dedicado a encíclica Laudato si’ terminou nesta segunda-feira (24). Uma coletiva será realizada no Vaticano na terça sobre o assunto.

Este ano celebrativo, iniciado em maio de 2020, colocou em evidência a encíclica do Papa Francisco, dedicada ao cuidado da casa comum. O documento foi publicado em 24 de maio de 2015.

O texto do Santo Padre destacou ao mundo o conceito de ecologia integral. Também difundiu o princípio da casa comum e da necessidade de sua defesa.

Ano Laudato si

Durante o Ano Laudato si, a Igreja teve diversos eventos e anunciou importantes medidas. Neste domingo, 23, véspera da conclusão do período celebrativo, o Papa anunciou a “Plataforma Laudato si”, após o Regina Coeli.

O recurso guiará as famílias, as comunidades paroquiais e diocesanas, as escolas e as universidades, os hospitais, as empresas, os grupos, os movimentos, as organizações, os institutos religiosos a assumir um estilo de vida sustentável.

A primeira comemoração do Ano Laudato si, em maio de 2020, foi a celebração dos cinco anos de publicação do documento.

Em junho, o Vaticano apresentou um documento de aprofundamento da encíclica. O material é considerado um guia para ajudar homens e mulheres a viverem bem.

No mesmo mês, o Pontífice comentou em sua conta no twitter sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente. Em sua mensagem, o Santo Padre fez referência à Laudato si e destacou que o cuidado autêntico da vida e das relações com a natureza é inseparável da fraternidade, justiça e fidelidade aos outros.

Em encontro internacional sobre a Doutrina Social da Igreja, foi refletido o conteúdo da encíclica do Papa. Na ocasião, Francisco afirmou: “Que o desenvolvimento de uma ecologia integral, torne-se sempre mais uma prioridade a nível internacional, nacional e individual”.

Em julho, uma capela foi construída em Roma, inspirada na encíclica do Papa. A estrutura fica no porto botânico da cidade e foi feita com material reciclável.

Também durante este ano, o Vaticano manifestou a abolição completa do uso de plástico. A venda de plástico descartável foi proibida.

Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) ratificou o compromisso com o cuidado da casa comum. Instituições religiosas anunciaram o desinvestimento em combustíveis fósseis.

No mundo, os cientistas voltaram a alertar sobre as mudanças climáticas e suas terríveis consequências.

Ações no Brasil

No Brasil, foram discutidos importantes temas da encíclica de Francisco por ocasião dos cinco anos de sua publicação.

O país passou a integrar o Protocolo de Nagoia, que regulamenta o acesso e a repartição de benefícios, monetários e não monetários, dos recursos genéticos da biodiversidade.

A Igreja também viveu em 2020, e neste ano, a Semana Laudato si. O bispo de Campos (RJ) e Referencial da Ecologia Integral do Conselho Episcopal Regional (Conser) do Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Roberto Francisco Ferreira Paz, afirma que a celebração é importante.

O tempo, segundo o bispo, é de estudo e análise socioambiental. “Todas as questões sociais precisam ter a perspectiva ambiental. Não podemos ser felizes sem dedicar estudo, reflexão e espiritualidade para esse tema”, aponta.

A Semana e o Ano Laudato si também chamaram atenção para os pobres, que estão intimamente ligados à questão ambiental.

O fato de ter sido levantada esta temática durante este ano, prossegue Dom Roberto, ajudou a Igreja no Brasil a enfrentar desafios da mineração, de contaminação da água e desmatamento.

Igrejas locais

O bispo de Campos (RJ) comenta sobre o surgimento e valorização de pastorais socioambientais, também chamadas “ecológicas”, nas igrejas locais, dioceses e arquidioceses. “Toda paróquia precisa repensar profundamente o seu relacionamento com a casa comum”, destaca.

Esta pastoral, de acordo com Dom Roberto, deve também desenvolver atividades que promovam a ecologia integral. “A casa comum é uma extensão do nosso corpo. Francisco coloca que nós somos terra, nós somos casa comum. Refletir sobre ela é refletir sobre nós mesmos”.

O seminarista Ailton Evangelista auxilia nas atividades da Pastoral Ecológica da Paróquia de Nossa da Conceição, em Cunha, cidade do interior de São Paulo que pertence à diocese de Lorena. Segundo ele, o grupo fundado em 2019 vai ao encontro do desejo do Papa de que sua encíclica não caia no esquecimento.

Para Evangelista, conscientização leva tempo e somente frisando o assunto nas muitas realidades da Igreja será possível que católicos assimilem seu valor.

Pandemia

Com a pandemia, muitas ações que poderiam ser realizadas durante esta semana e este ano comemorativo, pelas pastorais, foram prejudicadas.

No entanto, o seminarista afirma que uma marca deste tempo é a necessidade de se reinventar. “Acabamos trabalhando os conteúdos nas redes sociais”.

“Embora não tenhamos conseguido realizar ações presenciais, um ponto importante deste Ano é toda a propagação deste material. Ele serve de apoio pedagógico e didático nesse processo de formação de consciência para o bem da casa comum”, comenta.

Os temas ecológicos também passaram a ser trabalhados nas celebrações eucarísticas, revela Evangelista. Um espaço foi criado na Igreja matriz, durante a Semana Laudato si – que conclui o Ano Laudato Si na paróquia – com elementos característicos da cidade e que falam do tema da ecologia.

Momentos antes das missas em Cunha foi explicado sobre a Semana. Pontos da encíclica do Papa foram transformados em preces. “É uma maneira de aproximarmos a liturgia e esta temática da vida das pessoas”, sublinha Evangelista.

Os leigos e a Laudato Si

Assim como o seminarista Ailton, a assistente social Andreia Carvalho Estrella e o biólogo Ricardo de Almeida Zuppi são membros da Pastoral Ecológica em Cunha. Com aproximadamente dois anos de existência, o casal frisa que a pastoral já “apresenta frutos”.

“Percebemos que há um processo de sensibilização e engajamento crescente da comunidade. Ela vem aderindo à pastoral. Há também uma crescente preocupação com as temáticas socioambientais”, observa Andreia.

A partir da Ecologia, o casal destaca que a Igreja convida todos a experimentarem uma espiritualidade conectada com tudo o que Deus criou.

“Cuidado e amor para com todas as formas de vida que Deus se revela é um dos grandes chamados da Laudato si. Que possamos construir de forma concreta a urgente transformação que a humanidade necessita para que todos tenham vida plena e abundante”.

O turismólogo e gestor social Campos Alegria revela que, influenciada por esta iniciativa em Cunha, a Paróquia Nossa Senhora das Graças, localizada em Lorena (SP), fez adesão à Pastoral Ecológica. O leigo faz parte da recente iniciativa e manifesta o desejo de perseverar na disseminação e conscientização desta cultura da ecologia integral.

Para Campos, é preciso uma mudança de mentalidade, uma adesão pessoal ao tema. Como católico, o turismólogo afirma que seu papel é cooperar juntamente com a Igreja, na defesa, preservação, cuidado e conscientização das questões relativas ao meio ambiente.

Fonte: Site Notícias Canção Nova

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