Bispos divulgam tradicional Mensagem ao Povo Brasileiro

Episcopado brasileiro na 60 Assembleia Geral da CNBBO Episcopado Brasileiro reunido na 60ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida (SP), divulgou a tradicional Mensagem ao Povo Brasileiro na quinta-feira (27). Em coletiva de imprensa no Centro de Eventos Pe. Vitor Coelho de Almeida, dentro do Santuário Nacional, o Cardeal Dom Odilo Scherer, Arcebispo da Arquidiocese de São Paulo, leu a mensagem aos jornalistas.

Antes, porém, Dom Odilo, que estava sentado ao lado dos também Cardeais Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo da Arquidiocese de Brasília, e Dom Orani Tempesta, Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro, falou sobre a mensagem dos bispos. “A Mensagem dirigida ao Povo Brasileiro é uma tradição das Assembleias Gerais e tem, naturalmente, as tonalidades do momento em que se vive. E não seria diferente dessa vez”, disse.

E ressaltou: “Está assinada pela Presidência da CNBB, mas é uma mensagem da Assembleia. Foi trabalhada na Assembleia Geral para que fosse, de fato, expressão da Assembleia dos Bispos e foi aprovada por unanimidade pelo Episcopado Brasileiro”, ressaltou antes de iniciar a leitura.

Leia a Mensagem na íntegra ou clique aqui para baixar:


Aparecida – SP, 28 de abril de 2023


MENSAGEM DA CNBB AO POVO BRASILEIRO


“Ele é a nossa paz: de dois povos fez um só, em sua carne derrubando
o muro da inimizade que os separava” (Ef. 2,14)

Animados pelo amor do Pai, pela luz do Senhor ressuscitado e com a força do Espírito Santo, nós, bispos católicos, nos reunimos em Aparecida para a 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB. Fizemos isso como pastores em comunhão com os presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, cristãos leigos e leigas. Sentimo-nos acompanhados pela oração de nosso povo, representado visivelmente pela multidão de peregrinos de todo o Brasil, que rezaram conosco nas celebrações eucarísticas. Maria, Mãe de Jesus, a Senhora Aparecida, esteve perto de nós, acolhendo-nos, cuidando de nossos trabalhos e intercedendo por nós.

Esses dias na casa da Mãe Aparecida foram uma oportunidade para experimentarmos a comunhão a partir da riqueza de nossas diversidades. Quem nos une é Cristo e, por ele, esperançosos e comprometidos, renovamos nossa opção radical e incondicional com a defesa integral da vida que se manifesta em cada ser humano e em toda a criação.

A renovação desse compromisso com a vida dá-se num tempo marcado por grandes desafios que, longe de nos desanimarem, estimulam a Igreja na promoção do Reino de Deus. Nossas comunidades estão respondendo, com solidariedade fraterna, às consequências das tragédias socioambientais; com compromisso cidadão na defesa da democracia e, com responsabilidade social, ao drama da fome que nos assola. Com alegria, reconhecemos que esse é o autêntico e eficaz testemunho de que o mundo necessita, à luz da Palavra de Deus, pois não temos ouro nem prata, mas trazemos o que de mais precioso nos foi dado: Jesus Cristo ressuscitado (cf. At. 3,6).

Essa alegria é consequente e, por isso, nos faz enxergar também os sofrimentos presentes na sociedade. Nossa atenção se volta especialmente para o que estamos vivendo: “uma terceira guerra mundial em pedaços” (Papa Francisco, em 13 de setembro de 2014, ao lembrar o início da Primeira Guerra Mundial), evidenciada no solo ucraniano, mas também em outras regiões do planeta. Além do flagelo das guerras, muitas outras situações nos preocupam, como os autoritarismos, as polarizações, as desinformações, as desigualdades estruturais, o racismo, os preconceitos, a corrupção, a banalização do mal e das vidas, as doenças, a drogadição, o tráfico de drogas e pessoas, o analfabetismo, as migrações forçadas, as juventudes com poucas oportunidades, as violências em todas as suas dimensões, o feminicídio, a precarização do trabalho e da renda, as agressões desmedidas à “casa comum”, aos povos originários e comunidades tradicionais, a mineração predatória, entre tantas outras, que fragilizam o tecido social e tencionam as relações humanas.

Certa cultura da insensibilidade nos conduz a essas situações extremas. A degradação da criação e o descaso com os mais pobres e abandonados estão presentes, por exemplo, na criminosa tragédia ocorrida com o povo Yanomami. O mesmo ocorre com muitos dos povos das florestas, das águas e do campo, submetidos a graves e duras realidades que os expõem à globalização da indiferença. Reconhecemos a importância da resistência histórica do movimento indígena, cujo fruto se traduz na chegada de suas lideranças a diversos postos de decisão no governo federal e em alguns governos estaduais. Contudo, essa presença não pode ser apenas figurativa. Há uma imensa necessidade de se adotarem providências e ações concretas em defesa desses povos. Não podemos mais aceitar em nossa história o descaso com os povos originários. Acreditamos que o julgamento da tese do marco temporal pelo Supremo Tribunal Federal, no próximo mês de junho, seja decisivo para que suas terras sejam reconhecidas como legítimas e legais. Temos esperança que essa definição venha a ser um passo importante para a garantia dos direitos constitucionais.

Esses problemas têm origem na opção por um modelo econômico cruel, injusto e desigual. Por trás da palavra “mercado” existe um sistema financeiro e econômico autônomo, que protagoniza ações inescrupulosas, destrói a vida, precariza as políticas públicas, em especial a educação e a saúde, adota juros abusivos que ampliam o abismo social, afeta a cadeia produtiva e reduz o consumo dos bens necessários à maioria do povo brasileiro.

Às vésperas do dia 1º de maio, saudamos os trabalhadores e as trabalhadoras de nosso País, com as palavras do Papa Francisco: “O mundo do trabalho é prioridade humana, é prioridade cristã, a partir de Jesus trabalhador. Onde há um trabalhador, ali há o olhar do amor do Senhor e da Igreja. Lugares de trabalho são lugares do povo de Deus” (Encontro com Trabalhadores em Gênova, Itália, 2017). Diante das mudanças do mundo do trabalho, percebemos que promessas de crescimento econômico, geração de empregos, melhores condições de trabalho, aumento de renda, redução da carga horária, mais tempo de descanso e convivência social, enfim, condições mais saudáveis de vida, continuam sendo desafios sem soluções. A crescente informalidade das relações trabalhistas reduz a segurança social e impede o acesso ao mínimo para a sobrevivência. O trabalho análogo à escravidão, presente em todo o território nacional, é uma chaga social que precisa ser energicamente combatida pelos poderes constituídos e por toda a sociedade.

As constatações desses tempos difíceis não podem nos limitar, nem servir para que as soluções sejam adiadas. As estruturas do Estado, os poderes da República, as autoridades públicas, as lideranças sociais, as organizações religiosas, os meios de comunicação, as plataformas e as redes sociais, cada um e cada uma, com sua competência, devem apoiar-se reciprocamente para o bem do País. Precisamos criar um “espaço de corresponsabilidade capaz de iniciar e gerar novos processos e transformações. Sejamos parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas” (Fratelli Tutti, 77). Assumindo nosso dever social, não podemos deixar de cobrar dos governos, legitimamente eleitos, o protagonismo que lhes foi confiado, uma opção clara e radical pela vida, desde a concepção até à morte natural, passando inevitavelmente pelos direitos sociais e humanos. Chamamos a atenção para a importância da vacinação, especialmente para das crianças. No cuidado com a vida, nenhuma seletividade pode ser tolerada e será sempre, por nós, denunciada.

Conclamamos toda a sociedade brasileira a construir um amplo projeto de reconciliação e pacificação, a partir de um diálogo franco e aberto, que possibilite superar o que nos afasta, com o objetivo de assegurar o que nos une: o país, o seu povo e a criação. O ponto de partida dessa construção se dá nas famílias, comunidades, relações sociais, profissionais, eclesiais e políticas, através da amizade social que promove a cultura do encontro. Como comunidade de fé, cremos que sua concretização passa necessariamente pelas nossas orações. Rezemos, pois, como nos pede o Papa Francisco, pelo fim das guerras, dos conflitos e das violências. Somos “caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz” (Fratelli Tutti, 8).

Reafirmamos nossa profunda confiança no povo brasileiro. Não tenhamos medo. A esperança é a nossa coragem! Sejamos semeadores de mudança, de solidariedade e de vida. Pelo amor do Cristo vivo e ressuscitado, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, invocamos a bênção de Deus sobre o povo brasileiro, suas famílias e comunidades.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre – RS
1º Vice-Presidente

Dom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá – MT
2º Vice-Presidente

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro – RJ
Secretário-Geral


Texto: A12.com / Foto: divulgação CNBB

Dom Jaime Spengler é eleito presidente da CNBB para o quadriênio 2023 – 2027

Dom-Jaime-Spengler-CNBBO Arcebispo de Porto Alegre (RS) e atual primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, foi eleito presidente da CNBB nesta segunda-feira, 24 de abril. Ele estará à frente da Presidência da entidade de 2023 a 2027.

A eleição foi realizada na segunda sessão na manhã desta segunda-feira. Dom Jaime foi eleito em terceiro escrutínio, por maioria simples. O anúncio foi feito no início da sessão reservada, no auditório Noé Sotillo, no período da tarde.

Perguntado pelo atual presidente, dom Walmor Oliveira de Azevedo, se aceita a função a ele confiada pelo episcopado brasileiro, conforme prevê o Estatuto, dom Jaime respondeu: “Com humildade, simplicidade, temor e tremor, mas sobretudo na fé, em espírito de comunhão e colaboração, sim!”.

Em seu primeiro pronunciamento, ele fez um pedido a todos os cristãos, colaborar com proposta do Papa: caminhar na comunhão e na participação. “E nos ajudar, para que a obra da Evangelização possa avançar e nós possamos, realmente todos, através dos meios que nós temos a disposição, promover o Evangelho do crucificado ressuscitado. Se nós queremos renovar nossas comunidades, colaborar para transformar nossa realidade, o Evangelho é a referência, não outra coisa”, concluiu Dom Jaime.

Biografia e trajetória eclesial

Dom Jaime Spengler nasceu em 6 de setembro de 1960, em Gaspar (SC). Ingressou na Ordem dos Frades Menores, também conhecida por Ordem de São Francisco (Franciscanos) em 20 de janeiro de 1982, pela admissão no Noviciado na cidade de Rodeio (SC). Cursou Filosofia no Instituto Filosófico São Boaventura, de Campo Largo (PR), e Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), concluindo-o no Instituto Teológico de Jerusalém, em Israel.

Foi ordenado sacerdote em 17 de novembro de 1990, na sua cidade natal. Fez doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, e atuou dentro da Ordem dos Frades Menores em diversas missões e cidades do país até 2010, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI como bispo auxiliar da arquidiocese de Porto Alegre. A ordenação episcopal, presidida por dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil na ocasião, ocorreu dia 5 de fevereiro de 2011, na paróquia São Pedro Apóstolo, em Gaspar.

Dom Jaime Spengler é Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre desde 18 de setembro de 2013, quando foi nomeado pelo Papa Francisco que, concomitantemente, recebeu o pedido de renúncia de dom Dadeus Grings. Escolheu como seu lema episcopal “Gloriar-se na Cruz” (Cl 6,14) – In Cruce Gloriari.

No quadriênio de 2011 a 2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenado e a Vida Consagrada da CNBB. Em 2015, foi eleito presidente desta comissão. Entre os destaques de sua atuação à frente do colegiado, consta a aprovação das novas Diretrizes para a Formação de Presbíteros da Igreja no Brasil, em 2018.

Em maio de 2019, foi eleito primeiro vice-presidente da CNBB. Também é o bispo referencial da CNBB para o Colégio Pio Brasileiro, em Roma. Exerce ainda as funções de vice-presidente da Comissão Especial para o Acordo Brasil-Santa Sé da CNBB e bispo referencial CNBB – Regional Sul 3 para Vida Consagrada e Ministérios Ordenados.



Fonte: Site da CNBB

Dom João Justino de Medeiros Silva é eleito primeiro vice-presidente da CNBB

IMG 5115-1536x1024O episcopado brasileiro elegeu, nesta terça-feira, 25 de abril, em segundo escrutínio, o novo primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O arcebispo de Goiânia (GO), dom João Justino de Medeiros Silva, irá desempenhar a função durante os próximos quatro anos, no quadriênio 2023 a 2027. A votação foi realizada na manhã deste que é o sétimo dia da 60ª Assembleia Geral da CNBB.

Perguntado pelo arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, segundo o estatuto, se aceita a função confiada pela Assembleia, dom João Justino respondeu: “Agradeço a confiança dos senhores, conto com o apoio e orações. Aceito!”.

Biografia

Dom João Justino de Medeiros Silva nasceu no dia 22 de dezembro de 1966, em Juiz de Fora (MG). Ingressou no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, em Juiz de Fora, em 1984, onde cursou Filosofia e Teologia. Graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora e em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF). É doutor e mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma.

Foi ordenado padre em 13 de dezembro de 1992. Na arquidiocese de Juiz de Fora, atuou como pároco solidário nas paróquias Nossa Senhora da Conceição (Benfica) e Bom Pastor. Foi vigário paroquial da paróquia São Pedro e vigário episcopal para a Cultura, Educação e Juventude. Atuou como secretário do Colégio de Consultores e foi membro do Conselho Presbiteral por vários mandatos. Foi professor e coordenador do curso de Teologia do CES/JF. Foi vice-reitor do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio de 1998 a 2002 e reitor do mesmo Seminário de 2004 a 2011.

O Papa Bento XVI o nomeou bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte no dia 21 de dezembro de 2011. Na arquidiocese, foi o bispo referencial da região episcopal Nossa Senhora da Piedade (Rensp), que abrange oito municípios, coordenando a ação evangelizadora e pastoral, o funcionamento e a infraestrutura da Cúria Regional. Também supervisionou e orientou trabalhos no Tribunal Eclesiástico, na Secretaria Geral de Relações Sociais (SGRS) e na Secretaria Geral de Relações Eclesiais (SGRE). Acompanhou a vida, a administração e a ação evangelizadora dos santuários da arquidiocese, coordenando o Conselho Arquidiocesano de Reitores.

Coordenou a administração da Mitra nos respectivos santuários, incentivando projetos evangelizadores e de infraestrutura. No Serviço de Animação Vocacional, orientou a equipe de coordenação, articulando o Conselho Arquidiocesano de Movimentos e Novas Comunidades (Camenc), além de outras instâncias para a promoção e a animação das vocações.

Em 2015, foi eleito presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da CNBB, integrando o Conselho Episcopal Pastoral (Consep). Em 2019, foi reeleito para a mesma função. Foi secretário das Edições CNBB, de 2015 a 2019. Também foi presidente da Comissão para a Educação do Regional Leste 2 da CNBB, de 2015 a 2019.

Em março de 2016, dom João Justino foi nomeado membro da Comissão de Cultura e Educação do Setor Universidades do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) e responsável pelas pastorais de Educação e Cultura no Cone Sul.

Em 22 de fevereiro de 2017, o Papa Francisco o nomeou arcebispo coadjutor de Montes Claros, missão que assumiu no dia 13 de maio de 2017. Tornou-se arcebispo de Montes Claros em 21 de novembro de 2018.

Em 2019, foi indicado pelo Conselho Permanente da CNBB como membro titular do Conselho para o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida e, também, membro titular do Conselho Econômico da CNBB. Em 9 de dezembro de 2021, recebeu nova missão, sendo transferido pelo Papa Francisco para a arquidiocese de Goiânia. A posse foi em 16 de fevereiro de 2022.



Fonte: site da CNBB

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