O primeiro padre surdo da América Latina e do Brasil viveu em Juiz de Fora
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- Segunda, 16 Janeiro 2023 13:38
São inúmeros os personagens que marcaram a história da Igreja de Juiz de Fora. Um destes que construíram um grande legado foi Monsenhor Burnier. Ele lutou pela evangelização e inclusão da comunidade surda, um nome importante a ser recordado, principalmente no atual tempo de preparação para o centenário diocesano.
Sendo assim, iniciamos uma série de reportagens sobre momentos e agentes que se destacaram na caminhada de nossa Igreja Particular. Eles são motivos para celebrar e, fazendo memória de tais fatos, buscamos entusiasmar o povo para a festa do Jubileu da Diocese de Juiz de Fora.
A história inspiradora de Monsenhor Burnier
A Arquidiocese de Juiz de Fora teve a alegria de acolher o primeiro padre surdo da América Latina e do Brasil, e segundo do mundo: Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier. Natural de Juiz de Fora, oriundo de família tradicionalmente cristã, em 02 de março de 1921 nasceu surdo e aprendeu a falar com 5 anos de idade. Em seu mundo de silêncio, soube ouvir a voz do coração e entendeu sua vocação como um dom de Deus que o chamava a servir e dar assistência especialmente aos seus irmãos e irmãs deficientes auditivos.
Não mediu esforços para estudar e tornar-se um padre. Em virtude de sua surdez, encontrou-se pessoalmente com o Papa Pio XII, em audiência particular em Roma (Itália), para solicitar ao Santo Padre autorização prévia para ordenar-se sacerdote. O consentimento veio dias depois e em 22 de setembro de 1951, foi realizada sua ordenação sacerdotal, na Catedral Metropolitana de Juiz de Fora, com as bênçãos de Dom Justino José de Sant’Ana.
Monsenhor Burnier dedicou-se incansavelmente à evangelização, inclusão, acessibilidade e assistência aos surdos, agindo como um verdadeiro pastor do povo excluído. Em Juiz de Fora, no ano de 2001, fundou a Pastoral dos Surdos da Arquidiocese. Na cidade, também atuou como arquivista da Cúria Metropolitana. O religioso se destacou, ainda, por fundar 18 pastorais dos surdos no Brasil e mais três fora do país. Foi também o idealizador e primeiro presidente da Federação Brasileira de Surdos, fundada em 22 de abril de 1972.
Com apreciável disponibilidade, ternura e coragem, soube anunciar a Palavra de Deus mesmo sem escutar. Falando diversos idiomas, percorreu o Brasil oferecendo a crianças e adultos surdos seu apoio moral, físico e espiritual. Assim como o Bom Samaritano (Lc 10, 25-37), procurou sempre fazer o bem, cultivou a prática do amor e do cuidado ao próximo. É considerado por muitos o “Apóstolo dos surdos” e reconhecido como um verdadeiro cidadão humanista, atento aos problemas sociais e disposto a estender a mão a quem precisasse.
Protagonista de uma trajetória precursora e de luta junto à comunidade surda, o religioso faleceu aos 88 anos de idade, em 16 de julho de 2009, na cidade mineira de Juiz de Fora. O seu legado abriu caminhos para atravessar fronteiras, romper as barreiras do preconceito, promover a integração social e aprofundar a espiritualidade dos irmãos e irmãs deficientes auditivos, a fim de que compreendam a mensagem de Jesus Cristo, que nos une em uma grande comunidade de fé.
Fonte: site da Arquidiocese de Juiz de Fora, com colaboração de Brenda Melo – Jornal Folha Missionária
Em janeiro, a intenção de oração do Papa é dedicada aos educadores, para que acrescentem a fraternidade no ensino
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- Sexta, 13 Janeiro 2023 12:10
Foi divulgada, nesta terça-feira (10), a intenção de oração do Papa Francisco para o mês de janeiro. Para inaugurar 2023, o Santo Padre escolheu lançar uma mensagem aos educadores, fazendo-lhes a proposta de “acrescentar um novo conteúdo ao seu ensino: a fraternidade”.
Na mensagem de vídeo, Francisco deseja ampliar o âmbito da atividade educacional, para que a educação não se concentre apenas no conteúdo.
O vídeo do Papa deste mês, que começa com a palavra fraternidade, escrita numa lousa como se fosse um tema didático, acompanha a reflexão de Francisco com a narração de uma história ambientada em uma escola. Um menino, deixado de lado por seus colegas durante as partidas de futebol, permanece sozinho num canto até que um professor, percebendo seu desconforto, decide cuidar dele. Ele o faz não com palavras, mas com o testemunho de sua vida: ele fica com ele, dia após dia, e com carinho e perseverança ele o ensina a brincar. Até que, numa manhã, ele o encontra com aqueles mesmos colegas que antes o haviam marginalizado: ele está brincando com eles e, quando marca seu primeiro gol, ele o dedica ao professor, a testemunha confiável que o ajudou.
A educação é um ato de amor que ilumina o caminho para que recuperemos o entendimento da fraternidade, para que não ignoremos os mais vulneráveis.
Para o Papa, “o educador é uma testemunha que não oferece os seus conhecimentos mentais, mas as suas convicções, o seu compromisso com a vida”.
É alguém que sabe manusear bem três linguagens: a da cabeça, a do coração e a das mãos, em harmonia. E daí a alegria de comunicar. E eles serão ouvidos com muito mais atenção e serão criadores de comunidade. Por quê? Porque estão semeando este testemunho.
Segundo o diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, pe. Frédéric Fornos, “novamente, diante dos desafios do mundo, o Papa Francisco insiste mais uma vez na fraternidade. É a bússola de sua Encíclica Fratelli tutti. É o único caminho para a humanidade, e é por isso que a educação é essencial”.
Rezemos para que os educadores sejam testemunhas críveis, ensinando a fraternidade em vez da competição e ajudando especialmente os jovens mais vulneráveis.
Fonte: Site Vatican News
Democracia enfraquecida: é preciso superar as lógicas parciais, afirma o Papa
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- Quarta, 11 Janeiro 2023 11:21
Guerra, vida, liberdade e democracia: estes foram os temas tratados pelo Papa Francisco ao receber em audiência os embaixadores acreditados juntos à Santa Sé, para o tradicional encontro de felicitação de Ano Novo.
Nesta ocasião, o Pontífice faz um articulado discurso analisando os temas mais candentes para a comunidade global. Antes de iniciar, Francisco agradeceu pelas mensagens de condolências que recebeu por ocasião da morte de Bento XVI e pela solidariedade manifestada durante as exéquias.
Como fato eclesial marcante, Francisco citou a decisão da Santa Sé e da República Popular Chinesa de prorrogar por mais dois anos o Acordo Provisório sobre a nomeação dos bispos. “Espero que esta relação de colaboração se possa desenvolver em prol da vida da Igreja Católica e do bem do povo chinês.”
A imoralidade das armas atômicas
Mas o fio condutor do pronunciamento do Papa foi a Encíclica Pacem in terris de São João XXIII, que está completando em 2023 sessenta anos de sua publicação. Neste texto, consta a preocupação com a ameaça nuclear durante a crise dos mísseis de Cuba – ameaça que se repete ainda hoje. “Não posso deixar de reiterar, aqui, que a posse de armas atômicas é imoral.” “Sob a ameaça de armas nucleares, todos somos sempre perdedores!”, completou.
Aprofundando a III guerra mundial em andamento, Francisco citou primeiramente a Ucrânia, reiterando seu apelo “para que se faça cessar imediatamente este conflito insensato”. Mas nomeou ainda a Síria, Israel e Palestina, Líbano, o Cáucaso, o Iêmen, Mianmar e a península coreana. Falando da África, mencionou as nações da costa ocidental, e recordou a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, dois países que visitará daqui poucos dias.
As viagens de 2022 também foram recordadas. No Bahrein e no Cazaquistão, o tema foi o diálogo inter-religoso. No Canadá, a colonização ideológica. Em Malta, o naufrágio da civilização ao lidar com o tema da migração.
Mulheres não são cidadãos de segunda classe
Fica então a pergunta: num tempo assim conflituoso, como reatar os fios de paz? Para São João XXIII, a paz é possível à luz de quatro bens fundamentais: a verdade, a justiça, a solidariedade e a liberdade.
Estes bens vêm à tona respeitando os direitos humanos e as liberdades fundamentais de cada pessoa. Mas não é o que acontece às mulheres, por exemplo, em muitos países consideradas cidadãos de segunda classe. Não é o que acontece aos nascituros, que encontram a morte no ventre materno. “Ninguém pode reivindicar direitos sobre a vida doutro ser humano, especialmente se inerme e desprovido de qualquer possibilidade de defesa”, recordou o Papa.
O direito à vida é ameaçado também onde se continua a praticar a pena de morte, como está acontecendo nestes dias no Irã, na sequência das recentes manifestações que pedem maior respeito pela dignidade das mulheres. Até o último momento, disse o Papa, a pessoa pode mudar e se converter, fazendo seu enésimo apelo para que a pena de morte seja abolida nas legislações de todos os países da terra.
Cristianismo incita à paz
A paz exige também educação, antídoto contra a ignorância e o preconceito, e liberdade religiosa. “Em cada sete cristãos, um é perseguido”, recordou Francisco. “O cristianismo incita à paz, porque estimula à conversão e ao exercício da virtude.”
Retomando o tema de sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2023, o Papa reafirmou que “juntos, pode-se fazer muito bem! Basta pensar nas louváveis iniciativas destinadas a reduzir a pobreza, ajudar os migrantes, contrastar as alterações climáticas, favorecer o desarmamento nuclear e prestar ajuda humanitária”.
A propósito do cuidado da “casa comum”, o Pontífice citou a adesão da Santa Sé à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, com a intenção de dar o seu apoio moral aos esforços de todos os Estados para cooperar numa resposta eficaz e adequada aos desafios colocados pela alteração climática.
Enfraquecimento da democracia
Antes de concluir, Francisco manifestou sua preocupação com o “enfraquecimento” da democracia, cujo sinal são crescentes polarizações políticas e sociais, que não ajudam a resolver os problemas urgentes dos cidadãos.
“Penso nas várias crises políticas em diversos países do continente americano, com a sua carga de tensões e formas de violência que exacerbam os conflitos sociais.” E o Papa citou três países: Peru, Haiti e, nas últimas horas, o Brasil. “Sempre é preciso superar as lógicas parciais e trabalhar pela construção do bem comum.”
“Senhoras e Senhores, seria maravilhoso que, ao menos uma vez, pudéssemos encontrar-nos apenas para agradecer ao Senhor Todo-Poderoso pelos benefícios que sempre nos concede, sem nos vermos constrangidos a enumerar as situações dramáticas que afligem a humanidade.”
Este é o papel da diplomacia, que deve aplanar os contrastes para favorecer um clima de mútua colaboração e confiança. Para Francisco, é ainda mais do que isso, é “um exercício de humildade, pois exige sacrificar um pouco de amor-próprio para entrar em relação com o outro a fim de compreender as suas razões e pontos de vista, contrastando assim a soberba e a arrogância humanas que são a causa de toda a vontade beligerante”.
A Santa Sé mantém relações diplomáticas com 183 países. A estes, acrescentam-se a União Europeia e a Soberana Militar Ordem de Malta.
Fonte: Site Vatican News
Foto: favio Fistarol via Unsplash
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