Liturgias do Tríduo e Via-Sacra, a Páscoa essencial do Papa
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- Quinta, 09 Abril 2020 17:29
Tudo será mais sóbrio e essencial. O Departamento de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice teve que organizar rapidamente as celebrações papais que Francisco está prestes a presidir sem a presença dos fiéis, numa Basílica de São Pedro semivazia. No entanto, nesta Páscoa muitos olharão para o Papa graças aos meios de comunicação. De fato, o Papa quer estar próximo a muitas pessoas impossibilitadas de irem à missa e participar das liturgias desse Tríduo Pascal em tempos de pandemia e isolamento forçado. O crucifixo de São Marcelo e o ícone da Salus Populi Romani que acompanharam a oração de 27 de março, e a missa do Domingo de Ramos, estarão sempre presentes.
Na Quinta-feira Santa, o Papa não presidirá a missa do Crisma com os sacerdotes da Diocese de Roma: a celebração será realizada após o término da crise. A missa na Ceia do Senhor, que recorda a instituição da Eucaristia, será celebrada às 18h (hora italiana), 13h no horário de Brasília, no Altar da Cátedra, sem o rito tradicional do Lava-pés e não se concluirá com a reposição do Santíssimo no final da celebração.
Haverá dois momentos na Sexta-feira Santa. O primeiro é a Liturgia da Paixão e da Adoração da Cruz, às 18h locais (13h no horário de Brasília), na Basílica de São Pedro. O crucifixo de São Marcelo será coberto. Haverá uma meditação do pregador da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, e depois o crucifixo será descoberto. Haverá adoração, mas não o beijo na cruz.
Na noite da Sexta-feira Santa, às 21h (16h de Brasília), haverá a Via-Sacra na Praça São Pedro, com as estações ao longo da colunata, ao redor do obelisco e ao longo do percurso que leva ao adro. Dois grupos levarão a cruz. Haverá dois detentos do cárcere “Due Palazzi” de Pádua (as meditações foram escritas por alguns deles) e alguns médicos e enfermeiros do FAS (Fundo de Assistência Médica Vaticana). Médicos e enfermeiros estão na vanguarda do serviço aos doentes afetados pela pandemia.
Durante a Vigília do Sábado Santo, às 21h (16h de Brasília), não serão celebrados batismos. A cerimônia inicial com a Bênção do Fogo será realizada atrás do altar da Confissão. Não haverá luzes para os presentes e o canto das três invocações “Lumen Christi” ocorrerá somente quando as luzes forem acesas na Basílica durante a procissão ao altar da Cátedra. Os sinos da Basílica de São Pedro tocarão no momento do Glória, anunciando a ressurreição.
A mesma sobriedade também caracterizará a Missa do Domingo de Páscoa, que o Papa celebrará às 11h locais (6h de Brasília) no Altar da Cátedra. O Evangelho será proclamado em grego e latim. No final da missa, Francisco irá à sacristia para tirar as vestimentas, depois retornará à Basílica diante do altar da Confissão para proferir a mensagem Urbi et Orbi e dar a bênção pascal.
Fonte: Site do Vatican News
Comissão para a Liturgia da CNBB oferece roteiro de Celebração em Família para o Tríduo Pascal
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- Quinta, 09 Abril 2020 16:20
Nesta quinta-feira, 9 de abril, a Igreja católica entra de modo profundo no mistério da morte e ressurreição do Senhor. Este ano, a vivência desse momento será diferente: cada fiel, em casa, com sua família. A adaptação se faz necessária por causa do avanço da pandemia do novo coronavírus que aflige o mundo.
Com as igrejas fechadas por causa do isolamento social, a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) preparou um roteiro especial de celebração para ser feito em família nesta Quinta-feira Santa, que soleniza a memória da última ceia de Jesus, de sua entrega, de seu amor sem limites, da inauguração da nova aliança no sangue dele derramado na cruz. E também da instituição do sacerdócio ministerial e do Mandamento Novo.
“Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).
Essas palavras do Evangelho, de acordo com a comissão, é um chamado a entrar no espírito da liturgia deste dia, porque Jesus sabia que seria entregue às autoridades que o estavam procurando há muito tempo. E ele não fugiu.
“Resolveu encarar sua missão até o fim, por amor ao Pai e por amor aos seus. Com dois gestos simbólicos, anunciou profeticamente sua morte na cruz: o lava-pés e o pão partido e partilhado juntamente com o vinho, na espera ardente da realização do Reino de Deus”, destaca o trecho do documento da comissão.
É nesta celebração que se expressa que a vida de Jesus é oferecida ao Pai, em benefício dos irmãos: “Isto é meu Corpo, meu Sangue, doado por vós… Tomai, comei… Fazei isto para celebrar a minha memória”.
É na Quinta-feira Santa que os cardeais, bispos, sacerdotes e religiosos renovam suas promessas sacerdotais e que são consagrados os óleos dos Catecúmenos, da Unção dos enfermos e o do Crisma e, nesse mesmo dia, à noite, acontece a liturgia com o rito do lava-pés, onde se recorda a instituição da Santíssima Eucaristia.
De acordo com o decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos do Vaticano, de 25 de março de 2020, o rito do lava-pés, já opcional, deve ser omitido, assim como a procissão no final da Missa da Ceia do Senhor.
Além disso, o decreto orienta que o Santíssimo Sacramento permaneça no tabernáculo. Neste dia, os padres recebem excepcionalmente a faculdade de celebrar a missa, sem a participação popular, em um local adequado.
Para ajudar neste momento de fé e esperança, a Comissão para Liturgia preparou algumas sugestões para as famílias organizarem bem a celebração de quinta-feira que pode ser feita em casa e ou acompanhada pelas emissoras de rádio e TV ou pelas redes sociais:
- Esta celebração poderá ser realizada juntamente com a ceia em família. Desta forma, durante o dia, seja preparado o jantar para a família, bem como os demais elementos para a celebração;
- Na mesa, podem ser colocadas uma vela e a Bíblia aberta no Evangelho de João (capítulo 13), além dos pratos, talheres e o que mais for necessário para a refeição (caso a refeição seja feita junto com a celebração);
- Os que moram na mesma casa sejam motivados para a celebração. À noite, em torno da mesa, ainda sem o jantar posto, começa a celebração em família. – Desde cedo, poderá ser colocado um jarro com uma toalha em algum lugar de destaque na casa.
A comissão para Liturgia da CNBB ressalta ainda que, para os cristãos, a celebração eucarística é participação na Páscoa de Cristo. Por meio da ação memorial, participamos hoje de sua morte e ressurreição.
“Entregamos com ele nossa vida ao Pai, confiando que um dia o Reino irá se realizar, pondo fim a toda opressão, miséria, egoísmo…, tornando possível uma convivência fraterna. A confiança em Deus não impede, antes exige a nossa participação, o nosso compromisso”, finaliza o documento da comissão.
Já na Sexta-Feira Santa, 10 de abril, é dia fazer memória da paixão e morte de Jesus. No centro desta celebração está a cruz. De acordo com a comissão, nesta liturgia se celebra o mistério do amor de Jesus, o justo, perseguido, injustiçado, executado… que entregou sua vida nas mãos do Pai, confiando em sua justiça e o mistério do amor do Pai que se debruçou sobre o sofrimento do seu Filho e não o abandonou na morte.
“O amor venceu o ódio e a vingança. A vida venceu a morte”, diz o documento.
No Evangelho de João, a cruz de Jesus é apresentada não tanto como instrumento de morte, mas sobretudo como trono e exaltação, sinal de salvação: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem” (Jo 3,14).
O documento aponta ainda que dentro desta visão, a cruz entra na assembleia como sinal de vitória, como “árvore da vida”. Quando o povo beija e aclama a cruz, aclama e adora o Cristo que deu a sua vida por nós até a morte na cruz, para nos dar a vida. É assim que devemos entender a expressão tradicional “adoração da cruz”.
“Do supremo ato de Jesus na cruz, nasce a Igreja; do seu lado aberto pela lança, brotam os sacramentos pascais: Batismo (água) e Eucaristia (sangue). Ao fazer memória da paixão e morte de Jesus – o Cristo – fazemos memória também de todas as pessoas justas perseguidas, injustiçadas, sofredoras, em todos os povos e culturas. Nelas contemplamos o mistério do amor de Cristo que se faz solidário com todo sofrimento humano, com todo desejo e busca de um mundo sem ódio, sem vingança, sem violência, sem injustiça”, destaca o documento.
A Comissão para Liturgia também preparou algumas sugestões para as famílias prepararem a celebração da Paixão do Senhor.
- Prepare um ambiente em sua casa, simples e sóbrio. Apenas uma cruz, uma vela, e a bíblia aberta no Evangelho de João (capítulo 18). Se possível, colocar um pano vermelho.
- O Evangelho pode ser lido por mais de uma pessoa, caso a leitura seja feita ao modo de diálogo. É importante que seja preparado com antecedência.
- Escolha quem irá fazer o “Dirigente (D)” da celebração: pode ser o pai ou mãe e quem fará as leituras (L). Na letra (T) todos rezam ou cantam juntos. Na leitura da Paixão tem também o Narrador (N).
- Às 15h, a família se reúne para celebrar a paixão do Senhor. Se não for possível, celebre em outro horário antes do anoitecer.
No sábado Santo, 11 de abril, a Vigília Pascal é um ponto alto do ano litúrgico. A celebração é a vigília na espera da luz. O círio pascal é símbolo do Cristo Ressuscitado que vence as trevas com a sua luz.
“Saímos da noite, da escuridão, e alcançamos a aurora, o novo dia: “Vigiemos, irmãos caríssimos! […] Esta noite santa inaugura a solenidade da Páscoa! […] Nossa fé nos dá esta esperança que, com a Igreja inteira, sobre toda a face da terra, nós não seremos mais surpreendidos pela noite, quando o Senhor voltar! […] Pois, para nós cristãos, viver não é outra coisa que vigiar. E vigiar é abrir-se à vida” (Santo Agostinho), destaca o trecho do documento.
É importante destacar que a celebração do Sábado Santo é dividida em quatro momentos: Bênção do Fogo Novo; Liturgia da Palavra; Liturgia Batismal; Liturgia Eucarística. Esta cerimônia tem início fora da igreja que fica com as luzes apagadas até que o Círio Pascal aceso no Fogo Novo entre no templo como um grande freixo de luz que traz a luz da vida e, na luz do Cristo Ressuscitado, toda a Igreja é iluminada pela sua presença. A bênção do Fogo Novo que acende o Círio Pascal é sinal e presença do Ressuscitado na vida da comunidade.
O documento lembra ainda que “a Vigília Pascal é festa batismal; é momento de incorporação de novos membros no Corpo de Cristo e renovação das promessas batismais de quem já foi batizado”.
Como este ano a celebração será em suas casas, a comissão também preparou sugestões que vão fazer este momento de fé do Sábado Santo em família ser único e fortalecedor:
- Esta celebração deve ser celebrada na noite do sábado;
- Escolha em sua casa um local adequado para celebrar e rezar juntos.
- Prepare sua Bíblia com o texto a ser proclamado, um crucifixo, uma imagem ou ícone de Nossa Senhora.
- Providencie, se possível, velas para todos da família. Também uma vela maior, enfeitada com flores, para ser colocada no centro da mesa e uma vasilha com água.
- Escolha quem irá fazer o “Dirigente (D)” da celebração: pode ser o pai ou mãe e quem fará as leituras (L). Na letra (T) todos rezam ou cantam juntos.
- Convidar a todos os membros da família a se arrumarem para uma festa, como quem acolhe em casa o convidado mais importante da vida.
- A celebração pode terminar com um jantar festivo;
Baixe os documentos aqui:
Celebrar em Família 5 Feira Santa
Celebrar em Família 6 Feira Santa
Celebrar em Família Sábado Santo
Fonte: Site da CNBB
Páscoa sem o povo: santificar a festa além do preceito
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- Quarta, 08 Abril 2020 16:58
“Quem sabe se Deus não se mostre para nós, na interioridade da vida de cada um, com um rosto que nunca tínhamos pensado antes em outras páscoas”. Palavras do teólogo padre Roberto Repole convidando a santificar o tempo pascal apesar da obrigação da celebração sem o povo imposta pela pandemia do coronavírus.
“Devemos aceitar que nos encontramos em uma situação anômala, extraordinária portanto, não podemos aplicar os critérios que usamos normalmente. Isso acontece na nossa vida social, civil. Não é a normalidade termos medo uns dos outros, nos abstermos dos abraços, renunciar à vida social que nos forma, nos estrutura e nos torna o que somos. Assim como não é a normalidade evidentemente para nós cristãos não poder participar da Eucaristia e não poder celebrar a Páscoa”.
Padre Roberto Repole, teólogo sistemático, diretor da faculdade de Teologia de Turim, reflete sobre as consequências da pandemia do coronavírus que levou as autoridades eclesiásticas a proibir as celebrações religiosas com o povo e depois a determinar que a celebração da Semana Santa e Páscoa fosse “sem a participação do povo”. “Seria muito estranho se nós, cristãos, não sentíssemos o sofrimento por esta falta de presença. Mas devemos pensar que é isso que nos foi pedido neste momento para aderir à realidade”. “Talvez – explica o teólogo – desta falta de presença que nos faz sofrer, que deveria ser de todos, possamos acolher a oportunidade de redescobrir algo profundo e fundamental. Aquilo que estes sentimentos nos orientam e aquilo que nos fazem disponíveis: a presença do Senhor e a comunhão entre nós, irmãos”.
Padre Repole, um sacerdote que continua a encontrar as pessoas neste período não estaria fazendo um ato de coragem?
Padre Repole: Creio que não. Não se trata de coragem se esta coragem não traz consigo a certeza de que verdadeiramente está fazendo o bem para o outro e não causando a sua destruição. Parece-me uma ação desconsiderada em relação ao perigo que existe neste momento ao encontrar os outros: ou seja, pode levá-los até mesmo à morte.
Nesta particular Semana Santa, o que significa abrir o coração a Jesus, crer na Ressurreição?
Padre Repole: Creio que possa significar acabar com o mito cultural muito difuso de que somos onipotentes, não somos frágeis, somos donos de tudo. Seria muito belo viver esta Semana Santa reconhecendo de novo que somos criaturas necessitadas de uma salvação que nos vem de fora, e que chega até nós em um encontro pessoal. Creio que abrir o coração possa significar também descobrir um rosto inédito, diferente do que já conhecemos de nosso Senhor. Algumas vezes tenho a impressão de que quando falamos de Deus, nestes dias, fazemos como se fosse uma coisa. Com um valor ainda menor do que atribuímos a nós pessoas humanas. Deus é verdadeiramente alguém que conhecemos como uma verdade inesgotável, que nunca terminamos de provar, experimentar, apreciar na sua beleza infinita. Creio que seria belo abrir o coração neste sentido. Quem sabe se Deus não se mostre para nós, na interioridade da vida de cada um, com um rosto que nunca tínhamos pensado antes em outras páscoas.
Devemos redescobrir que a festa não se reduz ao preceito dominical?
Padre Repole: Creio que também os sofrimentos que temos neste momento algumas vezes possam depender do fato de termos reduzido a celebração da festa simplesmente ao preceito. Acredito que nenhum cristão autêntico não sinta hoje a desoladora falta da Eucaristia dominical, ainda mais das celebrações da Páscoa. Mas isso não significa que não podemos celebrar a Páscoa. Podemos fazer com os gestos que estão à nossa disposição na ausência da liturgia: a oração, o silêncio, a liturgia das horas, momentos de oração nas nossas famílias. Tudo isso com a certeza de que santificar o tempo é reconhecer que a minha vida vem de Deus. Santificar o tempo e fazer festa é algo bem maior do que simplesmente respeitar um preceito. Se há um preceito na Igreja que justamente nos convida a celebrar a Eucaristia todos os domingos é algo que devemos colocar em uma dimensão mais profunda: há um tempo que é de Deus e dá sentido a todo o resto do tempo. Essa é mais uma oportunidade que nos é dada: redescobrir que a Eucaristia dominical não conclui a celebração da festa.
Fonte: Vatican News
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