RETROSPECTIVA: Em 2019, Papa anunciou a Boa Nova da misericórdia de Deus

papa-francisco-ub-et-orbi-2019 Daniel-Ibanez-CNAEm 2019 o Papa Francisco fez 41 Audiências Gerais (com os ciclos sobre o Pai Nosso e sobre os Atos dos Apóstolos, este último em andamento), 56 Angelus e Regina Coeli, mais de 60 homilias em celebrações públicas e 44 homilias na Santa Marta. O ano do Santo Padre foi intenso, com muitas viagens e muitos encontros pessoais, com um objetivo: anunciar a Boa Nova da misericórdia de Deus.

O Pontífice deixou alguns ensinamentos a cerca dos seguintes temas: “certezas, não confusão”, “fé e idolatria”, “fariseus”, “mansidão”, “Casa comum”, “conversão”, “abusos”, “reforma”,” pobreza”, “Palavra de Deus”, “presépio”, “perseguição aos cristãos”, “defesa da vida”, “juventude”, “paz” e “sacerdócio”.

Certezas

Sobre as certezas, Francisco recordou a todos que na base da vida há uma certeza consoladora: Deus ama a humanidade e em Jesus deu a vida por ela. Esta é a mensagem central de toda a missão (Evangelii gaudium, texto programático do Pontificado de Francisco). O Papa convidou os fiéis a recordarem a “fé simples e robusta” das mães e avós, que “dava a elas força e perseverança para seguir em frente e não deixar cair os braços”, “uma fé caseira, que passa despercebida, mas que constrói pouco a pouco o reino de Deus”. Uma fé que não se deixa confundir, porque se baseia nos fundamentos do Evangelho.

Fé e idolatria

Adorar o único verdadeiro Deus, Uno e Trino, em uma sociedade que se torna cada vez mais pagã, foi um pedido do Santo Padre em 2019. Francisco afirmou: “A idolatria não é somente ir a um templo pagão e adorar uma estátua. Não, idolatria é uma atitude do coração”. O Pontífice destacou que a idolatria é quando se prefere algo porque é mais cômodo para si e que os ídolos mudaram de nome, mas estão mais presentes do que nunca: o ídolo do dinheiro, do sucesso, da carreira, da auto realização, do prazer e todos aqueles ídolos que prometem felicidade, mas que não a dão, antes pelo contrário, escravizam, e roubam o amor. “Os ídolos prometem vida, mas a tiram”, disse o Papa durante uma de suas catequeses.

Fariseus

Francisco advertiu em particular para o comportamento farisaico daqueles que se consideram justos, ortodoxos, melhores que os outros. “É a religião do eu, com seus ritos e suas orações, daqueles que se confessam católicos, mas esqueceram de ser cristãos e humanos, esqueceram de prestar o verdadeiro culto a Deus, que sempre passa pelo amor ao próximo”, alertou. O Santo Padre propôs o caminho da autoacusação:”O caminho da fé é sempre o de ter a humildade de deixar-se corrigir”.

Mansidão

Durante voo de volta da África, o Santo Padre afirmou não temer um cisma na Igreja. “Hoje temos tantas escolas de rigidez dentro da Igreja, que não são cismas, mas são caminhos cristãos pseudocismáticos, que terminarão mal, porque por trás desse comportamento rígido não há santidade do Evangelho”, frisou. Na ocasião, o Pontífice destacou que é preciso responder ao mal com o bem. “Ser mansos com as pessoas que são tentadas a fazer esses ataques, porque estão passando por algum problema e devem ser acompanhadas com mansidão”, completou.

Segundo o Papa, muitos temem que a Igreja de hoje não seja mais católica, colocando palavras nunca ditas em sua boca. “Não mudei nenhum dogma, há somente um passo adiante na acolhida e na misericórdia, não foram canceladas devoções, há somente o convite para vivê-las com o coração”.

Sínodo para a Amazônia

Em outubro passado realizou-se o Sínodo para a região Pan-Amazônica. Na ocasião, o Santo Padre repetiu muitas vezes a palavra “conversão”, que é o conceito que encontrou seu lugar no Documento final como a principal exortação da assembleia. O Sínodo pediu uma conversão quádrupla: sinodal, porque a Igreja deve estar cada vez mais em um caminhar juntos e não dividida ou sozinha; cultural, porque é necessário saber falar com as diferentes culturas; ecológica, porque a exploração egoísta do meio ambiente leva à destruição dos povos; pastoral, porque o anúncio do Evangelho é urgente.

Na base dessas quatro conversões há a única conversão ao Evangelho vivo, que é Jesus, de acordo com o Papa. A verdadeira conversão é colocar-se de lado sair do centro, colocar Cristo no centro e deixar que o Espírito Santo seja o protagonista, sublinhou Francisco.

Abusos dentro e fora da Igreja

É definido como histórico o encontro realizado em fevereiro no Vaticano: os responsáveis das Igrejas de todos os continentes trataram do flagelo dos abusos de menores, cometidos na esfera eclesial, e fizeram isso diante do mundo inteiro com coragem e transparência. No discurso de encerramento do encontro, o Papa afirmou que os abusos são um problema universal e transversal que infelizmente se encontra em toda parte. “Isso não diminui sua monstruosidade dentro da Igreja, onde se torna ainda mais grave e escandaloso, porque está em contraste com sua autoridade moral e sua credibilidade ética”, pontuou.

Com o Motu proprio Vos estis lux mundi, o Pontífice estabeleceu neste ano novos procedimentos para denunciar abuso, moléstias e violências, e assegurar que os bispos e superiores religiosos respondam por seu agir. O documento introduz a obrigação para clérigos e religiosos de denunciar os abusos e pede que cada diocese crie um sistema facilmente acessível ao público para receber denúncias. Francisco também aboliu o segredo pontifício para esses casos e alterou a norma relativa ao delito de pornografia infantil, incluindo na categoria “delicta graviora” – os delitos mais graves – a posse e a disseminação de imagens pornográficas envolvendo menores de 18 anos.

Reforma: mais estruturas missionárias

Durante o ano, o Santo Padre deu continuidade aos trabalhos do Conselho de Cardeais (C6) para a reforma da Cúria Romana, para que todas as estruturas da Igreja fossem mais missionárias. Está sendo finalizado o exame do esboço da nova Constituição Apostólica, cujo título provisório é “Praedicate evangelium”, para significar que o principal serviço que a Santa Sé deve prestar é o do anúncio do Evangelho. O Papa alterou o papel do Decano do Colégio Cardinalício: aceitou a renúncia do cardeal Sodano, no cargo desde 2005, e com um Motu proprio fixou um tempo determinado para esta missão: cinco anos, eventualmente renováveis.

Dinheiro para servir ao Evangelho e aos pobres

A reforma financeira também foi continuada pelo Pontífice, especialmente nos quesitos transparência e contenção de custos. Francisco renovou o Estatuto do IOR introduzindo de forma permanente a figura do auditor externo para a verificação das contas, segundo os padrões internacionais. Os princípios católicos subjacentes à missão do IOR foram especificados, para que a instituição seja mais fiel à sua missão original.

O jesuíta Juan Antonio Guerrero Alves foi nomeado prefeito da Secretaria para a Economia. O Papa autorizou uma investigação da magistratura vaticana em relação a várias pessoas que servem à Santa Sé, no âmbito de algumas transações financeiras. E a Propósito do Óbolo de São Pedro, o Pontífice ressaltou que é uma boa administração fazer o dinheiro recebido render, e não deixá-lo parado, guardado na gaveta. Mas o investimento deve sempre ser “moral”, porque o dinheiro está a serviço da evangelização e dos pobres.

A Palavra de Deus para conhecer Jesus

Com a Carta Apostólica “Aperuit illis”, de 30 de setembro, o Papa instituiu o Domingo da Palavra de Deus, um dia especial para exortar todos os fiéis a ler e meditar a Bíblia. A data solene foi estabelecida, todos os anos, no terceiro domingo do Tempo Ordinário (em 2020, será em 26 de janeiro).

A tradição do Presépio

Em 1º de dezembro, o Pontífice assinou em Greccio a Carta Apostólica Admirabile signum, na qual exortou os fiéis a se redescobrirem e a revitalizarem a tradição do presépio. “Representar o evento do nascimento de Jesus é equivalente a anunciar o mistério da Encarnação do Filho de Deus com simplicidade e alegria. É um ato de evangelização, bonito de se ver nos locais de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nas prisões, nas praças”, escreveu.

Cristãos perseguidos

Francisco nunca se cansa de denunciar as perseguições anticristãs e alerta que nos tempos atuais há mais mártires do que nos primeiros tempos do cristianismo. Em janeiro, a Suprema Corte do Paquistão absolveu definitivamente Asia Bibi, da acusação injusta de blasfêmia, pela qual havia sido condenada à morte. Católica, mãe de 5 filhos, Asia estava presa desde 2009. Ela deixou o país com sua família. Tanto Bento XVI quanto o Papa Francisco haviam acompanhado o desenrolar de sua história com grande discrição, por razões de segurança.

Uma das filhas, Eisham, havia encontrado o Santo Padre no ano passado, trazendo a ele um beijo de sua mãe. O Papa disse a ela: “Penso seguidamente em sua mãe e rezo por ela”. E a define como “maravilhosa mulher mártir”.

Na Páscoa deste ano, um ataque de extremistas islâmicos contra igrejas cristãs no Sri Lanka provocou morte de mais de 250 pessoas enquanto rezavam. O apelo do Pontífice chegou no mesmo dia. Francisco denunciou também ataques contra outras religiões, como contra a mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, que provocou mais de 50 vítimas fatais.

Defender a família e toda a vida

Em 25 de março, em Loreto, o Papa reiterou que, em particular no mundo de hoje, “a família fundada no casamento entre um homem e uma mulher, e assume uma importância e uma missão essenciais”. Francisco defendeu a vida desde a concepção até seu fim natural. Interviu diretamente em favor de Vincent Lambert, o enfermeiro francês de 42 anos, em estado de consciência mínima, que faleceu em julho do ano passado: “Não construímos uma civilização que elimina pessoas cuja vida acreditamos não vale mais a pena ser vivida: toda vida tem valor, sempre”.

Ao longo do ano, Francisco falou também sobre a vida, os direitos e a dignidade que devem ser sempre defendidos, desde os nascituros àqueles que sofrem de fome ou sofrem violências, dos doentes e dos anciãos aos migrantes que correm o risco de morrer em busca de um futuro melhor. A justiça não é seletiva, não é para algumas categorias humanas e outras não, é universal, declarou.

Jovens: descobrir o amor de Deus e caminhar contra a corrente

Este ano o Santo Padre publicou a Exortação Apostólica “Christus vivit”, fruto do Sínodo sobre os jovens realizado no Vaticano em outubro de 2018. “Cristo vive. Ele é a nossa esperança e a juventude mais bonita deste mundo. (…) Por isso, as primeiras palavras que quero dirigir a cada jovem cristão são: Ele vive e quer você vivo!”, escreveu. O Pontífice prosseguiu:

“Peçamos ao Senhor que liberte a Igreja daqueles que querem envelhecê-la, fixa-la no passado, freá-la, torná-la imóvel. Peçamos também que a liberte de outra tentação: acreditar que é jovem porque cede a tudo o que o mundo lhe oferece, mimetizando-se com os outros. Não! Ela é jovem quando é ela mesma.”

Francisco propôs”caminhos de fraternidade” para viver a fé, evitando correr “o risco de fechar-se em pequenos grupos”. Convidou os jovens a viver o compromisso social em contato com os pobres e a serem protagonistas da mudança para uma civilização mais justa e fraterna. Por fim, exortou-os a se tornarem “missionários corajosos”, testemunhando o Evangelho em todos os lugares com suas próprias vidas, indo também contra a corrente, especialmente contra as chamadas colonizações ideológicas.

Viagens internacionais: paz para o mundo

Em 2019, Francisco realizou 7 viagens internacionais, visitando 11 países em 4 continentes, um ano recorde para suas missões extra-italianas. Anunciou o Evangelho da alegria no Panamá, durante a Jornada Mundial da Juventude; nos Emirados Árabes Unidos assinou o histórico documento sobre a Fraternidade humana com o Grão Imame de al- Azhar; no Marrocos reiterou a importância do diálogo inter-religioso; na Bulgária, Macedônia do Norte e Romênia, falou da unidade dos cristãos; em Moçambique, Madagascar e Maurício, defendeu os pobres e a Criação; na Tailândia, apelou à promoção dos direitos das mulheres e das crianças, e no Japão, uma viagem centrada na paz, repetiu que não apenas o uso, mas também a posse de armas nucleares é imoral.

Santos e Beatos: mártires, leigos e com a púrpura

O ano também foi de inúmeras canonizações e beatificações. Muitos mártires de todos os continentes e de todas as ideologias: muitos foram mortos com ódio à fé durante a guerra civil espanhola, mortos perdoando seus assassinos; outros, como os sete bispos da Igreja Greco-católica na Romênia beatificados por Francisco em Blaj, são mártires do regime comunista; outros ainda, como o bispo argentino Enrique Angel Angelelli e seus companheiros, foram vítimas de ditaduras de direita. Mas há também os santos leigos, como a suíça Margherita Bays, santos da “porta ao lado” que viveram sua vocação em família, em meio a mil dificuldades. E há tantos santos cardeais, como John Henry Newman, um convertido anglicano à fé católica. Além da primeira santa brasileira, Santa Dulce dos Pobres, cuja canonização ocorreu em 13 de outubro.

Jubileu sacerdotal

Neste mês de dezembro, o Papa celebrou 50 anos de sacerdócio. Sua vocação remonta a 21 de setembro de 1953, memória de São Mateus, o cobrador de impostos convertido por Jesus: durante uma confissão, ele tem uma profunda experiência da misericórdia de Deus. É uma imensa alegria que o leva a tomar uma decisão “para sempre”: tornar-se sacerdote para dar aos outros a misericórdia recebida.

O padre, afirma Francisco, vive entre as pessoas com o coração misericordioso de Jesus. Hoje é o tempo da misericórdia. A Igreja compreende isso cada vez mais em sua caminhada na história: com João XXIII, ela dá um importante passo nessa direção, continuado por todos os seus sucessores, em particular por João Paulo II, que institui o Domingo da Divina Misericórdia, inspirado por Santa Faustina Kowalska.

Fonte: Site Canção Nova Notícias

CNBB cria Comitê de Gestão Administrativa e Financeira em vista de mais transparência

GestãoNo artigo abaixo, dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fala do modelo de gestão que vem sendo implementado pela nova presidência da entidade. Entre as novidades, está a criação de um Comitê de Gestão Administrativa e Financeira. Segundo dom Walmor, o gesto configura-se como “um passo importante da Conferência, em sua sólida e reconhecida trajetória, no zelo com os recursos que promovem e garantem trabalhos de evangelização e a dedicação e cuidado com os mais pobres, opção prioritária da Igreja”. Saiba mais sobre a forma de gestão em implementação na Conferência dos Bispos.

Honestidade exemplar

Agir com transparência é dever cidadão, irrenunciável compromisso de quem professa, com autenticidade, a fé cristã católica. É exatamente este caminho que a Igreja procura cada vez mais ensinar e promover, não apenas com palavras, mas a partir de gestos concretos, oferecendo um testemunho cristão genuíno, capaz de inspirar diferentes segmentos da sociedade. Nesse sentido, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem seu Conselho Econômico e criou o Comitê de Gestão Administrativa e Financeira. Um passo importante da Conferência, em sua sólida e reconhecida trajetória, no zelo com os recursos que promovem e garantem trabalhos de evangelização e a dedicação e cuidado com os mais pobres, opção prioritária da Igreja.

Com o Conselho e Comitê Gestor, a gestão dos recursos torna-se ainda mais transparente, permitindo que a colegialidade da CNBB, seu principal tesouro, inspire também mecanismos de controladoria e fiscalização. Uma iniciativa que deve servir de exemplo para as diferentes instituições que buscam investir em mecanismos que representam uma contribuição na prevenção e combate aos riscos da corrupção. Isso porque ninguém está imune deste mal, conforme ensina São Gregório Magno, citado pelo Papa Francisco, na Bula Apostólica Misericordiae Vultus. É preciso, pois, enfrentá-lo com coragem e humildade.

O Santo Padre faz distinção entre corrupção e pecado. A corrupção é mais grave, pois se trata de “uma contumácia no pecado, que pretende substituir Deus com a ilusão do dinheiro como forma de poder”. Na contramão desse domínio do dinheiro está o compromisso com a adoção de uma conduta honesta. A criação do Conselho Econômico é sinal genuíno de que os bispos do Brasil têm essa consciência. A administração do bem comum seria diferente, melhor, se cada pessoa reconhecesse a preciosa indicação do apóstolo Paulo: o dinheiro é a raiz de todos os males.

Esse reconhecimento é o primeiro passo para que todos, permanentemente, cultivem a honestidade. Estejam atentos aos limites que não podem ser ultrapassados, certos de que o melhor é ter credibilidade e estar tranquilo quando alguém solicita uma prestação de contas. Tranquilidade, credibilidade e a consciência em paz são qualidades dos que agem de modo coerente com os ensinamentos do Mestre Jesus. O ser humano comete falhas, peca, mas não pode ser corrupto. O convite é para seguir na direção oposta, da santidade, fazendo o bem, em sintonia com o amor de Deus.

Não há caminho mais promissor para vencer a corrupção do que a permanente busca por uma vida em santidade. E a santidade pressupõe assumir que longe de Deus somos todos incompletos. A Igreja nos ensina que a santidade, caminho contrário ao da corrupção, não é ideal distante, uma condição restrita aos cristãos dos primeiros séculos. Todos se espelhem no exemplo de Santa Dulce dos Pobres, que evangelizou em um contexto urbano, semelhante ao que se vive na atualidade. Dedicou-se incansavelmente aos pobres.

Para isso, Santa Dulce dos Pobres exerceu exemplar administração dos recursos que lhe eram confiados. Mesmo muito doente, já no fim de sua caminhada entre nós, conseguiu consolidar uma rede de solidariedade. Isto não se faz sem honestidade, transparência e credibilidade. A sua canonização é um presente do Papa Francisco ao povo brasileiro. Todos possam se inspirar, sempre mais, no exemplo de Santa Dulce dos Pobres, fortalecendo o compromisso com a honestidade.


Dom Walmor Oliveira Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Fonte: Site da CNBB

Santa Sé: crise de refugiados exige partilha de obrigações e responsabilidades

crise-de-refugiadosO observador permanente da Santa Sé no escritório da Onu em Genebra, na Suíça, dom Ivan Jurkovič, lançou um apelo a “dar um rosto aos números e às estatísticas” das tragédias humanas que envolvem tantos refugiados.

O apelo do representante vaticano foi lançado esta quarta-feira (18) no âmbito do Fórum Global da Onu sobre refugiados. Em seu pronunciamento, o arcebispo esloveno comentou positivamente a importância dada pelo encontro aos temas da educação e da saúde, setores nos quais a Igreja católica é ativamente comprometida.

O Papa lançará em maio de 2020 o Pacto educativo global

A propósito, o prelado recordou o Pacto educativo global que o Papa Francisco lançará em 14 de maio de 2020. “O acesso à instrução e à assistência médica favorece a integração”, disse o representante da Santa Sé, pensando em particular nos jovens, que “representam a metade da população dos refugiados”.

Uma educação inclusiva e o acesso a uma instrução de qualidade “protege nossos jovens do tráfico de seres humanos, do trabalho forçado e de outras formas de escravidão”. Em seguida, dom Jurkovič reafirmou a centralidade da pessoa humana e dos princípios de solidariedade, humanidade e não rejeição que se encontram sob proteção internacional.

Necessidade de uma maior cooperação internacional

O arcebispo evocou “uma maior cooperação internacional e uma partilha de obrigações”, expressando gratidão em nome da Santa Sé pela “generosidade e solidariedade mostradas por alguns países no acolhimento dos deslocados, apesar das dificuldades. Um testemunho da fraternidade humana, dimensão essencial para o futuro”.

O pensamento voltou-se de modo especial para aquelas situações nas quais um elevado número de refugiados se estabelece nos Estados confinantes. Estes últimos, às “presas com desafios e sacrifícios substanciais”, não devem ser deixados sozinhos.

Família de nações: destino comum e casa comum

“Como família de nações, partilhamos um destino comum e uma casa comum. Se os Estados acolhedores que recebem grandes fluxos de refugiados são deixados sozinhos, é inevitável que os refugiados não possam receber o acolhimento que merecem”, foi a sua exortação.

“Segundo a Santa Sé, a cooperação internacional não pode limitar-se à alocação de recursos financeiros, mas ‘é preciso um empenho complementar pela reinserção e reintegração também por parte dos Estados doadores’.”

Ademais, as causas que levam a um alto número de refugiados a deixar seus países não podem ser ignoradas, mas devem ser enfrentadas.

Soluções partilhadas não só para hoje, mas também o futuro

Tudo isso, reconheceu dom Jurkovič, “requer coragem e vontade política para acabar com os conflitos e encorajar à paz, à reconciliação e ao respeito pelos direitos humanos universais e das liberdades fundamentais”.

Daí, o renovado chamado a partilhar “obrigações e reponsabilidades” e a encontrar soluções partilhadas não somente para hoje, mas também para o futuro.

Fonte: Site do Vatican News

Leia mais

NEWSLETTER
Cadastre-se e receba as novidades da Catedral.
  1. Facebook
  2. Twitter
  3. Instagram
  4. Video