Papa escreve aos ucranianos: todos os dias lágrimas e sangue. Sua dor é minha dor
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- Terça, 29 Novembro 2022 13:05
Na carta que o Papa enviou ao povo da Ucrânia há o afeto do pai que chora junto com seus filhos e há a dor do pastor que vê um povo atormentado pela “destruição e dor, fome, sede e frio”. Exatamente nove meses após o desencadeamento da ” absurda loucura da guerra”, após mais de uma centena de apelos públicos pelo país “martirizado”, Francisco assina uma missiva dirigida diretamente a todos os ucranianos. Todos: as mulheres, as vítimas de violência ou viúvas de guerra; jovens que foram para a guerra; idosos que ficaram sozinhos; os refugiados e os deslocados; os voluntários e os sacerdotes, as autoridades do país.
A eles o Bispo de Roma expressa sua proximidade, a eles pede que não percam a coragem neste tempo de “duras provas”, a eles expressa toda sua “admiração” porque, como a história já demonstrou, vocês são “um povo forte, um povo que sofre e reza, chora e luta, resiste e espera: um povo nobre e mártir”.
Rios de sangue e de lágrimas
A carta do Papa, caracterizada por um profundo realismo, abre com uma lista dos horrores que, desde 24 de fevereiro de 2022, o primeiro dia da agressão russa a Kiev, se tornaram o dia a dia no país do Leste Europeu.
Em seus céus, ressoam sem cessar o trágico estrondo das explosões e o som inquietante das sirenes. Suas cidades são marteladas por bombas como chuvas de mísseis que causam morte, destruição e dor, fome, sede e frio. Em suas ruas muitos tiveram que fugir, deixando suas casas e entes queridos. Ao lado de seus grandes rios correm todos os dias rios de sangue e lágrimas.
Imagens cruéis na alma
A estas lágrimas, o Papa juntou as suas: “Não há dia em que eu não esteja ao lado de vocês e não carregue todos no meu coração e na minha oração. Sua dor é minha dor”. “Na cruz de Jesus”, escreve, “hoje eu os vejo, vocês que sofrem o terror desencadeado por esta agressão. Sim, a cruz que torturava o Senhor revive nas torturas encontradas nos cadáveres, nas valas comuns descobertas em várias cidades, naquelas e em muitas outras imagens cruéis que entraram em nossas almas, que nos fazem gritar: por quê? Como os homens podem tratar os outros homens desta maneira?”.
Crianças mortas, feridas, órfãs
As tragédias de hoje despertam na memória do Papa os dramas que vêm se desenrolando no mundo há anos. Antes de mais nada dos menores, afirma, citando os dois casos de uma menina recém-nascida e uma menina de 4 anos que morreram por um ataque de mísseis:
Quantas crianças mortas, feridas ou que ficaram órfãs, separadas de suas mães! Choro com vocês por cada criança que, por causa desta guerra, perdeu sua vida, como Kira em Odessa, como Lisa em Vinnytsia, e como centenas de outras crianças: em cada uma delas a humanidade inteira é derrotada. Agora eles estão com Deus, veem suas tristezas e rezam para que tenham fim.
A dor das mães e do povo
“Mas como não sentir angústia por eles e por todos, jovens e adultos, que foram deportados? A dor das mães ucranianas é incalculável”, acrescenta o Papa Francisco. Depois fala aos jovens que “para defender corajosamente a pátria” tiveram que “colocar em suas mãos as armas ao invés dos seus sonhos”. E ele fala às esposas daqueles que morreram na guerra: “Mordendo seus lábios vocês continuam em silêncio, com dignidade e determinação, a fazer todos os sacrifícios por seus filhos”. O Papa fala aos adultos, “que tentam de todas as maneiras proteger seus entes queridos”. E para os idosos, “que em vez de um sereno pôr-do-sol foram lançados na noite escura da guerra”. Às mulheres, depois escreve: “Vocês sofreram violências e carregam grandes fardos em seus corações”.
Eu penso e estou próximo de vocês com afeto e admiração pela forma como enfrentam tais provas tão difíceis.
Em sua carta, o Papa não esquece os voluntários, que todos os dias se dedicam ao povo, e todos os pastores: bispos, sacerdotes, religiosos que “muitas vezes com grande risco para sua segurança” ficaram ao lado do seu povo, “transformando com criatividade lugares comunitários e conventos em abrigos para oferecer hospitalidade, ajuda e alimentos aos que estão em dificuldade”.
Uma oração pelas Autoridades
Os pensamentos também vão para os refugiados e deslocados internos, “longe de suas casas, muitas das quais foram destruídas”. Por fim, um apelo às Autoridades pelas quais o Papa eleva uma oração:
Neles está o dever de governar o país em tempos trágicos e de tomar decisões clarividentes para a paz e para desenvolver a economia durante a destruição de muitas infraestruturas vitais, tanto na cidade como no campo
Recordando Holodomor
Em toda essa imensidão de mal e de dor, Francisco recorda outra grande tragédia sofrida pelo povo ucraniano, o genocídio do Holodomor, que amanhã, 26 de novembro, completa 90 anos. Um evento “terrível”, ao qual ele já havia se referido na última audiência geral, que agora o Papa se recorda para expressar toda sua admiração pelo “bom ardor” dos ucranianos.
Apesar da imensa tragédia que estão sofrendo, o povo ucraniano nunca foi desencorajado ou entregue à piedade. O mundo reconheceu um povo ousado e forte, um povo que sofre e reza, chora e luta, resiste e espera: um povo nobre e mártir.
“Continuo perto de vocês”, assegura Francisco, “com o coração e com a oração, com a preocupação humanitária, para que se sintam acompanhados, para que não se acostume à guerra, para que não sejam deixados sozinhos hoje e especialmente amanhã, quando talvez venha a tentação de esquecer os seus sofrimentos”.
O Natal e o som do sofrimento
No final da carta, olhar estende-se para os próximos meses, “nos quais a rigidez do clima torna ainda mais trágico o que vocês estão vivenciando”: “Eu gostaria que o afeto da Igreja, a força da oração, o bem que sentem tantos irmãos e irmãs em cada latitude sejam carícias em seus rostos”, é a esperança do Papa. “Dentro de algumas semanas”, acrescentou, “será Natal e o som de sofrimento será sentido ainda mais. Mas eu gostaria de voltar com vocês para Belém, para a provação que a Sagrada Família teve que enfrentar naquela noite, que parecia apenas fria e escura. Em vez disso, veio a luz: não dos homens, mas de Deus; não da terra, mas do Céu”.
Disso, a entrega a Nossa Senhora, a cuja Coração Imaculado consagrou a Ucrânia e a Rússia:
Ao seu Coração de Mãe apresento seus sofrimentos e suas lágrimas.
Fonte: Site Vatican News
Ano Vocacional: “abrace com coragem a sua vocação na vida da igreja”, exorta em vídeo Dom Walmor
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- Terça, 29 Novembro 2022 10:06
“Acolha o chamado de Deus”, esta é, segundo o Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a convocação especial feita pelo Ano Vocacional na Igreja no Brasil cuja abertura aconteceu no dia 20 de novembro, e prossegue até 23 de novembro de 2023, Celebração de Cristo Rei.
No vídeo, especialmente gravado para o Ano Vocacional, dom Walmor disse que Deus chama cada pessoa pelo nome e lhe dá a tarefa de contribuir para edificar uma sociedade mais justa, fraterna e solidária à luz do Evangelho.
“Precisamos, pois, ouvir o que Deus tem a nos dizer a partir da oração e também do serviço às nossas comunidades”, ressaltou.
Em referência aos diferentes ministérios e vocações, o presidente da CNBB afirma que todos são protagonistas na Igreja no compromisso de colaborar para que seja servidora e no anúncio incansável do Evangelho em todos os lugares.
Dom Walmor fala do tema “Vocação: Graça e Missão” e do lema o “Corações ardentes, pés a caminho” com o desejo de que reverberem nas comunidades eclesiais católicas do país. “Abrace com coragem a sua vocação na vida da Igreja, sabendo escutar e acolher o chamado de Deus”, exortou o presidente da CNBB.
Confira, abaixo, o vídeo na íntegra:
Fonte: Site da CNBB
O Papa: a consolação de Deus nos dá paz, é espontânea
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- Quinta, 24 Novembro 2022 11:39
“A consolação” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (23), realizada na Praça São Pedro.
Francisco sublinhou que a consolação, “que seria a luz da alma”, é “outro elemento importante para o discernimento”, mas “pode prestar-se a equívocos”.
“O que é a consolação espiritual? É uma profunda experiência de alegria interior, que permite ver a presença de Deus em tudo; ela revigora a fé e a esperança, assim como a capacidade de fazer o bem. Trata-se de um grande dom para a vida espiritual e para a vida no seu conjunto. É viver esta alegria interior”, disse o Papa, ressaltando que “a consolação é um movimento íntimo. A pessoa se sente abraçada pela presença de Deus, de uma maneira sempre respeitosa da própria liberdade”.
A paz genuína faz germinar bons sentimentos em nós
“Pensemos na experiência de Santo Agostinho, quando fala com a mãe Mônica sobre a beleza da vida eterna; ou na perfeita alegria de São Francisco, pensemos em tantos santos e santas que souberam fazer maravilhas, não porque se julgavam hábeis e capazes, mas porque foram conquistados pela docilidade pacificadora do amor de Deus”, sublinhou Francisco, afirmando que “se trata da paz, que Santo Inácio sentia em si com admiração quando lia a vida dos santos. Ser consolado é estar em paz com Deus. Sentir que tudo está organizado, em paz, tudo é harmônico dentro de nós”. “Trata-se da paz que Edith Stein experimenta após a conversão; um ano depois de ter recebido o Batismo”, disse ainda o Papa, sublinhando que “uma paz genuína é uma paz que faz germinar bons sentimentos em nós”.
Segundo o Pontífice, “a consolação refere-se, primeiramente, à esperança, propende para o futuro, põe a caminho, permite tomar iniciativas até àquele momento adiadas, ou nem sequer imaginadas, como o Batismo para Edith Stein”.
A consolação é uma paz tal, não para ficar sentados saboreando-a, mas dá paz, atrai ao Senhor, põe você a caminho para fazer coisas boas. Em tempos de consolação, quando somos consolados, nos vem a vontade de fazer o bem sempre, e quando há o momento da desolação nos vem a vontade de nos fechar em nós mesmos e não fazer nada. A consolação nos leva para frente, a serviço dos outros, da sociedade, das pessoas.
A consolação nos torna audazes
De acordo com Francisco, “a consolação espiritual não é “pilotável”, não é programável a bel-prazer, é uma dádiva do Espírito Santo: permite uma familiaridade com Deus, que parece anular as distâncias. Santa Teresa do Menino Jesus, visitando com 14 anos a Basílica de Santa Cruz de Jerusalém, em Roma, procura tocar o prego ali venerado, um daqueles com que Jesus foi crucificado. Teresa sente esta sua ousadia como um transporte de amor e de confidência”. A consolação “é espontânea. A consolação nos leva a fazer tudo espontâneo, como se fossemos crianças. As crianças são espontâneas e a consolação leva com uma doçura com uma paz muito grande”.
Segundo o Papa, “a consolação nos torna audazes” e vamos adiante porque sentimos “a força de Deus”. A consolação “nos leva a fazer coisas que no tempo da desolação não seríamos capazes de dar o primeiro passo. Este é o belo da consolação”.
Falsas consolações
Francisco advertiu que “há também falsas consolações. Na vida espiritual ocorre algo semelhante ao que acontece nas produções humanas: há originais e há imitações”.
Se a consolação autêntica for como uma gota sobre uma esponja, será suave e íntima; as suas imitações serão mais barulhentas e vistosas, serão fogos de palha, sem consistência, levarão a fechar-se em si mesmas, e a não se preocupar com os outros. No final, a falsa consolação deixa-nos vazios, distantes do centro da nossa existência. Por isso, quando estamos felizes, em paz, somos capazes de fazer qualquer coisa, mas não confundir aquela paz com um momento passageiro porque o entusiasmo hoje existe e depois passa, e não existe mais.
Saber distinguir quando é uma consolação de Deus
O Papa disse que “por isso, é necessário fazer discernimento, até quando nos sentimos consolados. Pois a falsa consolação pode tornar-se um perigo, se a procurarmos como um fim em si mesma, de modo obsessivo, e nos esquecendo do Senhor. Como diria São Bernardo, procuram-se as consolações de Deus, não se procura o Deus das consolações. Devemos procurar o Senhor que com a sua presença nos consola e nos leva adiante. É a dinâmica da criança de que falamos da última vez, que só procura os pais para obter algo deles, mas não por eles mesmos. Por interesse. As crianças sabem fazer isso, e quando a família é dividida, elas têm o hábito de procurar aqui e lá, e isso não faz bem, isso não é consolação, mas interesse”.
Segundo o Pontífice, “corremos o risco de viver a relação com Deus de maneira infantil, de o reduzir a um objeto para o nosso uso e consumo, perdendo o dom mais belo, que é Ele mesmo”. “Assim, vamos adiante na vida entre a consolação de Deus e a desolação do pecado, do mundo, mas sabendo distinguir quando é uma consolação de Deus que lhe dá paz até o fundo da alma, e um entusiasmo passageiro, que não é ruim, mas não é a consolação de Deus”, concluiu o Papa.
Fonte: Site Vatican News
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