Isabel Cristina é a nova beata da Igreja
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- Quarta, 14 Dezembro 2022 18:38
A cerimônia de beatificação da Mártir Isabel Cristina Mrad Campos, realizada no último sábado (10), reuniu mais de 10 mil pessoas no Parque de Exposições de Barbacena (MG), incluindo 22 bispos brasileiros e cerca de cem ônibus que, em caravanas, participaram desse momento de júbilo para a Igreja no Brasil.
A Missa foi presidida pelo Arcebispo Emérito de Aparecida (SP), Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, e concelebrada pelo Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, pelo Arcebispo Emérito de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, pelo Bispo Diocesano de Divinópolis e Presidente do Regional Leste 2 da CNBB, Dom José Carlos de Souza Campos, e pelo Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira. A celebração contou ainda com a presença de padres, diáconos, seminaristas e religiosos(as), além do Postulador da Causa de Beatificação, Dr. Paolo Vilotta.
Tendo o rito iniciado após o ato penitencial, os fiéis ouviram de Paolo Vilotta os dados biográficos da jovem mineira, seguida da leitura da Carta Apostólica, feita em latim pelo Cardeal Dom Raymundo e em português pelo Coordenador Geral da Cerimônia de Beatificação, Monsenhor Danival Milagres Coelho, através da qual o Sumo Pontífice inscreveu entre os beatos a Venerável Serva de Deus Isabel Cristina Mrad Campos. O documento institui que ela possa ser celebrada liturgicamente em 1º de setembro, data em que sofreu o martírio e nasceu para o céu.
Ao canto do Aleluia, leigos e religiosos presenciaram o descerramento da imagem da nova Beata e prestigiaram a entrada, em procissão solene, da relíquia de Isabel Cristina, trazida por seu irmão, Paulo Roberto Mrad Campos, acompanhado por sua esposa e filhos. Esse momento também foi marcado pela presença de vinte jovens que traziam consigo rosas vermelhas e brancas, representando a idade com a qual a Serva de Deus sofreu o martírio.
Seguindo os ritos litúrgicos da celebração da Santa Missa, o Cardeal Dom Raymundo Damasceno, em sua homilia, afirmou que nem todos são chamados ao martírio de sangue, mas são convidados a viverem cotidianamente o martírio do amor. “Peçamos a Jesus a graça, por intercessão de Isabel Cristina, de aceitar as angústias e os desafios da vida cotidiana. Não tenhamos medo jamais!”, disse.
Em saudação ao final da celebração, o Arcebispo Metropolitano de Mariana proferiu um agradecimento aos presentes. Ao Arcebispo de Juiz de Fora ele agradeceu o apoio, enfatizando que, com a beatificação de Isabel Cristina, a união entre as duas Igrejas Particulares se fortalece ainda mais. Dom Airton também lembrou do Arcebispo Emérito de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, pelo testemunho, fraternidade e por ter abraçado a causa da beatificação durante o seu pastoreio.
Por fim, ele agradeceu a todos os que contribuíram para a realização da beatificação, especialmente aos familiares da mártir. “Que a intercessão da Beata Isabel Cristina faça surgir na Arquidiocese de Mariana o espírito de serviço, de comunhão e fraternidade e nos faça trabalhar incansavelmente para a sua canonização e para as beatificações do Servo de Deus Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida; de Floripes Dornellas de Jesus, a Lola; do Servo de Deus Monsenhor José Silvério Horta; e do Venerável Dom Antonio José Ferreira Viçoso”, finalizou.
Para o Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, a beatificação de Isabel Cristina é uma graça de Deus para toda a Igreja, mas sobretudo para as igrejas de Mariana e de Juiz de Fora. “É uma pessoa que deu testemunho de santidade, não só com a sua vida, mas com o seu martírio. Foi capaz de morrer por causa de Cristo para defender a sua honra espiritual, defender a sua castidade; portanto, é uma pessoa que, colocada por Deus diante da juventude de hoje, diante da sociedade hodierna, fala a respeito do valor da vivência da fé cristã.”
Testemunhos
Durante a cerimônia, pessoas que tiveram o privilégio de conhecer a nova Beata e que também receberam graças por sua intercessão compartilharam suas histórias e sobre como foi participar da celebração.
Sônia Maria da Conceição Alves é avó de Gabriela Vitória Lopes Alves, que nasceu no dia 19 de junho de 2009, às 18h, no Hospital Otávio Neves, em Belo Horizonte (MG), com meio quilo e trinta centímetros. Ela contou que, graças à Isabel Cristina, a sua neta sobreviveu. “Hoje eu vim dar esse testemunho e agradecer, porque foi um milagre. Para mim, ela já é santa. O médico falou que era aborto e esse aborto cresceu, foi batizada e hoje é uma moça de 13 anos”, relatou.
Pedro Paulo Moreira, que estudou com Isabel Cristina em Juiz de Fora, também fez questão de participar da Missa. “Foram apenas três meses que estudamos juntos, mas foi muito tempo para conhecer a Isabel. Falar dela é falar de amor, era tudo o que tinha nela, um coração muito grande”, lembrou. Pedro viajou 100 km para prestigiar a amiga e agradecer a graça alcançada por sua intercessão. “Eu tive um problema muito sério com o alcoolismo. Em 2009, quando fiquei sabendo do processo de beatificação, pedi ajuda a ela. Após isso, a minha obsessão pelo álcool desapareceu, nunca mais bebi. Ela salvou a minha vida, a vida dos meus filhos, da minha família.”
Dagmar Sofia Cardoso de Medeiros, da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, de Barbacena, contou que seus pais tiveram contato com a família de Isabel Cristina. “Como ela morreu como mártir, mostra que nós todos somos convidados a ser santos. Quantos santos estão no meio de nós? Tenho certeza de que esse evento vai trazer uma maior santidade para a nossa cidade, principalmente para os nossos jovens. Estar aqui é estar em um pedacinho de céu.”
Marcela Kamiroski, Virgem Consagrada da Arquidiocese de Juiz de Fora, ressaltou que Isabel Cristina é um exemplo de vida e de santidade. “A gente não está celebrando uma morte, mas a forma como ela viveu, a entrega à evangelização, aos vicentinos. E também pelo duplo martírio que ela sofreu: não só do corpo, mas as difamações em relação a vida dela e à questão da família após o processo de investigação.”
Clique aqui e confira mais fotos da cerimônia de beatificação.
Fonte: site da Arquidiocese de Juiz de Fora, com informações do site da Arquidiocese de Mariana