Missão jovem 2022: a alegria do ser Igreja e o entusiasmo da Boa Nova levam jovens de todo o país para Tucumã (PA)
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- Quarta, 13 Julho 2022 10:52
Nesta semana, a juventude do Brasil se encontrará na prelazia do Alto Xingu-Tucumã, no Pará, onde o “Brasil verdeja a alma” e onde “o rio é mar”, como diz uma canção. Dezenas de jovens de todo o país participarão de 15 a 25 de julho da Missão Jovem na Amazônia 2022, projeto promovido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB (CEPJ) com apoio da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). Iniciada em 2014, como fruto da Jornada Mundial da Juventude de 2013, a ação está em sua quinta edição. A última edição da Missão Jovem foi realizada em 2019 na região do Bico do Papagaio, na diocese de Tocantinópolis (TO).
Para a jovem Kelling Raquel Müller, 22 anos, o entusiasmo com a experiência é ainda maior do que os 3.100 km de distância que separam a sua cidade, Teutônia (RS), na diocese de Montenegro, de Tucumã (PA). A jovem, que integra a Juventude Missionária, já fez algumas missões mas assegura que esta será a maior, tanto em distância quanto na duração dos dias longe de casa.
“Quando ouvi que estavam pensando na missão em Tucumã, igreja-irmã de nossa diocese, logo me interessei. Me encantei com a possibilidade”, disse. De acordo com ela, o interesse em ser missionária surgiu naturalmente e é um sentimento que cultiva em seu coração.
“Meses depois, quando recebi o convite para participar da missão, fiquei muito feliz. Nos preparativos, muita oração e sintonia com Deus e com o povo da minha diocese e paróquia. Minhas expectativas são para conhecer o povo de Tucumã e sua cultura, dos quais já ouvi falar tão bem, compartilhar afetos, histórias, viver a Boa Nova e criar um vínculo bonito. Creio que será uma linda missão”, conta a jovem.
Da vocação missionária, à qual todos são chamados, também faz parte a vocação à vida sacerdotal. Um entusiasta da missão é jovem missionário, Rullian José Kopke Sarmento dos Santos, 24 anos, natural de Três Rios (RJ), seminarista na diocese de Valença (RJ). “Desde que a ideia dessa missão surgiu, nosso bispo dom Nelson Francelino, bispo presidente da CEPJ, já sinalizava que gostaria de enviar alguns seminaristas para fazer essa experiência para poder somar ao Setor Juventude de nossa diocese, no intuito de dar testemunho, somar experiências e cativar os jovens para seguirem no mesmo caminho”, conta.
O seminarista está com as muitas expectativas para a missão que, segundo ele, “além de trazer contributo à vida juvenil em nossa diocese, esses momentos são de grande aprendizado e lapidação para nossa vocação e caminhada formativa”. Para ele, conhecer outras culturas, modo de vida e pessoas “nos lança para frente e nos ensina uma nova forma de enxergar o mundo é de se relacionar enquanto irmãos”. A missão também colaborará para a sua formação. “Ser padre não é estagnar no meu modo de ser, mas conhecendo os mais variados modos de vida, retirar dali a presença e manifestação de Jesus que acontece em cada uma dessas formas de viver”, diz.
O local da missão e as expectativas dos anfitriões
Criada em novembro de 2019 pelo Papa Francisco, a prelazia do Alto Xingu-Tucumã, região anteriormente pertencente à diocese de Xingu-Altamira, tem como bispo prelado o missionário espanhol dom Jesús María López Mauleón, OAR.
É formada pelos municípios de Tucumã, São Félix do Xingu, Ourilândia do Norte, Bannach, Cumaru do Norte e Água Azul do Norte, tendo quatro paróquias e quatro áreas pastorais. A região, inserida na Amazônia Legal, é povoada por povos indígenas e migrantes de outras regiões do Brasil que chegaram, e ainda chegam, esperançosos, buscando trabalho e melhor qualidade de vida.
Entusiasmo com a possibilidade de conhecer outros jovens
O mesmo entusiasmo dos missionários que partem em direção à Tucumã impulsiona os moradores da prelazia, em especial os jovens, que se preparam para acolher e participar da missão. Entusiasmo que aparece no relato da jovem Fernanda Rodrigues, 26 anos, da cidade de Tucumã. “Saber que a missão seria realizada em nossa prelazia foi um misto de medo e alegria. Estou entusiasmada com a possibilidade de conhecer tantos jovens, que como nós, buscam o mesmo caminho: Cristo. Ao mesmo tempo, espero que a experiência e a presença dos jovens de todo o país entre nós possa entusiasmar ainda mais os jovens da prelazia e que possamos aprender e ensinar uns aos outros”, testemunha a jovem.
O padre Blasio Henz, que atua na área missionária São João Batista do Sudoeste da prelazia pelo projeto Igrejas Irmãs da CNBB e contribui na organização local da missão, acredita que a missão, que acontece em dez dias, proporciona uma vivência muito rica desde sua preparação, que envolveu os jovens da prelazia, e no que ela deixará como legado depois que os jovens voltarem para suas casas.
“Creio que os jovens da prelazia terão uma experiência muito rica não só pela semana, com os momentos celebrativos e de entusiasmo, mas com a vivência que já vem acontecendo durante todo este ano com as formações que tivemos e os momentos em níveis paroquiais, nos quais olhamos para a realidade e também para a missiologia e cristologia, lembrando Cristo como centro e chamado de muitos profetas”, reforça.
De acordo com ele, a vivência vai se intensificar ainda mais porque os jovens estão engajados na organização da missão e esse movimento motiva para que a missão não seja apenas de alguns dias, mas aconteça dentro de um contexto maior de acolhida, o que define como um processo muito rico.
“A missão já está deixando um legado, que é um desejo de dar continuidade na caminhada. Percebo este entusiasmo nas lideranças, no bispo e em nós padres, porque percebemos o que a missão proporcionará para a continuidade do trabalho de missão, lembrando sempre as distâncias, as dificuldades e realidades diferentes que temos. Para mim é uma alegria poder estar acompanhando e motivando esses jovens”, conta o padre.
O desejo do padre vem ao encontro do próprio desejo do Papa Francisco que diz na exortação pós-sinodal “Querida Amazônia” que “0 caminho continua e o trabalho missionário, se quiser desenvolver uma Igreja com rosto amazônico, precisa de crescer numa cultura do encontro. (…) Mas, para tornar possível esta encarnação da Igreja e do Evangelho, deve ressoar incessantemente o grande anúncio missionário”. Os jovens estão dispostos a este apelo e já com os tênis calçados para a missão.
Fonte: Site da CNBB