Liga Católica completa 120 anos de Brasil

Liga-catolicaDesde o seu nascedouro, a Associação da Sagrada Família, como era chamada, contou com a assistência dos Missionários Redentoristas belgas, em especial do Pe. Vitor Isidoro Dechamps, mais tarde Arcebispo de Malines e Cardeal Primaz da Bélgica.

Em 1847, a obra fundada por Capitão Henrique Belletable e seus companheiros teve seus estatutos aprovados por Dom Cornélio van Boomel, bispo de Liège, que inclusive tornou-se membro honorário da “Santa Família”.

Belletable, no entanto, faleceu em 1855, aos 42 anos de idade, sem ver sua obra, que a pedido do já Cardeal Dechamps, foi elevada, pelo Papa Pio IX, à categoria de Arquiconfraria em 24 de abril de 1873, entregando-a aos cuidados dos Redentoristas, com o objetivo de a orientar e a propagar por todo o mundo.

Quando, em 1893, chegaram os primeiros Missionários Redentoristas ao Brasil, os Padres holandeses Mathias Tulkens e Francisco Lohemeyer, o país encontrava-se com sua recém “proclamada” república e dominado pelas ideias positivistas, filosofia que, inspirada na crença do progresso contínuo da humanidade, afasta toda e qualquer religião ou crença na existência de um deus celestial, centralizando todas as suas razões no humano.

O ambiente político ideológico não poderia ser mais propício para que a obra de Belletable fosse difundida em nosso país, afinal, o Brasil, que nasceu sob o signo da Santa Cruz, estava ameaçado em sua essência que sempre foi profundamente cristã.

Como não poderia ser diferente, ao pregarem suas missões, os Redentorista preocupavam-se em implementar os meios para que os frutos de seu trabalho não se perdessem nas almas que tocavam, e a Associação da Sagrada Família era um instrumento providencialmente válido nesse sentido.

Após pregarem a primeira Missão Geral na Paróquia de Juiz de Fora, durante a segunda quinzena de março de 1902, os Missionários Redentoristas, sob a direção espiritual do Padre Thiago Boomars, fundaram no dia 31 daquele mês, na antiga “igreja dos alemães”, como era conhecida a primitiva Capela de Nossa Senhora da Glória, a primeira unidade da Associação da Sagrada Família em terras brasileiras. Agregando membros de diversas classes sociais, era composta de modo especialmente expressivo pelos imigrantes germânicos e seus descendentes, que, trazidos pela Companhia União e indústria, empresa de iniciativa do comendador Mariano Procópio Ferreira Lage, formaram a antiga Colônia Dom Pedro II.

Uma peculiaridade, porém, se dá nesta fundação. Ao ser transplantada para a Terra de Santa Cruz, a obra do capitão Belletable é batizada como Liga Católica Jesus, Maria, José.

O crescimento e a consolidação da Liga Católica Jesus, Maria, José

Conforme as Missões Redentoristas iam acontecendo, várias novas unidades da Liga Católica iam surgindo, como forma de perseverança dos frutos oriundos do trabalho desenvolvido pelos filhos de Santo Afonso nas localidades por onde passavam.

O movimento deve, no entanto, seu crescimento no Brasil, além do trabalho desenvolvido pelos próprios liguistas e de incontáveis padres, não apenas redentoristas, a duas destacadas figuras: o Pe. João Batista Smits, redentorista holandês, e a Dom Sebastião Leme, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro.

Padre João Smits foi o primeiro diretor geral da Liga Católica e, sob sua incansável liderança, a associação chegou a incontáveis e longínquas localidades. Dom Sebastião Leme, por sua vez, foi o melhor amigo e maior propagador da Liga Católica no Brasil, tendo inclusive declarado que uma paróquia para se considerar completa deveria contar com uma unidade da obra iniciada por Belletable.

A Liga Católica se reinventa

Com as transformações ocorridas na Igreja Católica a partir do Concílio Vaticano II, na década de 1960, a Liga Católica passou por reestruturações, a fim de melhor dialogar com o mundo e atingir seu maior objetivo: a vida familiar.

Nesse sentido, não havia mais motivações para a admissão exclusivamente masculina de membros. Sob a direção espiritual do Padre Mário Ferreira, C.Ss.R., a Liga Católica foi aberta a participação feminina, tornando-se, assim, uma associação católica voltada para toda a família.

Atualmente as diversas unidades do grupo encontram-se agrupadas em níveis diocesanos ou arquidiocesanos nas chamadas federações, sendo a unidade de nossa Paróquia a sede da Federação que abarca as unidades dos territórios da Arquidiocese de Juiz de Fora e da Diocese de Valença, localizada no Estado do Rio de Janeiro. Todas as 23 federações encontram-se, por sua vez, agrupadas em torno da Confederação das Ligas Católicas Jesus, Maria, José, situada na cidade de Campos dos Goitacazes, no norte fluminense. A direção espiritual nacional da Liga Católica fica sempre à cargo de um padre redentorista da Província do Rio, Minas e Espírito Santo, sendo o atual diretor, nosso recente ex-Pároco, Padre Edson Alves da Costa. Ele destaca a atualidade do lema “Ora et Labora” (orar e trabalhar), hoje não só tarefa dos homens, mas de toda a família, em busca de sua santificação.

Dia Internacional do Liguista 2019

Na Paróquia Nossa Senhora da Glória, a Unidade da Liga Católica é liderada por Dionísio Antônio Netto de Castro, liguista desde 1981, quando, recém-casado, foi convidado por seu sogro, Nelson Inácio de Mendonça, a participar da associação. Dionísio, com seus 40 anos de caminhada no movimento, tem a alegria de contar com a participação da esposa Maria Luiza e do filho Gustavo ao seu lado. Ele destaca que a Liga foi para si uma “escola divina” e deixa a todos uma mensagem de otimismo e um convite: “Não vamos ser apenas cristãos de vir à Missa.

“Tenhamos coragem de aprofundar a prática religiosa e a vida em comunidade através da Liga Católica!” Foi a partir deste convite que o jovem João Paulo Belozzi de Oliveira se motivou a entrar para a Liga Católica. Ele nos conta que, desde criança, admirava o trabalho realizado pela associação. Seu avô foi liguista e sempre lhe contava as histórias dos tempos em que a Liga tinha apenas a participação dos homens. Em suas palavras, a Liga Católica atua junto à comunidade, estendendo a mão no que for preciso, seja em missões ou visitas a doentes e idosos, o liguista leva sempre a Palavra de Deus àquele que dela precisa.

Sua entrada na Liga Católica foi seguida da de seus pais, Denise e Elídio. O casal destaca que o grupo incentiva a vivência cristã de seus membros e evangeliza as famílias, dando testemunho de perseverança, humildade, oração e caridade. Denise e Elídio falam da gratidão que sentem, enquanto família, quando, junto com a Liga, visitam idosos em asilos. “Deixamos um pouco do nosso amor e carinho nesse trabalho missionário”, destacam.

A Liga Católica da Paróquia da Glória também realiza encontros mensais, todo segundo domingo do mês, aberta a todos que queiram participar do movimento.

Fonte: site da Arquidiocese de Juiz de Fora, com colaboração de Nathan Ramalho dos Reis/Pascom Paróquia da Glória

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