Assessor da CNBB esclarece dúvidas sobre a modalidade on-line da Catequese em tempos de pandemia
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- Segunda, 23 Novembro 2020 09:54
Por ser 2020 um ano atípico, especialmente por conta da pandemia do coronavírus, muitas dioceses começaram a oferecer formas criativas de dar continuidade ao processo de iniciação à vida cristã nas comunidades. Uma delas foi continuar os encontros de catequese na modalidade on-line para crianças, jovens e adultos.
O portal da CNBB conversou com o padre Jânison de Sá, assessor nacional da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, para esclarecer se esse tipo de iniciativa é válida e se a Comissão oferece algum tipo de catequese de Iniciação à Vida Cristã. Vale lembrar que nos últimos dias a assessoria de imprensa da Conferência recebeu vários questionamentos a esse respeito.
Ele enfatiza que antes mesmo do estado de pandemia se agravar os grupos de catequese já faziam seus encontros de forma presencial e que a modalidade virtual passou a ser oferecida pelas dioceses como uma maneira de dar continuidade à catequese presencial.
“A catequese oferece um itinerário de educação na fé e essa formação compreende uma experiência mistagógica, isto é, ajuda o catequizando na inserção no mistério de Cristo, participando ativamente da comunidade cristã, verdadeiro lugar da vida de fé. Em nossa tradição católica, a catequese acontece presencialmente. Particularmente não tenho conhecimento de uma catequese exclusivamente online, pois o processo de iniciação à vida cristã não é um curso, mas um encontro com Cristo, um caminho de fé que se faz com Jesus na comunidade”, ressaltou padre Jânison.
Ele ainda salientou que nos últimos 50 anos os documentos pontifícios têm insistido na vida em comunidade; a experiência comunitária é parte essencial do discipulado de Jesus Cristo. “A Igreja no Brasil em sintonia com a Igreja universal, propõe uma catequese centrada na iniciação à vida cristã. O Novo Diretório para a Catequese dedica um capítulo inteiro sobre a catequese como atividade eclesial que só pode acontecer na comunidade. Portanto, a comunidade é o sujeito da catequese”, disse o padre.
A modalidade virtual, segundo padre Jânison, possibilita que em alguns lugares possam acontecer os encontros catequéticos. Mas lembra que foi somente durante a pandemia que se adotou essa modalidade. “Os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos é dispensada a vida divina (CIgC, 1131). Quero lembrar ainda que a pessoa antes de receber o sacramento tem que passar por uma catequese bíblica e doutrinal adequada na comunidade de fé, tomar ciência do sacramento que está recebendo e não simplesmente receber um certificado, um diploma para depois abandonar a Igreja”, salientou.
Ele explicou também que a CNBB não oferece catequese para crianças, jovens e adultos. “A CNBB, por meio da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, tem a missão de orientar, cultivar, animar, articular a catequese nas diferentes regiões do Brasil”, disse. Ainda de acordo com ele, esse apoio no âmbito da formação é oferecido para os coordenadores que animam os diversos regionais.
“A experiência que tivemos uma vez na sede, em Brasília (DF), com adultos foi com funcionários e é algo extraordinário. Foi uma catequese aos funcionários que não receberam os sacramentos ou que desejavam ter uma formação continuada, uma formação permanente”.
Modalidade on-line e a pandemia
Em alguns lugares do Brasil, as dioceses estão oferecendo a modalidade on-line, em situação de emergência, de forma extraordinária, em tempos de pandemia. No entanto, padre Jânison ressaltou que essa forma é destinada àqueles que já estavam na catequese, fazendo sua caminhada de iniciação à vida cristã, de forma presencial.
“Diante do crescimento, do avanço da pandemia houve a modalidade virtual na tentativa de não deixar as crianças, os jovens e adultos sem acompanhamento. É importante destacar que esta foi uma forma de dar continuidade a um processo que já havia se iniciado dentro da comunidade de fé”, garantiu.
Padre Jânison mencionou que existem diversas experiências de catequistas que se reúnem com crianças, jovens e adultos (em diferentes plataformas on-line) ou até mesmo pela TV, como foi o caso de Belo Horizonte. Informou também que em Curitiba um percentual de 40% das paróquias aderiu a esse tipo de continuidade por meio de acompanhamento na modalidade virtual, mas sempre com a colaboração do catequista e principalmente da família.
“É importante percebermos que a catequese não pode ser comparada com uma disciplina de cursinho, com a continuidade das aulas na modalidade virtual das escolas. A Catequese é diferente! A catequese como ação evangelizadora a serviço da iniciação à vida cristã é um ato de natureza eclesial, que nasce do mandato missionário do Senhor e que está orientada, como seu nome indica, a fazer ressoar continuamente o anúncio de sua Páscoa no coração de cada pessoa, para que sua vida seja transformada (DC, 55)!”, reiterou.
É possível falar da mistagogia como fio condutor do processo de iniciação numa modalidade virtual? – Na opinião do padre Jânison a modalidade on-line é extraordinária e não ordinária, específica para o tempo de pandemia. “No próximo ano com certeza teremos vacina e as atividades serão pouco a pouco normalizadas e os catequizados voltarão de forma presencial”, disse.
Para ele, a forma on-line é apenas uma colaboração, um suporte, um apoio, uma ajuda, que não substitui uma catequese presencial, a convivência, a vida fraterna, a comunidade, o diálogo com o outro e a vivência do mandamento do amor.
Fonte: Site da CNBB