Missa da Ceia do Senhor abre Tríduo Pascal, período mais importante da Igreja
- Detalhes
- Quinta, 13 Abril 2023 12:51
Na noite da Quinta-feira Santa (6), a Igreja deu início ao Tríduo Pascal, que vai até a manhã do Domingo de Páscoa. Durante a celebração, chamada de Missa da Ceia do Senhor, é recordada a última ceia de Jesus com os apóstolos, durante a qual Ele instituiu a Eucaristia e o sacerdócio.
É também durante essa celebração que acontece o rito do lava-pés. Na Catedral de Juiz de Fora, ele foi realizado pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Gil Antônio Moreira, que presidiu a Santa Eucaristia. “O primeiro ponto dessa Missa da Ceia do Senhor na Quinta-feira Santa destaca a instituição da Eucaristia e do sacerdócio. Depois, o mandamento novo, que é sempre novo – ‘amai-vos uns aos outros como eu vos amei’ (Jo 13,34) – e a lição do lava-pés: Jesus lava os pés dos apóstolos para nos dar a lição da humildade e a disposição de servir. O cristão que não serve não é cristão, o cristão que não se preocupa com os pobres, com os pequenos, com aqueles mais necessitados, tem dificuldade para participar da Eucaristia, porque a Eucaristia é doação. Jesus deu a sua vida por nós.”
Ao final da Missa, aconteceu a transladação do Santíssimo Sacramento para a chamada Capela do Sepulcro, no salão paroquial da Catedral, onde permaneceu em adoração até o dia seguinte. “Ali, os fiéis são chamados a adorar o Senhor, que viveu e morreu por nós, mas está vivo na Sagrada Eucaristia”, afirmou Dom Gil. Também ocorreu a desnudação do altar-mor, que ficou sem toalha e velas. A partir deste momento, a igreja ficou escura e o sacrário, aberto e vazio. “Faz-se a desnudação dos altares para mostrar o momento em que Jesus ficou completamente despojado de tudo, inclusive das suas vestes”, explicou, ainda, o Arcebispo.
Rito do lava-pés
O Pároco da Catedral, Padre João Paulo Teixeira Dias, que concelebrou a Missa, explicou como foram escolhidas as doze pessoas que representaram os apóstolos. “Este ano, acompanhando o tema da nossa Campanha da Fraternidade 2023, que nos convida a pensar sobre a fome dos mais necessitados, a nossa Catedral Metropolitana, em todo o seu trabalho pastoral, convidou os agentes envolvidos nesta área da caridade, realizando, assim, um gesto de agradecimento a tantas pessoas, membros das nossas comunidades, movimentos, pastorais, associações, que com muito amor se dedicam aos mais necessitados.”
O sacerdote ainda refletiu sobre como o gesto de Jesus pode ser repetido nos dias de hoje. “Creio que são duas perguntas importantes que fazemos: se somos capazes de lavar os pés de outras pessoas, pois Jesus nos ensinou a amar o próximo, mas também o gesto de saber acolher este gesto, quando muitas vezes nós estamos necessitados de receber o amor do próximo. Lavar os pés significa amar. Amar significa deixar tempo neste tempo em que vivemos de tanta pressa, de tanta correria; amar significa respeito, atenção, gesto de gratidão; amar significa encontrar em casa, na nossa família, aquela palavra que conforta, que agradece, que diz bom dia, boa noite; amar significa ter paciência na correria do nosso trânsito, ter paciência na realidade do nosso trabalho e especialmente nos meios sociais, para pensarmos que somos de Cristo e que precisamos cristificar este mundo a partir das nossas ações, dos nossos gestos, das nossas palavras. São pequenas atitudes, mas que na verdade simbolizam a nossa fé e o nosso desejo de seguir os passos de Jesus até a glória, até a Páscoa e a eternidade.”
Ronaldo Lamarca e Jeksonlley de Paula estiveram entre as pessoas que representaram os apóstolos. “Foi uma emoção muito grande, uma satisfação imensa representar um dos discípulos de Jesus”, contou Jek, coordenador do Terço dos Homens da Catedral. O grupo distribui cachorros-quentes para pessoas em situação de rua após a oração do terço, semanalmente. Ronaldo, por sua vez, tirou o gesto do lava-pés como exemplo. “Faz-nos ser servos, que é a nossa função de servir aos outros. Então, que nós tenhamos essa consciência de servir ao próximo, que é o que nós fazemos no SOS Cristão.” Este movimento oferece cestas básicas todos os meses a famílias previamente cadastradas.
O rito do lava-pés também contou com a participação de mulheres. Uma delas foi Maria Isabel da Silva, representando o Instituto Fênix, que distribui marmitex para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Paroquiana da Catedral há 67 anos, esta foi a primeira vez que ela esteve na cerimônia. “Eu senti muita emoção, porque quando Dom Gil veio lavar meus pés, eu senti mesmo Jesus fazendo aquele gesto, como Ele fez há tantos anos atrás.”
Áurea da Conceição Nascimento, que faz parte do Grupo São José há quase trinta anos, afirmou sentir-se orgulhosa por representar, pela primeira vez, um dos apóstolos de Cristo. “A caridade é a parte principal da religião. Não adianta rezar se você não fizer a caridade. Então, o que a gente faz no Grupo São José é com muita dedicação, com muito carinho, com muito gosto, com muito capricho.” A partir de doações, ela e outras voluntárias produzem enxovais de bebê, destinados às mamães que não podem comprar esses itens.
Fonte: site da Arquidiocese de Juiz de Fora