Encontro Arquidiocesano reúne agentes da Pascom
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- Quarta, 09 Novembro 2022 13:12
Mais de cem agentes da Pastoral da Comunicação (Pascom) de diversas paróquias da Arquidiocese de Juiz de Fora, representantes de todas as 12 foranias, se reuniram no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio para um encontro de formação e espiritualidade, no último sábado (5). O evento integra um dos enfoques da segunda fase do II Sínodo Arquidiocesano, que é a reformulação pastoral, respondendo às exigências do tempo moderno. A Catedral marcou presença no encontro.
A programação teve início com as boas-vindas do Reitor do Seminário e Vigário Episcopal para Educação, Comunicação e Cultura, Padre Antônio Camilo de Paiva, que ressaltou os novos hábitos e a ressignificação da Comunicação trazidos pela pandemia do novo coronavírus e facilitada pela era digital. Em seguida, o sacerdote passou a palavra para o Arcebispo Metropolitano e Bispo Referencial da Comissão Episcopal para Comunicação e Cultura do Regional Leste 2 da CNBB, Dom Gil Antônio Moreira. “O objetivo desse encontro é fazer uma análise e uma reformulação da pastoral no campo da Comunicação. Eu estou muito feliz porque vieram muitas pessoas, de quase todas as paróquias. É um dia de formação, espiritualidade, revisão e programação. Isso é muito importante para a vida da nossa Igreja Particular de Juiz de Fora”, disse Dom Gil.
Na sequência, o Padre Rafael Nascimento deu início a um momento de espiritualidade, convidando os participantes a um tempo de intimidade com Deus. Após a leitura atenta da Palavra, ele refletiu a mensagem do Evangelho e propôs um instante de partilha, provocando os agentes da Pascom a pensarem sua vocação e missão como portadores da Boa-Notícia. Segundo o sacerdote, na caminhada da Igreja é importante conjugar a vida contemplativa com a vida ativa. “Ninguém pode só evangelizar, só viver do apostolado, e também nem só rezar, nem só estar ali na contemplação. É preciso unir essas duas dimensões: vida de oração e vida de missão. Assim é também a vida de um pasconeiro, de um membro da Pastoral da Comunicação, que não é simplesmente uma assessoria técnica de comunicação, mas é um serviço de evangelização. Cada um que se coloca na missão de ser porta-voz da Boa-Notícia precisa ter momentos de oração com a Palavra de Deus, momentos de adoração para alimentar essa intimidade e transbordá-la na evangelização e na comunicação. A espiritualidade é o que move a vida da Igreja. Escutando a vontade de Deus, eu creio que nós seremos mais felizes e mais eficientes na evangelização, na missão, porque vamos transbordar aquilo que não é nosso, mas aquilo que vem do próprio Deus e chega aos corações das pessoas”, explicou Padre Rafael.
Ainda no final da manhã, o Vigário Episcopal para Comunicação Social e Assessor de Imprensa da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Padre Arnaldo Rodrigues, se juntou ao grupo e proferiu uma palestra sobre os desafios e as possibilidades da comunicação na Igreja na era das tecnologias e das redes sociais. Em sua apresentação, ele abordou a comunicação não só do ponto de vista técnico, mas, sobretudo, da perspectiva histórica, ressaltando que as adversidades são sempre uma oportunidade. “Quando nós nos encontramos diante de um desafio da Igreja, seja em qualquer pastoral, mas especificamente na Comunicação, nós temos uma oportunidade de ser presença da Igreja. Eu creio que, como Igreja, nosso principal desafio hoje é ser presença realmente nos meios de comunicação, nas mídias e nas redes sociais, que é onde temos um relacionamento com as pessoas que estão do outro lado da tela do computador e do celular, onde também estão os nossos paroquianos, os jovens, as crianças, as famílias. Ou seja, como criar um relacionamento, mas ser uma presença realmente de Igreja enquanto líderes, membros, povo de Deus”, afirmou Padre Arnaldo.
A programação da tarde teve início com um bate-papo com o empresário, professor e psicopedagogo Vaguiner Martins, especialista em marketing para mídias sociais. Em clima de descontração, o profissional refletiu sobre o papel das redes sociais na Pascom. “Tudo o que busca agregar, gerar valores de união, é importante para a Igreja porque ela preza muito a comunhão. A questão está em como nós usamos a união que já existe nas redes sociais a favor da fé. Acredito que, se nós usarmos uma linguagem muito profunda e ao mesmo tempo atual, não digo em matéria de gírias, mas no sentido de soluções que a Igreja sempre leva para beneficiar a todos, será uma ferramenta muito boa para ajudar a Igreja Católica a evangelizar, especialmente em Juiz de Fora, que já tem um aporte missionário e evangelizador digital muito grande, com a Rádio Catedral, a WebTV e com todas as pastorais que estão ativas. Uma prova disso é o que vimos hoje aqui: centenas de pessoas no Seminário Arquidiocesano para aprofundar e construir melhor essa rede de relacionamento e, ao mesmo tempo, essa comunicação forte e abrangente”, ressaltou Vaguiner.
Outra presença marcante no Encontro Arquidiocesano foi a do Coordenador Nacional da Pascom e membro do Grupo de Reflexão sobre Comunicação da CNBB, Marcus Tullius, que falou sobre o papel da Pascom e sua implantação nas paróquias e na Arquidiocese. “A gente caracteriza a Pastoral da Comunicação como presença e ação da Igreja nos ambientes comunicacionais. Geralmente, nós conhecemos a Pascom por aquilo que ela faz: a transmissão, geração de conteúdos para as mídias digitais e outras formas de comunicação. Mas, onde existir iniciativa de comunicação na vida da comunidade da paróquia, a Pascom deve se fazer presente. Então, ela é a pastoral do ser e do estar em comunhão; não só uma pastoral para fazer, mas uma pastoral que está a serviço da ação evangelizadora de todas as pastorais, movimentos e organismos existentes na vida da paróquia”, explicou Marcus.
No espírito sinodal, o Coordenador Geral da Pascom destacou a importância da escuta e da comunhão na atuação dos agentes da Pastoral da Comunicação: “Se a Pascom olha somente para si, para aquilo que ela faz, para as suas atividades, ensimesmada, ela está longe de ser uma Pascom Sinodal. Ela deve parar e escutar a comunidade, a paróquia, e se propor a caminhar junto. Pascom Sinodal é como ser Igreja no ambiente da Comunicação, caminhando junto com as pessoas em espírito de comunhão e escutando uns aos outros”.
No intervalo, Marcus Tullius realizou uma sessão de autógrafos divulgando seu livro intitulado “Esperançar: a missão do agente da Pastoral da Comunicação”. Após a palestra, os participantes se dividiram em foranias para discutirem em grupo as dificuldades no campo da Comunicação, trocarem experiências e partilharem sugestões.
Pascom Arquidiocesana
Na conclusão do encontro, após a partilha entre os representantes de cada forania, foi formada a Coordenação Arquidiocesana da Pascom. “O dia de hoje foi muito importante também para a formação da nova coordenação da Pascom a nível arquidiocesano. A comissão da Pastoral da Comunicação, composta por representantes de cada uma das doze foranias, escolheu um coordenador arquidiocesano. Nós já temos o padre que vai ser o assessor, escolhido por mim, que é o Padre Rafael Nascimento, e temos o Vigário Episcopal para a Comunicação, que é o Padre Camilo”, informou Dom Gil.
A nova coordenação da Pascom Arquidiocesana ficou assim composta: Jéssica de Souza (Forania Santa Teresinha) como coordenadora; Raíssa Pereira Júlio (Forania Santa Luzia) como vice-coordenadora; Ana Carolina dos Santos (Forania São Miguel) como primeira secretária; e Leandro Augusto Ribeiro Junior (Forania Nossa Senhora da Conceição) como segundo secretário. Essa equipe será responsável pela organização do próximo Encontro Arquidiocesano da Pascom, marcado para 20 de maio.
Missa de envio
Encerrando o Encontro Arquidiocesano da Pascom, foi celebrada a Santa Missa na Capela do Seminário Santo Antônio, presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Gil. Na ocasião, ele agradeceu a Deus pelo dia intenso de aprendizado e apresentou a nova coordenação da Pascom Arquidiocesana, que recebeu uma bênção especial.
Em sua homilia, o Pastor da Igreja Particular de Juiz de Fora recordou a Solenidade de Todos os Santos, celebrada no dia 1º de novembro e, no Brasil, relembrada no primeiro domingo seguinte a essa data. Refletindo o Evangelho segundo Mateus (5,1-12), o Arcebispo encorajou os agentes da Pascom com as seguintes palavras: “Quer ir para o céu? Quer ser santo? Suporta com paciência e coragem os problemas. Trabalhe com toda a intensidade de seu coração, pela via do amor, para que todos encontrem a paz, a justiça e a fraternidade. E viva, de fato, pelo amor a Deus e ao próximo.”
Incentivo na caminhada de fé
Apesar de todo o sofrimento que a pandemia causou, ela proporcionou novas experiências e iniciativas comunicacionais, através das quais foram abertos novos horizontes para a Pastoral da Comunicação. Nesse contexto, o Pastor Arquidiocesano apontou a Pascom como um setor indispensável em todas as paróquias, colaboradora, portanto, da missão evangelizadora. “Como Deus tira do mal o bem, tira das pedras do caminho os filhos de Abraão, a pandemia também gerou coisas boas nesse período. Uma delas foi justamente o despertar de novos agentes, da utilização de novas técnicas de comunicação. Isso é muito importante para a vida da Igreja. Isso representa para o futuro um novo tempo, com novas pessoas, novas técnicas, novas iniciativas. Por isso, é importante que cada comunidade, cada paróquia, tenha a sua equipe de Pastoral da Comunicação. Sem isto, fica muito difícil fazer a evangelização que nós pretendemos”, afirmou Dom Gil Antônio.
Para encarar esse novo tempo, é preciso coragem e sobriedade, como disse Padre Arnaldo: “Coragem para olharmos os desafios e nos lançarmos a fim de fazer um bom trabalho de evangelização, para continuar a levar a Palavra através dos meios de comunicação. E também ter uma certa sobriedade para entender que ninguém é obrigado a pensar igual a nós. Temos que mostrar que há uma proposta e que a mesma não é imposta a ninguém, seja no ambiente digital, seja no ambiente físico. A gente proporciona o encontro entre a pessoa e Deus e entre a gente.”
Para o Padre Antônio Camilo, a comunicação é um eixo integrador de toda a vida pastoral da Igreja e o que faz compreender o processo de evangelização. “Para haver comunicação, o que ouve deve entender a intenção de quem fala. Então, uma comunicação bem feita vai levar a Igreja a entender os vários processos de pastoral e também de encontro, para que possa levar a uma efetivação daquilo que se espera de uma Igreja que seja comunidade de salvação”, declarou o Vigário Episcopal para Educação, Comunicação e Cultura. Segundo ele, alguns estudiosos afirmam que a Igreja é a alma da sociedade e, como tal, ela deve dinamizar a vida e ser um pêndulo entre aquilo que é legitimamente humano e o que é designo de Deus. “O comunicador é alguém que aproxima essas duas realidades e que faz elas convergirem, fazendo, de fato, um processo que dê frutos. Os instrumentos são apenas para ampliar a voz, o talento e a criatividade humana. Quem de fato comunica é o homem. Os instrumentos estão a serviço dele, não o homem a serviço dos instrumentos. Então, entender isso vai ajudar a gente a perceber que todo ser humano é comunicação, assim como Deus é comunicação.”
A consciência de que comunicar não é apenas um trabalho técnico, mas também evangelizador, foi percebida pelo agente da Pascom da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Bairro Francisco Bernardino, Guilherme Viana. Segundo ele, o Encontro Arquidiocesano esclareceu e ampliou o conceito de Comunicação. “O evento foi muito proveitoso, pois pudemos conhecer melhor as funções da Pascom, que vão além de fotos e transmissões. Tivemos uma visão mais ampla, conhecendo e explorando todo o conhecimento passado pelos palestrantes para agregar ainda mais em nossa vida pastoral. Eu levo para a minha comunidade a reflexão de que temos que levar a sério o que estamos fazendo, que não é algo superficial, mas temos a potencialidade de alcançar muitas pessoas.”
Para o jovem e todos os demais agentes da Pastoral da Comunicação, o Coordenador Nacional da Pascom deixou um recado especial: “A mensagem que eu deixo é uma mensagem de esperança! A esperança, como o Papa Francisco diz, é a mais humilde de todas as virtudes. Às vezes, a gente dá uma desanimada no caminho, pensa em desistir, encontra obstáculos, mas a esperança está ali para não nos fazer desistir, para nos mostrar que é possível e é preciso recomeçar sempre. Ela nos ajuda a ver o sentido da nossa missão. Então, aqueles que vieram participar deste encontro de todas as paróquias da Arquidiocese devem sair daqui com o coração renovado e abastecido para voltar às suas bases e fazer um excelente trabalho de comunicação”, disse Marcus Tullius.
Fonte: site da Arquidiocese de Juiz de Fora, com colaboração de Brenda Melo – Jornal Folha Missionária